Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

Este ano ninguém segura!

O problema é que tá ficando difícil zoar o Crüzëirö porque eles próprios passaram a dominar essa técnica com invejável excelência

postado em 13/05/2017 12:00 / atualizado em 13/05/2017 13:42

Bruno Cantini/Atlético
Trago notícias do meu exílio no Sul da Bahia, bem longe do Brasil, essa república de bananas (aqui é república de cocos e cajus, muito mais promissora, pelo menos em termos de caipirinha). Encontro-me numa vila erguida pelos jesuítas sobre a areia da praia. De forma que me transformei em croquete de tanto rolar de rir do Crüzëirö nesta semana.

Ave, Maria! Eu sei que você treme, mas agora evoluiu para a convulsão e o Parkinson. Quando você, caro leitor, se sentir derrotado na vida – aquela sensação de acordar certa manhã e, assim como Gregor Samsa, ver-se transformado no Aécio –, lembre-se: tem o Crüzëirö. Que, em conformidade com a mais recente atualização do Novo Acordo Ortográfico, escreve-se agora com tremas infinitas.

O IBGE mostra que há um total de mil habitantes neste pequeno distrito de Porto Seguro. Segundo meu próprio instituto de pesquisa, são 999 atleticanos e um crüzëirënsë – o eletricista que veio consertar o chuveiro. Chama-se Vinicius, ou seja, em meu imaginário estou desde o domingo passado zoando não apenas o único exemplar dessa espécie em extinção mas uma porção deles. Porque, como disse o próprio poeta acerca dos plurais de seu nome, Vinicius de Moraes eram vários – “senão seria Vinício de Moral”.

O problema é que tá ficando difícil zoar o Crüzëirö porque eles próprios passaram a dominar essa técnica com invejável excelência. Deviam respeitar a tradição secular do atleticano no exercício da tiração de sarro. Mas não é o que está acontecendo. Na esteira do sonho inconfesso de gritar Galo quando cai um copo no chão, o crüzëirensë agora tira onda do próprio Crüzëirö, podendo sentir aquele gostinho que sempre desejou experimentar. Veja se não é verdade. Num post na internet, Thiago Neves disse que ninguém ia segurar o Crüzëirö neste ano.

Na TV, Sobis apontou o time como favorito da Libertadores, “caso estivesse jogando o torneio”. Hahahaha. “Gostam de falar bastante”, deu bom-dia a cavalo um certo Diogo Barbosa. “Domingo veremos quem é quem.” Veio o domingo e o Galo foi campeão.

E eu continuo sem saber quem é Diogo Barbosa. Ao que parece, o lateral que acharam no bolso do Fred, do Robinho ou do Marcos Rocha. E a quarta-feira do Goulart, que a gente pensava que não existia? Ledo engano! Quarta-feira finalmente teve mais: “O único time invicto da elite do futebol mundial depois da derrota do Bayern” foi eliminado por um forte candidato à lanterna do campeonato paraguaio! Hahahaha.

Desce mais uma dose do meu Black Label de Foz do Iguaçu, que eu vou fazer de novo a dancinha do Mano Aqui na sala de casa! Nove anos sem título! Nove anos dançando! Já pode pedir vaga de bailarina do Faustão.

Nesta semana houve também a notícia de um pedido de penhora das taças do Crüzëirö a favor de um empresário com quem o clube teria uma dívida. As taças terminaram substituídas no processo por um Palio usado.

O América pelo menos tem uma Kombi nova para o transporte da totalidade de seus torcedores ao estádio. Se Vicentinho precisar, empresto meu Del Rey 1983 – a gente sabe que todo grande time precisa de um grande rival. A sequência de infortúnios (ainda falta a Chape) parece ter contagiado até as torcidas coirmãs: o São Paulo também acabou eliminado da Sul-Americana por um time com nome de facção de presídio, o Defensa y Justicia.

Só falta o Amigo dos Amigos, o Flamengo, perder hoje pro nosso Galo. E então teremos feito barba, cabelo, bigode, pelos da orelha e do nariz. A despeito de todos os acontecimentos tragicômicos desses últimos dias, é preciso conservar o respeito ao Tímido Povo.

Como já foi fartamente divulgado, depois de a Máfia Azul roubar e queimar uma bandeira da Galoucura, o Crüzëirö ganhou de novo a tríplice coroa: campeão no vôlei, no rouba-bandeira e na queimada. Mesmo a gente sabendo que errar é o Mano, nesse ano ninguém segura! Caicedo.

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