Uruguai e Brasil se enfrentam no Estádio Centenário pelas Eliminatórias Sul-Americanas para o Mundial da Rússia’2018. O Estádio Centenário é lendário e só quem já esteve lá conhece a mística daquela apaixonada torcida. O Uruguai é um país pequeno, com pouco mais de 3 milhões de habitantes, a maioria concentrada na capital, Montevidéu. Porém, revela excepcionais atletas, como Enzo Francescoli, o Príncipe, que encantou os gramados uruguaios e italianos. Aliás, o gol mais bonito que vi em minha vida foi dele, em amistoso contra a Polônia, de bicicleta, da entrada da área. Gol não. Arte pura daquele gênio da bola. Também vi Álvaro Recoba, que jogou na Inter de Milão com Ronaldo Fenômeno, outro cracaço. E, mais recentemente, Edinson Cavani e Luis Suárez, para mim os melhores atacantes do mundo. Sorte do Brasil que Suárez está suspenso, mas os uruguaios têm outras opções. Será uma parada duríssima.
Diz o zagueiro Miranda que o Brasil voltou a ser respeitado lá fora, depois de seis jogos invicto sob o comando de Tite. Acho legal e bacana, mas vale lembrar que nesses seis jogos, exceto na goleada sobre a Argentina, no Mineirão, jogamos contra ninguém. Times fracos, que só nos deram trabalho porque não tínhamos técnico na primeira parte das Eliminatórias. Dunga era piada, o anti futebol. Bastou entrar alguém que conhecia um pouquinho para ajustar ataque, meio-campo e defesa. O Brasil passou a não depender exclusivamente de Neymar e tornou-se uma equipe coletiva. Era o que precisava. Casemiro caiu como uma luva, já que o tal de Fernandinho é fraquíssimo. Paulinho é outro que não merece ser titular, mas tem a confiança de Tite por tudo o que fez com ele no Corinthians. Eu preferia Casemiro e Elias. Acho ambos infinitamente superiores. Lamento, também, a convocação de Thiago Silva, que na Seleção, sempre confessou e entregou o ouro. Querem recuperar o quê dele?Omite-se nos grandes jogos, como fez pelo PSG nos 6 a 1 contra o Barcelona. É um fracasso. Mas está no grupo. Eu não concordo, mas não sou presidente da CBF e, muito menos, o técnico. Enquanto está ganhando, ninguém contesta. Tite tem as preferências e convicções dele. Mas nós também as temos.
Não me iludo com jogos contra equipes fracas. Quero ver quando pegarmos França, Itália, Alemanha, Portugal, Espanha, Argentina ou Uruguai. Aí sim, teremos um parâmetro do quanto evoluímos. Não há dúvida de que Tite deu outra cara ao time. Fiquei sabendo, por um amigo, que ele ficava magoado comigo quando eu escrevia que ele derrubou o Galo para a Segundona. Pessoalmente, ele não me disse nada. Lamento, meu caro Tite. Você foi, sim, um dos responsáveis por aquela queda, mas se tornou um grande treinador, estudioso e, acima de tudo, honesto e excelente caráter. Isso foi em 2005 e, de lá pra cá, você ganhou tudo na sua carreira. Tirou proveito do lado ruim que viveu e evoluiu. Isso é digno de aplausos. E a Seleção, sob seu comando, é outro time, outra história, dá gosto ver jogar. Espero mesmo que você não leve para o lado pessoal, pois eu analiso o técnico. A pessoa, como eu disse, me agrada muito. Um cara bacana, que olha nos olhos.
Voltando a Uruguai e Brasil, ambos estão com um pé na Rússia. Eu diria até que o Brasil já está classificado com 27 pontos. O Uruguai tem 23 e também vai à Copa. As outras vagas deverão ser de Argentina, Chile e Paraguai ou Equador. Gabriel Jesus, que fez jogos memoráveis, está fora. Será um problema para Tite resolver. A seriedade voltou e a brincadeira acabou. Daniel Alves e Marcelo estão produzindo com Tite o que produzem na Juventus e no Real Madrid. Esses, Tite conseguiu recuperar. Temos em Marquinhos e Miranda uma zaga segura, e um Casemiro coordenando o setor defensivo. Na frente, Coutinho e Neymar, que estão jogando muito. Até mesmo Renato Augusto desempenha bem o seu papel. Se houver uma derrota para o Uruguai, no Centenário, não será nada de mais. Nenhum motivo para duvidar do trabalho de Tite. Ele faz belíssimo trabalho, com algumas convocações que considero equivocadas. Faz parte. Boa sorte, Brasil. Pelo menos no esporte bretão estamos recuperando a credibilidade.
Resposta
Em resposta à Bomba do Jaeci do último sábado, a assessoria de imprensa do Mineirão, através de Rivelle Nunes, informa o seguinte: “Os clubes não têm pago aluguel para mandar jogos no Mineirão. Eles arcam com as despesas operacionais, como segurança, limpeza etc. O Atlético paga corretamente as despesas quando manda suas partidas no estádio, ao contrário do que foi divulgado. Com relação à final da Libertadores, em 2013, o Atlético não pagou as despesas daquele jogo com o Olimpia por se tratar de uma solicitação formal do Governo do Estado para o uso da data, prerrogativa que consta no contrato de concessão do estádio.” Agradeço ao caro jornalista pela resposta e atenção, mas sugiro ao Cruzeiro que use do mesmo expediente e peça ao Governo do Estado que solicite o uso de todas as datas em que o clube vai jogar, pois, assim, não pagará as despesas pertinentes. Reafirmo o que escrevi: a única razão de o Mineirão existir é para que tenha jogos de Atlético e Cruzeiro. Sem os clubes ele vira um elefante branco, como muitos Brasil afora. Shows e eventos não sustentam estádios.