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COLUNA DO JAECI

Brigas via imprensa estragam o clássico

Cruzeiro é favorito porque tem um time mais encorpado; Galo busca uma melhor identidade sob comando de Roger Machado, que chegou em janeiro

postado em 30/04/2017 12:00 / atualizado em 30/04/2017 10:01

Alexandre Guzanshe/EM
Que bom seria se pudéssemos ver o clássico de hoje com as duas torcidas dividindo o Mineirão, como no passado. Que bom seria se os dois presidentes se sentassem lado a lado nas tribunas e assistissem ao jogo juntos. Que bom seria se os torcedores pudessem ir e vir, na paz e em segurança. Sonho de todos nós, que gostamos de cumprir a lei, que queremos apenas nos divertir com o futebol, que queremos apenas rir ou chorar, na vitória e na derrota, gozando o perdedor de forma saudável, como sempre foi.

Infelizmente, o mundo chamado moderno não permite mais isso.

E não permite por quê? Porque o país é da impunidade.

Se uma torcida provocasse a outra com agressão e morte e a CBF alijasse o time dos bandidos de uma competição, com certeza as brigas acabariam. Foi assim na Europa, principalmente na época dos Holligans, na Inglaterra. Os clubes têm que ser punidos com multas em espécie e com a não participação em competições. E os bandidos, que matam os outros só porque estão vestindo a camisa rival, que sejam presos e punidos exemplarmente. Aí, não é com as federações, e sim com a polícia.

Vejam que perdi o lead todo da coluna falando dos desmandos no futebol brasileiro. No passado não muito longínquo, falávamos apenas das estrelas, dos grandes jogadores. Nem os técnicos tinham espaço. Hoje, quase não falamos dos atletas, pois não temos mais craques. O que vemos hoje no Brasil, com raríssimas exceções, é tudo, menos futebol. Futebol é arte e bola na rede, não cotovelada, cusparada e xingamentos.

Cruzeiro e Atlético têm sido referência nacional, formando grandes equipes e ganhando títulos importantes. Deveriam, portanto, se preservar e evitar “disse me disse” através da mídia. Queremos saber se De Arrascaeta e Thiago Neves estão em boa forma, se vão produzir o que deles se espera hoje. Se Fred e Robinho estarão bem para ajudar o Galo a fazer gols. É isso que nos importa.

No começo da semana, gravei um post no meu Blog (www.uai.com.br/alterosanoataque), em que declarei que vejo o Cruzeiro como favorito para o clássico de hoje. Tem gente que usa a velha máxima de que “em clássico não há favorito”. Não acompanho a maioria. O Cruzeiro é favorito porque tem um time mais encorpado, mais bem treinado, que já encarou quatro jogos contra times grandes, inclusive dois contra o Galo, venceu três e perdeu um (para o São Paulo). Mano Menezes tem o grupo na mão, com muita qualidade, jogadas ensaiadas e esquema de jogo definido.

Já o Galo busca uma melhor identidade sob o comando de Roger, que chegou apenas em janeiro e começou o trabalho. Confesso que até aqui não estou gostando do que vejo, assim como grande parte da torcida alvinegra, mas torço para que Roger acerte, pois me parece um cara correto, trabalhador e dos bons valores da nova geração de técnicos.

E digo mais: aquele que perder o título não deve se abater. Tirando as brigas entre os dirigentes, sabemos que os estaduais não valem absolutamente nada. Vitória ou derrota não mudará a vida de Atlético e Cruzeiro. Perder uma Libertadores, uma Copa do Brasil ou um Brasileiro, aí, sim, o bicho pega.

O fato de eu apontar o Cruzeiro como favorito não significa dizer que já ganhou ou que será o campeão. Nada disso. Um grande time pode estar num dia ruim, em que nada dá certo, e ser derrotado. Porém, analisando friamente, sem qualquer tipo de paixão, mesmo porque não sou atleticano nem cruzeirense, vejo o Cruzeiro mais encorpado e em condições de ganhar hoje e até mesmo no jogo decisivo, semana que vem.

Ter opinião é isso. Tem gente que não pode opinar, pois veste a camisa de um ou de outro por baixo da roupa de trabalho. Vê tudo com a paixão, e não com a razão. O torcedor sabe muito bem quem são esses.

Espero que tenhamos um grande clássico, apesar de 90% de uma torcida e 10% da outra, fato que deverá ocorrer no jogo de volta, no Independência, e que prevaleça a decência, a qualidade e, acima de tudo, o melhor futebol.

E, para fechar, lembro sempre a velha frase de Arrigo Sacchi, ex-técnico da Seleção Italiana, ao ser perguntado sobre a derrota da Itália para o Brasil na Copa de 1994, nos Estados Unidos: “O futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”.

Grande vitória Lásaro Cunha, Rodolfo Gropen e Sérgio Sette Câmara formam o triunvirato de juristas ilustres e competentes no Atlético. Eles conseguiram uma grande vitória na quinta-feira, ao liberar os R$ 60 milhões da venda do atacante Bernard, que estavam retidos. Esse dinheiro serve para pagar o Profut, sendo o Galo a única equipe a antecipar pagamentos. Com esse time de juristas o gol é certo!

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