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DA ARQUIBANCADA

Eu sou você amanhã

Às vezes fico pensando por que o outro lado da lagoa gosta tanto dos nossos ex-jogadores

postado em 29/03/2017 12:00 / atualizado em 29/03/2017 09:00

EM DA PRESS

Nesta semana foi anunciada a contratação do Marlone pelo nosso rival regional. Acho que deveria ser montado um programa do National Geographic para analisar esta migração que ocorre de tempos em tempos. Às vezes fico pensando por que o outro lado da lagoa gosta tanto dos nossos ex-jogadores. Acredito que seja uma certificação de boa procedência. Mas isso vai muito além de mergas negociações. Passa pela situação que eles, na verdade, gostariam de ser o Cruzeiro, mas não têm coragem de assumir. Fica aquela coisa meio Cazuza, que dizia não aguentar ser ele mesmo por 24 horas, por isso, gostava de beber. Deve ser muito difícil ficar o tempo todo com o modelo sofrência e acreditando em qualquer coisa. Ontem mesmo passei por uma situação interessante. Um amigo perguntou ao outro qual era o seu time. A resposta veio no modelo curriculum vitae, cheio de palavras de autoelogio. É muita baixa autoestima, bastava falar o nome do time.

Só no elenco atual eles têm Fred, Marlone, Maicosuel, Fábio Santos e Leonardo Silva. Na história, a lista é gigantesca. Claro que também contratamos jogadores que tiveram a infelicidade de jogar do outro lado da lagoa. Mas eles saíram de lá para finalmente poder conquistar títulos. Poderia citar Luizinho e Clebão, dois grandes zagueiros que nunca ganharam nada do lado de lá. O único título nacional que o Éder Aleixo ganhou foi vestindo a camisa cinco estrelas na Copa Brasil de 1993. Para fechar esta lista com chave de ouro, tiraram o nosso diretor de futebol, o Maluf.

Na vida temos que ter referências para nortear nossos passos, como qual empresa gostaríamos de trabalhar, quem são os nossos heróis e o que pensamos em conquistar. Mas este caso já passou dos limites. Deveria ser alvo de estudo, haver uma tese universitária ou se tornar um caso terapêutico.

Nosso atual prefeito, ex-presidente deles, perdeu a oportunidade de rebaixar o Cruzeiro naquele fatídico dia dos 6 a 1. A cada dia acredito mais na teoria da conspiração que afirma que o rebaixamento jamais aconteceria, pois somos o que eles desejam ser amanhã.

Mas não podemos abusar da sorte. Como já disse Aristóteles, o verdadeiro discípulo é aquele que supera o mestre. Estamos dando muito espaço, e, como esta coluna é lida somente por cruzeirenses, confesso que depois de jogos tenebrosos como os empates com Tombense e Uberlândia espero que o Mago Menezes consiga explorar todo o sentimento de rivalidade para aumentarmos ainda mais a vantagem nas estatísticas do Mineirão.

Fazendo referência a antiga propaganda de uma marca de vodca, temos hoje os títulos que eles desejam e estamos dando muita chance para que aprendam o caminho das pedras. Vitória no clássico será uma grata surpresa, pois ainda estamos devendo muito futebol.

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