Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

A Recopa das Recopas

Agora é preparar o salão de festa que tem baile de novo na quarta-feira.

postado em 19/07/2014 12:39

Fred Melo Paiva /Estado de Minas

Caramba, meu amigo, eu já estava sentindo a síndrome de abstinência do crack com essa falta do nosso Galo. Copa do Mundo é futebol para os fracos, ludopédio lúdico demais para a minha alma carcomida, 100% Galoucura. É duro ter de assistir à Alemanha, à Holanda, à Argentina e à Selecinha quando se sabe, lá em seu íntimo mais interior, que o importante de verdade é Atlético e Guangzhou Evergrande. Ainda bem que tudo isso acabou e que o Podolski, enfim, largou do nosso pé.

Enquanto não se dava porém esse retorno triunfal do nosso Galo, tratei de me divertir com a minha corrente pra trás. Quem acompanha esta coluna sabe do meu desprezo pela Selecinha. Não, eu não torço contra por questão partidária, como fizeram os agora desaparecidos políticos do Não Vai Ter Copa e o pessoal da oposição ao governo. Minha questão é puramente o escudo: não visto nada que traga no peito as iniciais CBF. Daí pra torcer pra Argentina é um pulinho, ainda mais que atleticano torce até pra CT e prédio de categoria de base.

De modo que rachei o bico quando o caldo entornou daquele jeito com a Alemanha. E continuei rachando depois com a Holanda. Mas o melhor mesmo ainda estava por vir, com a cartinha da Dona Lúcia e o canastrão do Neymar chorando lágrimas de crocodilo. Lembrei da minha banda punk preferida, o Olho Seco. Pô, o cara namora a Bruna Marquezine e nem pra dar uma treinada com ela na frente do espelho, tipo o Robert de Niro em Taxi Driver? Ela já fez escola de atores, podia ser mais generosa.

E a entrevista do Marin com aqueles óculos da Cosa Nostra? E a psicóloga de porta de cadeia no Roda Viva? O Brasil inteiro achando que ela ia resolver nossa classificação, e me aparece uma desclassificada dessa. Meu Deus, é muita comédia, desse jeito o Porta dos Fundos vai acabar falindo – é concorrência desleal!

Mas graças a Deus que acabou (será?) e chegou a verdadeira Copa das Copas, a Recopa. A Recopa das Recopas! Sem patacoada, sem goleiro chorando na hora do pênalti, sem esse negócio de cruzeiro que resplandece, sem entrar no campo como presidiário quando acaba o motim, sem fazer o cabelo antes do jogo, sem amarrar coração na chuteira, sem muito orgulho, sem muito amor.

“Decime qué se siete”, e metemos logo o ferro, com esse Tardelli que é a cara, o futebol e a careca do Robben. Decime, atleticano, se você trocaria meio Tardelli por dois Oscares, três Hulks, cinco Freds. Decime, Felipão, você que derrubou o Palmeiras, gostava do Ricardo Bueno, mas amava mesmo o Berola – decime qué se siente vendo o Tardelli jogar. 100 gols, 100 gols...

De lamentável, apenas a abstinência do craque. Ronaldinho segue no estilo Oscar, com a diferença de que não o esqueceram em campo. O Levir tirou o homi e tem mesmo que tirar. Só precisamos combinar uma coisa: o máximo respeito a esse cara que mudou nossa história. Ronaldinho es más grande que Pelé!

Agora é preparar o salão de festa que tem baile de novo na quarta-feira. Impressionante minha performance no renovado palco da tragédia. Quatro vezes pisei lá: fui campeão mineiro, campeão da Libertadores, ganhei de 7 a 1 e vi um show do Black Sabbath – 100% de aproveitamento. Na quarta tem mais, se Deus, na pessoa de São Víctor, quiser.

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