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ECONOMIA

Um novo horizonte: Náutico, Santa Cruz e Sport entre os 30 mais saudáveis financeiramente

Levantamento com balanços de 2013 dos clubes brasileiros cita os três grandes de PE

postado em 23/12/2014 09:56

Pedro Galindo /Especial para o Diario

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A melhor maneira de um clube se manter competitivo no futebol é prezando pela sua saúde financeira. Com respeito às limitações orçamentárias e responsabilidade no cumprimento das obrigações. Se depender desse equilíbrio, os torcedores pernambucanos podem esperar dias melhores num futuro próximo. Num relatório divulgado pela Pluri Consultoria, com base nos balanços fiscais de 2013, os três clubes da capital aparecem entre os 30 com melhor saúde financeira no país.

O Sport é o destaque absoluto entre os três. Apesar de ter apresentado uma queda em relação ao ano de 2012, quando teve o segundo melhor Índice de Saúde Financeira (ISF) do país, o Leão está na lista como dono da melhor saúde financeira da Região Nordeste, e em quarto lugar entre os clubes do país inteiro. Turbinado pelas receitas que conquistou ao se garantir na Série A, pelo segundo ano consecutivo, o Náutico é o segundo pernambucano a aparecer na lista, na 16ª posição, enquanto o Santa Cruz é o 24º, ambos uma posição acima do ano anterior.

Dívidas

Apesar do bom resultado apresentado pelos três clubes, o relatório também trouxe alguns dados preocupantes. Como o endividamento e a relação desse passivo com as receitas de cada um deles. O Tricolor, por exemplo, tem em dívidas mais do que o triplo de suas receitas do ano de 2013. Essa proporção também é crítica no caso do Náutico, que tem débitos equivalentes a quase o dobro das receitas que recebeu no ano passado. O Sport também é o clube que mais se destaca entre os pernambucanos nesse aspecto, com apenas 34% de seu orçamento comprometido.

Nando Chiappetta/DP/ D. A Press
Orgulho rubro-negro
Os números foram recebidos com muito orgulho pelos dirigentes rubro-negros. “O que levou o Sport a conquistar esse posto foi uma administração séria, vigorosa, responsável, que não é mérito de Martorelli apenas. Isso vem de lá de trás. Foram medidas de austeridade que foram adotadas pelo clube”, afirmou Arnaldo Barros, vice-presidente executivo.

Ele também lembrou que o clube já promoveu mudanças no seu próprio estatuto, a fim de garantir que essa conduta responsável seja mantida por gestões futuras. “O Sport não gasta além do que recebe, só contrata o que pode pagar. Isso culminou com uma alteração estatutária para obrigar o gestor a respeitar esses acordos que forem feitos, sob pena de ficar caracterizado o descumprimento do estatuto, o que significa impeachment. Então, se um gestor não respeitar com rigor essas obrigações, ele pode ser demovido do cargo”, alertou.

Ivan Melo/Esp DP/D.A.Press
Realidade tricolor
Para Constantino Júnior, diretor de futebol do Santa Cruz, os resultados expostos no relatório refletem o trabalho que tem sido desenvolvido pelo grupo que vem gerindo o clube ao longo dos últimos seis anos. “A gente quer muito mais, pela grandeza do Santa. A gente passou muito tempo parado no tempo, teve um período de dificuldade muito grande, e é gratificante saber que o trabalho de arrumação deu resultado”, pontuou.

O dirigente aproveitou para reforçar o discurso contra a desigualdade na distribuição de cotas no futebol nacional, mas reconheceu que, no momento, não há outra saída que não lidar com essa realidade para melhorar ainda mais a saúde financeira do clube. “Infelizmente, a gente tem um país onde as cotas são desiguais, a distribuição de renda é totalmente desigual, mas a gente tem que saber se adaptar a isso para arrumar a casa ainda melhor e ir galgando passos”, afirmou.

Gil Vicente/DP/D.A Press
Estranheza alvirrubra
Apesar de aparecer bem no relatório da Pluri Consultoria, o Náutico atravessa um momento bem diferente do que viveu em 2013, quando teve o maior faturamento da sua história algo em torno de R$ 48 milhões. As dificuldades financeiras vêm sendo o grade obstáculo da gestão de Glauber Vasconcelos, que declarou receber o levantamento com “estranheza”.

“Eu só posso receber com a estranheza de que o Náutico perdeu valor patrimonial no ano que teve a maior receita de sua história. Quem tem que explicar isso é o ex-presidente”, alfinetou se referindo a Paulo Wanderley.

Glauber ainda foi mais longe em sua análise e fez um paralelo com a péssima situação encontrata pela sua gestão. “Isso só comprova a dificuldade que nós encontramos. Estamos devendo salários porque tivemos que honrar diversos compromissos que foram deixados em aberto”, enfatizou o atual presidente alvirrubro.

Futuro animador
Para o jornalista Erich Beting, especialista em marketing esportivo e editor do site Máquina do Esporte, o Sport aprendeu com os erros de sua história recente, mais especificamente no ano em que disputou a Libertadores. Ele disse ver um cenário otimista para os clubes pernambucanos, com o Leão “puxando a fila” da responsabilidade financeira no estado. E com os três clubes alçando voos bem mais altos.

“Ir para a Libertadores fez mal ao Sport. O clube teve que gastar mais dinheiro com contratações para jogar a competição, e aí se quebrou. Mas agora não, o Sport percebeu, entendeu e se acertou. Daqui a pouco, o Náutico e o Santa vão entender e entrar nisso também. São clubes que vão, nesses primeiros anos, lutar pra se manter numa Primeira Divisão e, dali a um tempo, eles começam a beliscar uma vaga na Libertadores de vez em quando. Mas vai ser muito difícil, até porque é muito complexa a questão da grana para você conseguir brigar por títulos”, opinou.