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A Fórmula 1 volta no tempo para tentar recuperar os bons resultados de antigamente

Mudanças no regulamento deixam carros mais rápidos e semelhantes aos pilotados em 2007. Na expectativa de mais emoção e quebra de recordes, Mundial começa na madrugada de hoje

postado em 25/03/2017 08:00 / atualizado em 24/03/2017 23:51

A dimensão maior dos pneus, a asa dianteira mais larga e a traseira mais baixa e o resgate das “barbatanas de tubarão” — proibidas desde 2012 — deixaram os carros da temporada 2017 da Fórmula 1 mais parecidos com os pilotados em 2007 do que com os de 2016. O retorno ao passado, porém, está longe de ser uma coisa ruim. As alterações derrubaram os tempos de volta dos carros na pré-temporada a números próximos de 5s em comparação com os modelos que competiram na edição anterior. 
 
As alterações que estreiam no GP da Austrália, marcado para as 2h de amanhã, aumentam a pressão aerodinâmica que os carros sofrem, gerando, consequentemente, mais atrito dos pneus com a pista. Somando-se isso às mudanças aerodinâmicas e ao assoalho maior que têm neste ano — passaram de 1,4m para 1,6m —, os monopostos proporcionarão mais estabilidade para que os pilotos demorem a frear nas curvas. É nesse atraso na frenagem que os preciosos segundos são economizados. 
 
 
 
Uma mostra do que os carros podem render foi dada por Kimi Räikkönen nos testes coletivos feitos pelas escuderias no circuito de Barcelona, na Espanha. O piloto finlandês cravou o tempo de 1min18s634 com a Ferrari — melhor volta da pré-temporada. Para efeito de comparação, o melhor tempo nos testes de 2016 foi de 1min22s765, uma diferença de 4s131. No GP de Barcelona daquele ano, o inglês Lewis Hamilton conseguiu a pole com 1min22, tempo 3s366 maior que o de Räikkönen. 
 
E todo esse ganho ocorreu sem mexer nos motores. A principal mudança que eles sofreram foi em relação aos ajustes que as equipes podem realizar. Este ano, diferentemente da temporada passada, os desenvolvedores da unidade de potência podem continuar trabalhando no progresso da performance dos carros até o fim da competição. Porém, o número de motores que cada piloto pode usar durante a temporada diminuiu. Sebastian Vettel e cia. podem usar até quatro unidades, uma a menos do que na competição de 2016.
 

Sob nova direção

 
As mudanças na categoria estão sendo conduzidas por Chase Carey, que busca recuperar o espaço perdido pela marca nos últimos tempos. Ele entrou na Fórmula 1 em setembro de 2016. O grupo Liberty Media — conglomerado de mídia detentor de empresas como a Time Warner —, para o qual trabalha, fechou a compra de 18,7% das ações pertencentes à CVC Capital Partners, empresa que controlava a categoria desde 2006. O negócio foi fechado por cerca de R$ 25 bilhões. 
 
 
 
Outra alteração importante foi a saída do britânico Bernie Ecclestone do comando da F-1 — posição que ocupou por 40 dos seus 86 anos. Chase Carey assumiu o controle total da categoria em janeiro deste ano. Atualmente, Ecclestone ocupa o cargo de presidente honorário. 
O Liberty Media assume a F-1 num momento em as corridas já não chamam mais a atenção como antes. Segundo dados obtidos pelo portal UOL no ano passado, a audiência das corridas na TV Globo despencou 50% em uma década. O número de televisores ligados nas provas caiu de 47,8% em 2006 para 23,9% em 2015. Já o site britânico F1 Fanatic publicou, em 2016, que a audiência mundial das corridas diminuiu em um terço entre 2008 e 2015, o que representa cerca de 200 milhões de fãs. 
 
Pouco tempo depois de concluir a operação de compra, o Liberty Media apresentou um plano para recuperar o espaço perdido pela categoria. O grupo aposta na promoção da Fórmula 1 como esporte e marca por meio de uma melhor distribuição do conteúdo, especialmente on-line. Aumentar o número de parceiros é outro ponto, inclusive patrocinadores. Para isso, a empresa norte-americana confia no know-how que detém no meio. 

*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa

 

Entenda o que mudou

As principais mudanças nos carros da F-1 estão nas dimensões dos pneus e das asas. Os pneus dianteiros ficaram 4cm mais largos. Nesta temporada, medem 30,5cm de largura em contrapartida aos 24,5cm de 2016. Já os traseiros cresceram 8cm: saíram de 32,5cm para 40,5cm. As asas também foram espichadas. A dianteira tem 18cm de largura — a de 2016 media 16,5cm. Já a traseira, que era de 70cm no ano passado, está 20cm maior. Além disso, ficou mais baixa: de 95cm de altura na temporada anterior para 80cm neste campeonato. 
 
As dimensões maiores, claro, aumentaram o peso dos carros. Eles ficaram 20kg mais pesados — têm agora 722kg. A quantidade de combustível necessária para movê-los e garantir uma aceleração mais intensa nas curvas também cresceu. Desse modo, o regulamento da F-1 prevê que cada piloto pode gastar 105kg de gasolina por corrida, cinco a mais do que na temporada passada. 
 
Os motores não mudam, serão os mesmos da última reformulação da categoria, em 2014: com 1,6 litro, turbo e com dois sistemas de recuperação de energia (kers, na sigla em inglês). O MGU-H recupera energia dos gases de exaustão que giram a turbina do compressor. Já o MGU-K recupera a energia das frenagens. As “barbatanas de tubarão” têm a função de limpar o ar que chega à asa traseira dos carros.