Deixem Aguirre trabalhar

Outro dia encontrei alguns amigos atleticanos, criticando o trabalho de Diego Aguirre (foto), assim como parte da imprensa. Eles me perguntaram o que eu achava do treinador. Ao contrário da maioria, disse que gosto dos métodos dele e confio muito no que faz. Acho Aguirre moderno, diferente da mesmice dos brasileiros. Claro que erra, por exemplo, ao não manter Leandro Donizete como titular, mas, no íntimo, deve repensar e saber que se trata do único a marcar no meio-campo, dando proteção à defesa. Alguns pedem Rafael Carioca na Seleção Brasileira. Calma! Ele é bom jogador, mas não marca ninguém. Pediu ao técnico para atuar de primeiro volante, em vez de mais à frente. Júnior Urso marca um pouco melhor, mas também não é isso tudo. Mas é melhor mais na frente. Eu o escalaria ao lado de Donizete e tiraria Carioca. Mas é problema para quem ganha muito bem para isso.

Só acho que esta campanha contra Aguirre é ruim para o próprio Atlético. Trocá-lo por quem? Não há bom nome desempregado, os poucos que são estão comandando equipes. O atual treinador do Galo é trabalhador, inovador e conhece futebol como poucos. Não duvidem se ganhar o Mineiro e a Libertadores, cujos atalhos domina. E se não der certo em nenhum dos objetivos, não acho que seja motivo para demissão. Deixem-no trabalhar no Brasileiro. Engraçado: o Galo já manteve tantos técnicos enganadores, deixou até alguns ricos... Sei que o presidente Daniel Nepomuceno não mediu esforços para as contratações. Ele gosta e confia em Aguirre. Que ele não deixe que parte da mídia decida o futuro do treinador. Acredite na sua aposta. Deem tempo para Aguirre trabalhar, que os resultados virão.

Continuo a achar o grupo do Atlético o mais forte do país. Penso que Aguirre vai encontrar os 11 jogadores ideais para deixar o time perto do título da Libertadores. O Galo deverá ter a segunda ou terceira melhor campanha. Amanhã, no Mineirão, vai atropelar o Melgar. Não se iludam com a possível goleada, porque a equipe peruana é a mais fraca da chave, mas uma boa vitória, com o técnico achando o time certo, dará moral para as fases eliminatórias. Não dá para ter um meio-campo que não marca, principalmente quando se tem Robinho, Cazares e Lucas Pratto, que também não marcam. Aliás, o argentino é uma decepção para este colunista, que tanto o elogiou. Vontade, tem demais, mas falta fazer aquilo para o qual foi contratado: gols. E atacante que não faz gol está fadado ao banco. Não tenho dúvidas de que Aguirre sabe bem disso. Bater pênalti eu também bato, quero ver é marcar de cabeça, pé direito, esquerdo, de voleio, bicicleta, de canela. Não adianta fazer gols contra equipes de qualidade duvidosa e passar em branco em jogos decisivos. Tomara que seja o cara dos mata-matas e decida, mas precisa se explicar urgentemente.

Quanto a Aguirre, deixem-no trabalhar. Parem de fazer onda, ele já mostrou ser diferente. Fez bom trabalho no Inter, que se arrependeu de tê-lo demitido. Era pretendido por outros clubes brasileiros, mas optou pelo Galo, pela conversa olho no olho com Nepomuceno. Com alguns ajustes, o time vai se tornar o mais forte candidato ao título da Libertadores. Eu aposto. Estive com o técnico apenas uma vez, num almoço patrocinado pelo amigo Francisco Tomás, igualmente uruguaio. Fiquei impressionado com o conhecimento tático de Aguirre. Precisamos dar crédito aos treinadores estrangeiros, para que eles melhorem nosso futebol. Dos enganadores daqui, já desisti. Gente que ficou milionária pulando de clube em clube sem nada ganhar.

Eles se acham deuses
Os treinadores chegam aos clubes e se sentem deuses. Levir Culpi brigou com Ronaldinho Gaúcho no Atlético. Segundo Assis, irmão e empresário do craque, foi o responsável pela saída do armador. Brigou também com Diego Tardelli, mas fez as pazes. Agora, no Fluminense, fez o mesmo com o ídolo Fred. Não defendo aqui A ou B, mesmo porque esses caras ganham fortunas. Que se entendam ou se desentendam para lá. Mas que tem técnico que quer mandar mais que presidente, lá isso tem!