Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

Anelka, seu trapalhão, seu Didi Mocó

"Agradecemos a você, meu caro, por não ter vindo. Porque você, se não é nazista, é cupincha da extrema direita francesa"

postado em 19/04/2014 08:42

Fred Melo Paiva /Estado de Minas

Eu nunca tinha ouvido falar de Anelka, esse francês trapalhão. É uma confissão corajosa, eu sei – mais ou menos como o comentarista político que um dia revela jamais ter sabido da existência de Charles de Gaulle ou François Mitterrand. Tenho ao meu favor um fato confesso em outras oportunidades: eu não gosto de futebol – eu só gosto de Atlético.

De modo que não assisto nada que não seja Galo, nunca vi uma partida do Barcelona, se assisti ao replay de meia dúzia de gols de Cristiano Ronaldo foi muito. Anelka, então, nunca vi mais gordo nem menos careca. Mas o que não faz uma tuitada do Kalil... Bastou que pipocasse sua mensagem, e antes mesmo de ir ao Google eu já elevava Anelka ao panteão dos imortais – à frente de Pelé, atrás apenas de Maradona, Reinaldo e Ronaldinho Gaúcho.

O meu sonho de estrela internacional sempre foi Verón, o maior embaixador do Galo na Argentina, atleticano desde 2009, quando protagonizou o épico Sonho de Uma Noite de Verón. Mas quem não tem La Brujita caça com Anelka mesmo. E em minha inocente empolgação, cheguei a procurar a diretoria do Atlético para sugerir que o craque vestisse a camisa 92, em alusão ao 9 a 2 eterno. Poucas horas depois, surgiria o crack naquele vídeo de sequestrador, com aqueles óculos de Grouxo Marx, avisando que a gente viajou na maionese.

Meu caro Anelka, seu trapalhão, seu Didi Mocó. Você não joga nada há três temporadas. Você nunca jogou nada, que eu já pesquisei. A França é um Ituano do futebol mundial, e ser titular da sua Seleção corresponde a ser banco do Galo, onde você certamente se sentaria pra assistir o Jô – o Jô, da Seleção Brasileira pentacampeã mundial.

Agradecemos a você, meu caro, por não ter vindo. Porque você, se não é nazista, é cupincha da extrema direita francesa. E aqui é Galo Marx, meu filho, aqui o Rei comemorava o gol com o punho fechado dos black panthers. Você, por sua vez, é preto e nazista ao mesmo tempo – ou seja, é burro. Além de passar férias no Kuwait. É como sair de Paris para uns dias na Coreia do Norte. Você é estranho, Anelka, e eu que não ia querer dormir no seu quarto na concentração.

Esperto foi o Cruzeiro, que no lugar de ficar inventando moda, apostou suas fichas em dois talentos que estavam bem debaixo dos nossos narizes – Fábio Pereira e Leandro Pedro Vuaden. Logo na estreia já levantaram um caneco. Pena que não puderam dar sequência ao trabalho, faltando no jogo seguinte. Aí danou-se tudo. Se bem que o planejamento era esse mesmo: priorizar o Mineiro, onde além de conquistar o América, você pode conquistar o Tombense, o Boa, o Guarani de Divinópolis. Muito mais vantagem.

Para a sequência da temporada, a gente espera que o Kalil tenha aprendido: o negócio é priorizar o Brasileiro, que é o sonho de todo atleticano, mirar-se no exemplo do Gilvan e largar a Libertadores pra lá. Tuitadas às 2h da manhã ficam proibidas. Como disse Leandro Amantéa, um seguidor do meu Twitter, acerca de Bernard e dos problemas na Ucrânia: “Não seria hora de resgatar o soldado Ryan?”. E o Verón, presidente? Com a camisa 92, vai...

No mais, começa hoje o Brasileirão – e fica aberta oficialmente a temporada de homenagens ao Fluminense: “Ão, ão, ão, segunda divisão!!!”. Quer dizer, terceira, né?

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