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Sem autódromo, presença do DF na Stock Car está nas mãos de dois pilotos

Guga Lima e Lucas Foresti representam Brasília na principal categoria de turismo do Brasil

postado em 15/04/2017 06:00 / atualizado em 14/04/2017 18:18

Com o Autódromo Internacional de Brasília novamente fora da temporada da Stock Car, devido à reforma ainda não concluída, a única ligação da capital com a categoria neste ano serão os dois pilotos representantes do Distrito Federal. O mais jovem do grid é Guga Lima, 20 anos, que recebeu consultoria do tricampeão mundial Nelson Piquet no início da carreira. O outro candango na série é Lucas Foresti, 24, na quarta temporada na Stock, revelado no kartódromo do Guará.

Vanderley Soares/Divulgação
A bem da verdade, Guga Lima é curitibano, mas vive em Brasília desde o primeiro mês de vida. A estreia no automobilismo veio aos 12 anos, no kart, em 2009. “Comecei a ganhar algumas corridas, me destacar. Numa delas, um cara que estava assistindo foi conversar com o meu pai e disse que eu levava jeito”, relembra Guga. Foi aí que se deu a consultoria de Piquet.

O pai do rapaz, Erickson Blun, conhecia o ex-piloto por causa do trabalho, em um hospital da capital, e contou a ele a respeito do filho. “O Nelson disse: ‘então vamos testar esse menino com um cara de confiança, a gente vê se ele leva jeito ou não’. Fiz o teste e passei. Foi com o Dibo, que é o meu preparador até hoje”, conta Guga. “Comprei macacão e capacete. O Nelson indicou tudo, não conhecíamos nada”, completa.

Dibo Moisés Neto é o grande revelador de talentos da capital. Pelas mãos dele, passou, por exemplo, Felipe Nasr, representante de Brasília na Fórmula 1 entre 2015 e 2016. O homem de confiança de Piquet também foi responsável pelo começo de Foresti. Ele ficou no kart até 2009, quando passou a correr na Fórmula 3 Sul-Americana. No ano seguinte, pilotou na Toyota Series, na F3 Inglesa e na GP3, além da F3 Sul-Americana.

A volta de Foresti para casa acabou antecipada por causa dos altos custos dos campeonatos europeus. Em 2013 e 2014, ele correu duas provas da Stock Car pela equipe Bassani. Os problemas financeiros, tão comuns no automobilismo, também atrapalharam Guga Lima. “O apoio de empresas brasileiras para pilotos lá fora é muito pouco. Chega-se a um ponto limite em que, se você não tem patrocínio, não consegue continuar”, relata Guga.

Fernanda Freixosa/Vicar
Lima passou pela Fórmula Renault, em 2012, e correu por quatro anos na Fórmula 4 antes de voltar ao país  para competir no Brasileiro de Turismo, em 2015. No mesmo ano, estreou na Stock Car pela equipe C2. No ano seguinte foi para a TMG Racing e, neste ano, corre pela Bardahl.

O que esperar deles

“Mudei de equipe e espero que seja um time melhor do que a do ano passado. Eu fui 19º colocado na temporada passada, entre 34 pilotos. Espero melhorar essa posição”, prevê Guga Lima. Já Lucas Foresti, na quarta temporada, pretende chegar a algum pódio. “Será a minha segunda temporada no mesmo time. É conquistar uma vitória ao menos”, avalia.

Na primeira etapa da temporada, em Goiânia, na semana passada, os brasilienses ainda não ficaram satisfeitos. Foresti chegou em 15º na primeira corrida da etapa e em 19º na segunda; ele ocupa a 20ª posição na classificação. Lima, que sofreu com problemas na direção, completou a primeira prova em 20º. Na segunda, Guga não conseguiu completar 75% das voltas, novamente por problemas no carro. Ele está em 25º na tabela geral. A próxima etapa da Stock Car está marcada para o fim de semana que vem, em Porto Alegre.

Autódromo interditado

As obras do Autódromo Internacional Nelson Piquet começaram em dezembro de 2014 e deveriam ficar prontas a tempo de receber uma etapa da Fórmula Indy, no ano seguinte. Porém, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) determinou a interrupção das intervenções após técnicos do órgão constatarem sobrepreço de R$ 35 milhões. Pelo contrato, a reforma para a Fórmula Indy custaria R$ 251 milhões.

Gabriel Jabur/Agência Brasília
Os trabalhos não foram retomados desde então. Além do cancelamento da etapa da Indy, a capital perdeu todas as etapas da Stock Car, da Fórmula Truck e do Campeonato Brasileiro de Marcas desde 2015, além de outras competições menores. Em janeiro, o GDF retomou a concorrência pública para terminar a reforma da pista do autódromo, que está 40% concluída. Os trabalho incluem asfalto, sistema de drenagem, sinalização e elementos de segurança. O orçamento é de R$ 15 milhões, segundo a Terracap.

A obra será executada pela Novacap, que ainda aguarda a finalização do processo licitatório. Assim, é impossível que o autódromo fique pronto a tempo para receber alguma prova importante nos próximos meses. “É torcer para ficar pronto. A pista é muito boa, bem localizado, no centro da cidade. Temos estrutura, só precisamos ter um autódromo bom e alguém que acredite nisso”, pede Guga Lima.

Por causa do cenário de abandono, Lucas Foresti teve de se mudar para conseguir treinar. “Goiânia virou minha casa para treinos e tudo, mas estou sempre com aquela esperança de voltar. Sempre quando começa o ano começa, sempre vem aquela pergunta: ‘Será que neste ano teremos o autódromo?’”, questiona Foresti. Só resta torcer — e cobrar.

*Estagiário sob supervisão de Braitner Moreira