O Galo ganhou duas seguidas. Benza Deus, é pra glorificar de pé! Até prova em contrário, não era Giovanni quem estava no gol contra o Internacional por essa Liga que não deu liga, conhecida também por Ninguém Liga. Era São Victor, encarnado igual a um Exu, possuindo aquele corpo que não lhe pertence. Saravá mizifí, nego véio, se não era São Victor era o Banks, o Dasayev, o Fillol.
E o Clayton fazendo gol, que coisa sobrenatural! Ave Maria, tremei, porque tamo chegando! Imagina mais uma final contra o freguês, quer dizer, freguês não, mais respeito por favor – cliente Prime, Personnalité. Tem gente desmerecendo a Liga, parece que não conhece a torcidugalo: meu amigo, se tem Galo a gente torce no BBB, no concurso de Miss, no debate presidencial, no desafio da garrafa. Eu mesmo só vejo o Bom Dia Brasil pra torcer pro Chico Pinheiro. Gaaaaaaaaloooo!!!
Com a derrota do Equador bolivariano para os coxinhas com camisa da CBF, ocorrida na quinta-feira, minha campanha “Corrente Pra Trás” segue perdendo adeptos e mais adeptos. Traidores! Aqui é Galo, contra a CBF sempre! Contra o escanteio curto e a pizza com borda de gergelim! Mas tirando o referido revés – e também o nosso 7 a 1 de todos os dias nesse Brasilzão em que ejacular no pescoço do outro dentro do lotação é tudo bem –, até que esta foi uma boa semaninha.
Dando um tempo nas lamúrias, podemos falar do que importa: o novo estádio do Galo, cuja construção será aprovada ou não no próximo dia 18, numa das votações mais importantes da história do Conselho Deliberativo do clube. Conforme já manifestado neste espaço, se eu fosse conselheiro votaria a favor do estádio. Aliás, seria tão enfático como aquela deputada do impeachment que votou contra a corrupção citando a honestidade do marido, e cujo marido honesto foi preso por corrupção: “SIM, SIM, SIM!!!”.
Durante os últimos anos, acompanhei com relativa proximidade os avanços nos estudos para a construção do estádio. Tudo foi feito com extremo cuidado, e deve-se dar o crédito ao presidente Daniel Nepomuceno. Da localização do terreno à concepção de um caldeirão capaz de intimidar o adversário como nenhum outro no Brasil, não há aresta que não tenha sido moldada a dois grandes objetivos: a redenção financeira do Galo e a volta do povão, desalojado das arenas desde as reformas para a Copa no Brasil.
Se o SIM for vitorioso, em três anos o Atlético será dono do melhor estádio do Brasil, porque não incorrerá nos erros de projetos da primeira geração de arenas. A Arena MRV estará totalmente quitada, ao contrário do que ocorreu com o Itaquerão. Diferentemente do Allianz Parque ou da Arena do Grêmio, 100% dos recursos obtidos com ingressos, bares, estacionamentos, camarotes e quaisquer outros serviços prestados no estádio do Galo serão do Galo. A casa própria, nesses moldes, é a chance de fazermos frente ao dinheiro da televisão que deseja transformar o Brasil numa Espanha em que só há efetivamente Real Madrid e Barcelona – aqui, Corinthians e Flamengo.
O argumento único dos que não querem o estádio é o baixo preço a que seriam vendidos 51% do shopping DiamondMall. O argumento é falacioso: o valor apurado é o melhor entre 51 candidatos inicialmente consultados. O preço é justo, ainda mais se considerarmos que o shopping center é um negócio em crise no mundo todo, abalado pelo avanço irrefreável das vendas on-line. A tese do baixo preço fica ainda menos defensável se pensarmos que, sem o estádio, MRV e BMG deixam de “doar” ao Atlético R$ 191 milhões entre terreno, naming right e compra de cadeiras cativas.
No dia 18, o SIM deve bater o NÃO por larga margem de votos. O risco de derrota está no tamanho da abstenção, ou seja, no número de conselheiros que possam por ventura faltar à votação. Eu vou fazer a minha parte, faça a sua também: vou ligar hoje mesmo pro meu primo, o Claudinho, e pro tio Zé Luiz. Ou votam SIM, ou serão desconvidados do próximo churrasco na tia Nívia. Abstenção será punida com eliminação no amigo-oculto do Natal. Ofereço o Uber.