Fred Melo Paiva
None

DA ARQUIBANCADA

A estrela amarela é nosso guia, e o título não nos faltará

O Galo campeão em cima do Cruzeiro é a própria greve geral a favor do povo

postado em 29/04/2017 12:00

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Em geral escrevo esta coluna na sexta pela manhã, depois de ouvir o Chico Pinheiro dar graças a Deus por este acontecimento semanal de elevada importância para a vagabundagem geral da nação. Sou obrigado, portanto, a me desculpar com o proletariado, os velhos e as crianças que pagarão o preço pelo desatino de uma geração: ontem eu trabalhei. Fui um reles fura-greve. Karl Marx que me perdoe.

Apesar do mea-culpa, a culpa não foi minha. A culpa foi do Galo, que finalmente resolveu jogar bola nos dois últimos jogos, contra URT e Libertad. Quando tá valendo, tá valendo! E não foi apenas bola: foi raça, luta, coração. Como poderia eu me abster de comentar, se desde a quarta-feira meu cérebro só se ocupa de Atlético.? Mesmo quando cito Marx, com o perdão do velho barbudo, sósia do homem lá em cima, o que me vem à mente é Marques. Marx & Guilherme – ainda haverá de haver uma dupla sertaneja revolucionária que leve esse nome.

Além de URT e Libertad, tem ainda a final do Mineiro, cujo naming right precisamos respeitar: não é Campeonato Mineiro, é “Libertadores do Cruzeiro”. Pois bem, estamos na final da Libertadores do Cruzeiro, por coincidência contra o próprio Cruzeiro, a zebra que finalmente alcançou a finalíssima depois de ter se acostumado a ficar pelo caminho, superado pela segunda e terceira forças de Minas. A saber, América e Caldense, respectivamente.

Mas, veja bem, não vou ficar tirando sarro do time do dia seguinte das minhas tigelas de açaí, o time do barro preto. Embora cético, ateu, descrente de óvnis e gnomos, sou supersticioso a ponto de me obrigar, nos jogos do Glorioso, a três sinais da cruz no início de cada tempo. E também em momentos fortuitos de intenso sofrimento. Ou seja, desafio qualquer padre ou pastor a ganhar de mim no ranking mundial de execuções de sinais da cruz. E nesse quesito sou uma espécie de Usain Bolt: rápido no gatilho, levo a cabo o sinal da cruz completo em frações cada vez menores de segundos.

Isso tudo pra dizer que não vou tirar nenhum sarro do Cruzeiro antes do clássico porque a estratégia não tem funcionado. Embora tremam, não grafarei com trema o seu nome. Não direi que tremem na linguiça, nem mesmo em grupos fechados de WhatsApp. Porque se Raul Seixas já dizia que Deus sabe tudo o que se faz dentro de um banheiro, imagina se não vai saber o que rola no WhatsApp. Se bem que é preciso ver se a criptografia é à prova de Deus.

De qualquer forma, fiquemos pianinho, porque quem fala demais dá bom-dia a cavalo. Deixemos que eles esperneiem à vontade contra a Federação Mineira, o tribunal que reduziu a pena de Fred, a PM e o que mais desejarem. Que culpa temos se o mundo inteiro é atleticano, de Janot a Dilma Rousseff? Façamos como Jair Rodrigues: deixe que digam, que pensem, que falem. Deixa isso pra lá.

Tá na hora de ganhar no jogo jogado, nas quatro linhas, na hora que a onça bebe água. O Atlético tem mais time que o Cruzeiro, tem mais torcida, mais história e mais camisa. Se tiver a raça e a luta e o coração que sobraram contra o Libertad, não será esse Time do Povo paraguaio que irá nos derrotar.

O Galo campeão em cima do Cruzeiro é a própria greve geral a favor do povo. Para tudo: os homicídios, os divórcios, as tretas com o patrão. O Galo campeão sempre foi, é e será um ato revolucionário em prol do amor, da justiça e da esperança no futuro. Atleticanos de todo o mundo, uni-vos: a estrela amarela é nosso guia, e o título não nos faltará.

Tags: atleticomg