Realmente, o time alvinegro não mostra um padrão de jogo compatível com o grupo e as contratações feitas. O meio-campo é inoperante na criação de jogadas, e o time depende única e exclusivamente de Fred, que vive grande fase, para vencer os jogos. Deve-se dar um desconto a Roger, que chegou somente em dezembro, iniciando o trabalho apenas em janeiro. Porém, em quase cinco meses de trabalho o que tenho visto é de assustar. Tem que se impor nos momentos difíceis, mostrando que o Galo é forte e vingador. Não adianta golear em casa jogando mal, como ocorreu contra o Sport Boys, e perder para o inexpressivo Libertad, apesar do campo.
O Atlético liberou Leandro Donizete, único cara que marcava no meio-campo, mantendo Rafael Carioca, que não sabe marcar. Um grande erro. Donizete e Elias formariam dupla fabulosa, e a defesa, que não é grandes coisas, teria cobertura melhor. Com Carioca de primeiro volante e Elias de segundo, a defesa vive passando sufoco e é bem provável que Roger corrija isso, pondo mais um volante. Não dá para se expor mais, já que Fred, Robinho, He-Man ou Maicosuel, nenhum deles tem característica de marcação.
Esse negócio de que “se não é sofrido, não é Galo” é uma grande bobagem. Time grande tem de vencer jogando bem, dando segurança ao torcedor. É muito engraçado usar tal “slogan” depois de vencer um adversário fraco no sufoco. Porém, se o torcedor analisar friamente, vai perceber que o bom é definir o placar até meados do segundo tempo jogando com qualidade, com o meio-campo fazendo boa ligação com o ataque e uma defesa segura. Erros acontecem, mas o que temos visto é um Atlético acanhado, que não consegue achar seu melhor futebol. Existe um buraco entre o meio-campo e o ataque, injustificável para quem treinou a equipe em 40 dias de pré-temporada. Um time dessa grandeza não pode fazer ligação direta defesa-ataque. É preciso um pensador, um criador no meio-campo, que carimbe a bola, a ponha no chão, e a distribua com a clareza dos grandes camisas 10. Até aqui, não vi esse homem no Atlético.
O que o torcedor espera no Independência lotado nesta noite é um time mais coeso, mais compacto, que jogue bola de verdade. Ele não vai admitir outra partida ruim, em que o Galo leve sufoco para depois reagir. Roger ainda tem crédito com a diretoria, mas de nada adiantará ter o apoio dos jogadores se os resultados não acontecerem. Nunca vi o presidente de um clube mandar os jogadores embora e ficar com o treinador. A corda vai estourar do lado dele. Já que tem o apoio integral dos atletas, que faça a sua parte, como disse o Baixinho Romário sobre os técnicos, “não atrapalhando”, que já estará de bom tamanho. Acredito que a entrada de mais um volante poderá ajustar a marcação. Ou então que Cazares ou Otero, um dos dois, mostre futebol para criar as jogadas ofensivas, recuando um pouco mais Elias para ajudar na marcação. Só acho que o técnico deve encontrar outro volante para jogar ao lado de Elias, pois Rafael Carioca não sabe marcar. Espero que Roger enxergue isso antes de o caldo entornar. Torço por ele, mesmo não o conhecendo, pois vi seu trabalho no Grêmio e gostei muito. Espero que haja tempo para fazer o mesmo no alvinegro.