DA ARQUIBANCADA
Que esse Godoy tenha sido a última cruz
Falta um camisa 10, falta Marcos Rocha sair do chão, Robinho voltar das férias. Falta exorcizar o encosto do Emerson Conceição que entrou no Fábio Santos
Fred Melo Paiva /Estado de Minas
postado em 11/03/2017 12:00
Não deu uma semana daquela peleja contra a Chape, e o atleticano já está de volta ao Dr. Scholl para remover novo calo no olho. Que coisa, hein, meu amigo...? Salvo engano, não houve um único chute a gol nos 90 minutos contra aquela URT da Argentina, aquele San Caetano de La Plata. Digo “salvo engano” porque foi uma pelada tão monumental que às vezes você desviava a atenção da TV e se perdia em devaneios outros, pensando na morte da bezerra. Minha mulher simplesmente dormiu – é uma sábia, além de cuidar de filho e fiscalizar preço de supermercado.
Os erros foram os mesmos da temporada anterior: defesa frágil,articulação inexistente e aquela preguiça danada, aquele banzo de férias na Bahia. Roger tem dois meses de trabalho e não se pode culpá-lo de nada, embora cornetas na veia tenham visto no título de Abelão o argumento para apontar o erro na escolha do treinador. Abelão acaba de levantar a Taça Guanabara. Nooooossa, é o supercampeão do primeiro turno do Estadual! Kkkkkk. Tipo o cara dar uma festa pra comemorar o teste no psicotécnico pra carteira de motorista.
Bom, cada um com seus problemas: enquanto Abelão é o Guardiola da semana e o Flamengo é o Barcelona (inclusive no apito amigo, vide um dos seus empurrando a barreira no gol de Diego, que garfada!), seguimos nós com as nossas carências. Falta um camisa 10, falta Marcos Rocha sair do chão, Robinho voltar das férias. Falta exorcizar o encosto do Emerson Conceição que entrou no Fábio Santos. Falta recuperar Maicossuel e Luan. Falta fazer o que o treinador pede, porque não é possível que seja isso que tamo vendo. E falta um mínimo de vontade, ô se falta – povo lá tá igual eu trabalhando sexta-feira à tarde. Dá 6h e cai a caneta.
Temos um mês até o próximo compromisso na Libertadores, quando jogaremos em casa contra uma agremiação boliviana chamada Sport Boys. Além de perros invadindo o campo e a Tropa de Choque posicionada para garantir cobrança de escanteio, a Libertadores tem sempre uns times com esses nomes improváveis: Newell’s Old Boys, The Strongest, Jorge Wilstermann. Que bom que falta um mês, melhor só se faltasse um ano. Ainda assim, é tempo suficiente pra se sentir alguma diferença. Vamo, Galo, pelo amor de Deus! Que esse Godoy tenha sido a última cruz que a gente teve que carregar nesta fase de grupos.
Pra afinar os cascos, temos aí a disputa da “Libertadores do Cruzeiro”, o novo naming right do Campeonato Mineiro. Neste fim de semana não tem Galo, e será preciso administrar a crise de abstinência. Mas calma: nova dose de ópio do povo será fornecida na segundona à noite, quando Atlético e Tupi jogam no Horto. É importante vencer para assegurar a liderança, já que o time do Barro Preto vem embalado pela importante vitória diante de Murici Ramalho, que equivocadamente eu imaginei ter se aposentado.
É importante vencer, mas ainda mais importante é evoluir, fazer o time começar a jogar bola. Neste momento, com as peças que temos disponíveis, isso significa principalmente fazer render a 10 de Cazares. Mesmo ateu (no máximo devoto de São Víctor), eu chamaria um pastor, converteria o Cazares. O Jô tem um lá, vamo pedir essa indicação. Ou ligaria pra mulher do Tardelli, foi ela quem deu um jeito nele. Há de ter uma amiga, uma parente em condições de operar o milagre da salvação. Amém.
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