None

COLUNA DO JAECI

Classificadaço! 6 a 0!

Felizmente, temos visto uma nova safra de dirigentes que parecem cuidar realmente do clube, com seriedade, prestando contas aos conselheiros, ao torcedor

postado em 23/02/2017 12:00 / atualizado em 23/02/2017 09:14

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Eu escrevi na coluna de ontem que não aceitava outro placar que não fosse uma goleada do Cruzeiro sobre o desconhecido São Francisco. Nem mesmo o nome do santo salvou o time do Pará, que levou uma goleada histórica: 6 a 0. Rafael Sobis deitou e rolou, marcando quatro gols. Robinho e De Arrascaeta completaram a goleada. Com o resultado, o time azul avança à próxima fase da Copa do Brasil e espera com ansiedade o dia em que chegará às oitavas de final, para, aí sim, começar a pegar gente do seu tamanho. Esse tipo de competição serve para agradar a federações e a times absolutamente fracos. Faz parte do jogo. A partida foi no Mineirão, mas se fosse em Marte, Júpiter ou Saturno a goleada estaria sacramentada. Agora, o Cruzeiro volta as atenções para o Campeonato Mineiro, que nada acrescenta em sua gloriosa história. Enquanto isso, o América decepcionou mais uma vez e está eliminado da Copa do Brasil. Toma jeito, América!

E nosso futebol?

A gente que acompanha o futebol do mundo inteiro percebe que a cada temporada o futebol brasileiro fica mais pobre, menos criativo, menos atraente, agonizando mesmo. Basta assistir a um jogo da Liga dos Campeões da Europa para percebermos a distância abissal entre um e outro. Claro que nos grandes clubes de lá jogam os grandes atletas do mundo inteiro, mas é sabido que a organização, a qualidade, e os técnicos fazem a diferença. Sem contar que dirigente ladrão, que rouba dinheiro do clube ou leva vantagem em negociação de jogadores, é punido com cadeia ou banimento do esporte. Por que o Ministério Público não abre uma investigação para comprovar que dirigentes dividem com empresários o dinheiro da venda de jogadores?  Já passou da hora de abrirem uma investigação nesse sentido. Tenho certeza de que muitos dirigentes e ex-dirigentes serão desmascarados. É engraçado ver os clubes endividados, na bancarrota, e os dirigentes milionários. Será que vamos continuar a fazer vista grossa?

Michel Platini, ex-presidente da Uefa e que seria o natural sucessor de Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, está banido do futebol por oito anos por ter recebido propina de 3 milhões de euros. Blatter também foi banido, assim como seu secretário-geral, Jérôme Valcke, um dos grandes gângsteres. Vários dirigentes de confederações estão na cadeia. Só vi um dirigente ir para a cadeia, por roubo, e mesmo assim por pouco tempo: Edmundo Santos Silva, ex-presidente do Flamengo. Na época, ele declarou: “Estão me tratando como um bandido comum”. Ele tinha razão. Quem é suspeito de roubar US$ 80 milhões não pode mesmo ser um bandido comum. Mas, como a maioria das coisas no Brasil, nada ocorreu com ele. Com certeza, está gastando o produto do roubo em festas e viagens. É assim que os bandidos brasileiros fazem, haja vista o ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Esse gostava de presentear com joias caras, tinha até parceria com joalheria. Segundo o colunista Ancelmo Gois, dos mais conceituados, Cabral teria confessado a um colega de cela que “exagerou no roubo”. Ainda bem que admitiu. Se o Brasil está mesmo mudando, ele ficará o resto da vida na cadeia.

No passado, tínhamos os grandes craques, normalmente dois por posição em cada clube. A arte e o malabarismo de jogadores como Joãozinho, Zico, Reinaldo, o saudoso Mário Sérgio, nos faziam olhar apenas para o gramado, sem nos importar com o que ocorria fora. Com o empobrecimento do nosso futebol, a falta de craques – hoje não temos nenhum no futebol brasileiro –, passamos a enxergar o que realmente ocorre nos bastidores, na podridão que é o futebol. Já ficamos sabendo de jogos comprados, placares combinados, árbitros vendidos. O que falta mais para perceber que somos enganados a cada dia? Bandido tem em todo lugar, porém, o que transforma o Brasil no país da chacota é a impunidade. Tivesse Edmundo Santos Silva na cadeia até hoje duvido que outros dirigentes iriam roubar dinheiro do clube, ou fazer parceria com empresários. Duvido! Como não há punição, vão metendo a mão, ficando ricos e dão uma banana para a torcida e para o clube.

Felizmente, temos visto uma nova safra de dirigentes que parecem cuidar realmente do clube, com seriedade, prestando contas aos conselheiros, ao torcedor. É um alento. O problema é que tem muita gente que nunca deu um chute na bola e que não sabe gerir. Gestão é diferente de paixão. Gosto sempre de citar Alexandre Kalil, que geriu o Galo com mão de ferro (não se comprava um sabonete sem que ele autorizasse), trabalhou com milhões de dólares e não mexeu em nem um centavo sequer, obrigação de todos que trabalham com o dinheiro alheio. Além disso, conquistou títulos que o clube jamais vira, como a Libertadores e a Copa do Brasil. Por isso virou um mito. Seu sucessor, Daniel Nepomuceno, é talentoso e honesto, ama e chora pelo clube. Vejo o Cruzeiro com Gilvan de Pinho Tavares, bicampeão brasileiro, correto, sério e honesto.

Tags: cruzeiroec