Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

O Brasil de 70, o Galo de Reinaldo, o Brasil de 82

Aliás, que quarta-feira, meus senhores! A casa desmoronando em Brasília e o Flamengo Classificadaço entregando a rapadura

postado em 20/05/2017 12:00 / atualizado em 20/05/2017 10:07

Bruno Cantini/Atlético
Do sábado passado até hoje, foi como se houvesse transcorrido não apenas uma semana, mas um semestre inteiro, tamanha a sucessão de fatos que me chegam ao conhecimento aqui na distante vila onde agora resido, no Sul da Bahia, fugido deste Brasil doidão e condenado à praia, ao bobó de camarão e à caipirinha.

Ao que parece, abriu-se finalmente a temporada de caça ao abominável homem das Neves. Estão no encalço, também, do nosso Drácula, que além da réstia de alho não pode mais com a carne da Friboi. Some-se a esses eventos a Libertadores e o Campeonato Brasileiro, ora a gente jogando, ora a gente secando, em ambas as frentes com implacável eficiência. O resultado é que não se pode mais dormir, ou você perderá algum lance. Minha indumentária agora é chinelo Havaianas, bermuda de surfe, camisa do Galo e um palito em cada olho.

Na pequena vila onde me encontro, a tecnologia, graças a Deus, é um problema. Desprovido de sinal, fui obrigado a ouvir nossa alvissareira estreia no Brasileiro pela voz do Caixa, sempre um inenarrável prazer. Não havia sinal também na terça-feira, e nem sequer o aplicativo da rádio funcionava. O jeito foi ler o jogo no site do Superesportes. Ler transmissão de jogo de futebol corresponde à fase do gim no alcoolismo: só os viciados no ópio do povo, em fase terminal, são capazes. É o meu caso. Não vi, li e venci.

Fui salvo dois dias depois por um link da íntegra do jogo no YouTube, que acompanhei numa janela enquanto, na outra, a casa caía. Que apresentação de gala! Que baile! Depois do minuto de silêncio mais bonito da história do futebol, em homenagem ao pai de santo, o que se viu foi futebol em estado de arte, o Brasil de 70, o Galo de Reinado, o Brasil de 82. Um dia direi aos meus netos: eu vi Pelé jogar. Eles farão a conta e dirão que estou mentindo. Insistirei: sim, eu vi Pelé jogar. Pelezares.

Pra quem sempre duvidou da quarta-feira do Goulart, esta semana foi a segunda consecutiva em que, de fato, teve mais. Muito mais. Aliás, que quarta-feira, meus senhores! A casa desmoronando em Brasília e o Flamengaço Classificadaço entregando a rapadura. Quando não tem Wright, dá wrong! Hahahaha. O Flamengo, o Temer, o Aécio e o Perrella eliminados juntos no último minuto é demais pra minha safena de atleticano sofredor. Desconfiado de que aquilo pudesse estar acontecendo apenas em Caraíva, fui até a praia e enviei uma mensagem na garrafa: “Ei, pessoal, tá rolando no Brasil também ou apenas aqui no universo paralelo?”.

Com os fatos à tona, pudemos compreender o gesto que o crüzëirënsë faz, mostrando os cinco dedos de uma mão e o fura-bolo da outra. Contabilizando seis de seus mais iminentes conselheiros enrascados na Lava-Jato, trata-se, na verdade, de um pedido de socorro. O único atleticano envolvido na operação é Rodrigo Janot, o procurador-geral da República, que manda prender. 6 a 1 pro Crüzëirö. Tá um baile – veremos qual o próximo a dançar.

Melhor mandante do Brasil, o Galo pode igualar amanhã o recorde de 12 vitórias consecutivas no Horto, registrado pelo time de Cuca entre 2012 e 2013. Números liberados agora pelo Ibope dão conta de que o Atlético ocupou em 2016 o primeiro lugar na audiência da TV fechada. Em praça importante como São Paulo, ficou em terceiro, perdendo apenas para dois paulistas. Os números do Atlético nos orgulham cada vez mais. Os 6 a 1 deixamos pro Crüzëirö.

Galo sempre, diretas já!

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