Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

Absorver as críticas, corrigir o rumo e, sim, lutar pra não cair

Com todo o respeito ao Micale, que não tem culpa de nada, a hora é de pensar em Cuca

postado em 12/08/2017 12:00

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
É, meus amigos, o mais tenebroso dos cenários acabou por se confirmar: o Atlético está fora da Libertadores, depois de ser eliminado implacavelmente na Copa do Brasil. Levou um baile do Botafogo. Foi batido por um time boliviano, contra o qual não fomos capazes de nem um golzinho sequer.

Eram favas contadas, vamos convir. Nos últimos cinco jogos do Brasileirão, o Galo perdeu quatro e ganhou um. Do Coritiba. Está a quatro pontos da zona de rebaixamento, jogando um futebol medíocre e dirigido por um técnico sem experiência. Só assistir à coletiva de Daniel Nepomuceno depois da última eliminação para concluir que é Deus no comando mesmo e mais ninguém.

Na ocasião do solitário triunfo, ocorrido ainda no mês passado, um diretor do clube foi às redes sociais ironizar os “analistas bizarros” que criticaram a gestão da qual faz parte: “Hoje sem seus likes...rs”. É como diz o outro, parte 1: o pior cego é aquele que não quer ver. É como diz o outro, parte 2: quem fala demais dá bom-dia a cavalo.

A gestão de Daniel Nepomuceno tem grandes acertos. Entre eles a ampliação do CT, o aumento expressivo dos sócios-torcedores, os estudos e a arquitetura financeira para a construção do novo estádio. Que, tomara, nossos conselheiros tenham o juízo de aprovar, porque além de significar a redenção financeira do Atlético, promete trazer de volta o povão – chamado hoje a comparecer apenas quando a vaca já está a caminho do brejo, num flagrante crime contra o patrimônio que é a Massa atleticana.

O problema do presidente concentra-se na gestão do time. Com o câncer de Eduardo Maluf, o Atlético teve a louvável atitude de não demiti-lo. Tampouco achou uma solução para preencher sua falta durante os longos períodos de tratamento. Abraçando obrigações para as quais não tinha competência, Daniel contratou mal, montou uma equipe cara e ruim, dispensou um técnico por semestre e terminou por perder o vestiário e o respeito do torcedor. Deu no que deu.

O presidente deveria denunciar e atacar os torcedores-bandidos que o ameaçam fisicamente, e que em duas ocasiões chutaram seu carro (numa delas, quando estava com os filhos). Sobre esses, no entanto, não se ouviu palavra. Os dirigentes do clube parecem mais empenhados em atacar seus críticos, quando deveriam absorver suas ponderações para fazer melhor. Sobre isso de o G-6 ser “obrigação”, parece piada. Como diz o outro, parte 3: para que tá feio.

No momento, é preciso, sobretudo, um pouco de humildade. A diretoria que aí está, incluindo a presidência do Conselho, é responsável em grande medida pelo renascimento do Atlético a partir de 2012. Tem crédito com o torcedor, desde que não se ache o próprio Deus no comando.

A hora é de fazer mea-culpa, corrigir o rumo e, sim, lutar pra não cair. Menos blá-blá-blá e mais sinceridade. Hora de começar a planejar 2018, com o imperativo de que há muita coisa a mudar. Com todo o respeito ao Micale, que não tem culpa de nada, a hora é de pensar em Cuca, o técnico brasileiro que melhor sabe remontar um elenco e prepará-lo para grandes conquistas.

A questão que se impõe é: como preparar 2018, se ao final deste ano haverá eleições para a presidência do clube, pelo visto sem Nepomuceno, decidido a não concorrer? Há dois sábados, neste mesmo espaço, comparei o Kalil a Lula e o Daniel a Dilma. Tomara que cessem aí as semelhanças. Que ninguém trabalhe para inviabilizar o clube como fizeram com o Brasil. E que não venha a nos aparecer um Michel Temer. Deus salve o nosso Galo desse tipo de rebaixamento.

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