Fred Melo Paiva
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Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk...

"Não se pode bobear: o gigante vem forte na final. Priorizou o Mineiro e vai querer atropelar"

postado em 22/03/2014 12:00

Fred Melo Paiva /Estado de Minas

Depois do triste empate do Galo na quarta-feira, vendo o Flamengo terminar a rodada da Libertadores em quarto lugar no seu grupo, concluí erroneamente que quem ri por último ri melhor. Na verdade, a quase eliminação do time da ditadura constituía apenas o meio da nossa risada. Uma risada amarela, é verdade, porque agora ficou mais difícil vingar 1981, quando perdemos a vaga para o maior Flamengo da história, com seu insuperável quarteto mágico formado por Zico, Nunes, José de Assis Aragão e José Roberto Wright.

A gargalhada última, pois, estava reservada para a quinta-feira. E foi de tal monta que teve até preliminar – o Brasil inteiro riu do “FluminenC”, derrotado pelo Horizonte, do Ceará, por 3 a 1 na Copa do Brasil. E dá-lhe o cântico que acompanhará o time da CBF onde quer que passe até que pague todas as suas promissórias: “Ão, ão, ão, segunda divisão!”. Melhor do que isso, só o patrocinador novo da Portuguesa, a fábrica de tapetes Tabacow. Kkkkkkkk...

Veio então o grande momento. De um lado, o gigante acordado, o Golias das Alterosas, o Shrek do Barro Preto. Do outro, o Defensor dormido, de bode, vindo deste Uruguai onde a erva agora pode ser queimada livremente. Incentivado pelo “Inferno celeste” – a recepção da torcida ao ônibus do time, composta por três sinalizadores e uma dezena de traques de festa junina –, o gigante parecia o filho do Eike: ia atropelar, como tinha previsto o diretor Alexandre Mattos sem medo de se tornar um Mattos queimado.

Ao som de “Vamos, vamos, Cruzeirô” e aos brados de “Aqui é Cruzeiro, p....!” – todos incluídos nos royalties que temos a receber pela franquia do inferno alvinegro –, o gigante abriu 2 a 0. Já se podia ouvir o grito entalado na garganta: “Vencer, vencer, vencer, este é o nosso ideal”. Mas infelizmente deu-se o primeiro gol do Defensor. E, aos 48 do segundo tempo, o empate que abriu o saco de risadas. Hahahahaha... Kkkkkkkkkkkkk... Hehehehehehe...

Agora, em terceiro no grupo, o gigante encontra-se num Mattos sem cachorro. Já Marcelo Oliveira finalmente conseguiu exercer a função para a qual foi contratado. Ano passado, infiltrado no Cruzeiro, acabou perdendo o comando do grupo e sendo campeão brasileiro. Agora, mais experiente, quer roubar meu papel no History Channel.

Com todo respeito ao Golias, na madrugada de sexta mal dormi de tanto rir da criatividade do atleticano no Twitter. Sério, tava uma maravilha aquilo lá – uma disputa de frases pra ver quem conseguia cunhar a mais engraçada. Em plena crise do texto, oprimido pelo audiovisual, deu-se ali um grande concurso de redação. Um figura escreveu: “Calma que eles ainda têm chance. O Boa pode não aguentar a pressão”. Kkkkkkk. Lembrei-me da minha amiga Nina Lemos, quando as manifestações de junho passado começaram a juntar neonazistas e saudosos da ditadura: “O gigante acordou e foi ao banheiro passar um fax”.

Se eu não dormi, tomara que Ronaldinho, Jô e Tardelli o tenham feito, porque tá na hora de acordar. Amanhã tem o primeiro jogo da semifinal do Mineiro contra o América. É importante vencer bem, porque desde a tomada do Independência está em curso o projeto de anexação do próprio América, onde Elias Kalil jogou basquete. Além disso, não se pode bobear: o gigante vem forte na final. Priorizou o Mineiro e vai querer atropelar.