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COLUNA DO JAECI

Cruzeiro em busca de afirmação

"O Cruzeiro ainda não fez um grande jogo, que empolgasse"

postado em 28/05/2017 12:00

Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
O Cruzeiro enfrenta o Santos, na Vila Belmiro, provavelmente testando três volantes – Henrique (foto), Hudson e Ariel Cabral – e com três atacantes: Alisson, Rafael Marques e De Arrascaeta. É sabido que Ariel Cabral, contratado a pedido de Vanderlei Luxemburgo em 2015, tem qualidade ímpar, um jogadoraço. Henrique e Hudson se encaixaram bem. De Arrascaeta cresceu muito, mas Thiago Neves, a chamada cereja do bolo, até agora não fez uma partida que justifique seu salário, nem tampouco a fama. Vocês que me acompanham sabem muito bem que sempre coloquei o fato de ele ter jogado quatro anos no mundo árabe. Lá se ganham fortunas, mas se perde o futebol. E quatro anos não são quatro meses. O atleta perde tudo.

Estive no mundo árabe inúmeras vezes. Em Riad, na Arábia Saudita; no Catar, no Kweit, em Dubai. Os jogos, normalmente, são à noite, por causa do calor de 50 graus durante o dia. Os estádios, completamente vazios. Os xeques, príncipes ou reis, no caso da Arábia Saudita, querem dar entretenimento ao povo, e o futebol é a melhor opção. Porém, não há o menor grau de comprometimento em termos de disputa. Será o caso de Everton Ribeiro, que teve grande passagem pelo Cruzeiro em 2013 e 2014 e é pretendido pelo Flamengo. Se voltar ao Brasil, não esperem ver o mesmo jogador daquele período. O que vai mudar é somente o saldo bancário dele, pois o futebol, certamente, será diferente, e, infelizmente, para pior.

O Cruzeiro ainda não fez um grande jogo, que empolgasse sua torcida. Fez algumas boas partidas e mostrou-se forte. As voltas de Fábio e Dedé foram fundamentais. Rafael Marques chega como esperança de gols, e a expectativa do torcedor é ver um time competitivo, em condições de ganhar títulos. Restou a Copa do Brasil e o Brasileirão. Tenho visto vários jogos de equipes candidatas ao título de uma e outra competição. Até aqui, nada de mais, nível técnico ruim, com poucos jogos de qualidade. Não sei  aonde vamos parar com tantos gastos, tantos jogadores repatriados sem condição de atuar em nível competitivo. Dinheiro jogado pelo ralo. Os dirigentes esquecem ou não sabem investir nas categorias de base. Luto por isso há tempos, e a cada temporada menos jogadores são aproveitados. Não revelamos um camisa 10, um bom lateral-direito ou um bom volante. Os que sobem da base chegam aos profissionais cheios de vícios, alguns não sabem nem dominar a bola.

Os técnicos, por sua vez, não dão atenção às categorias inferiores. Chegam, pedem contratações e mais contratações, na expectativa de conquistar o torcedor e ganhar taças. A maioria recebe uma fortuna e sai sem conseguir o objetivo. Gosto do trabalho de Mano Menezes, mas ele não é ganhador de títulos. Tem duas Copas do Brasil, um título da Segundona, com o Corinthians, e título estadual. Precisa firmar seu nome no cenário nacional com uma conquista de Brasileiro por exemplo. Seus times são bem montados e têm esquema tático definido. Porém, são econômicos em gols. Mas o São Paulo de Muricy Ramalho era assim: ganhava de 1 a 0 ou 2 a 1 e foi tricampeão brasileiro. E olha que Muricy foi discípulo de Telê, mas jamais suas equipes jogaram como os times do saudoso Telê. Sou fã daquele futebol bonito e de qualidade. Mas, na época, havia craques. Hoje há apenas bons jogadores. Apontem um craque que atue no futebol brasileiro! Não existe. Estamos cheios de jogadores bonzinhos, e de bonzinhos, como diz um amigo meu, “o cemitério está cheio”.

O Brasileiro está só no começo. Cada jogo é uma decisão, e o Cruzeiro está no bolo, com 4 pontos em dois jogos, média de quem quer ser campeão. Precisa se encorpar mais, definir um time, o que Mano vem tentando fazer desde o começo da temporada, e se arriscar mais. O medo de perder tira a vontade de ganhar, e o Cruzeiro precisa ter muita vontade de ganhar para chegar ao fim da temporada disputando as taças. Nos últimos dois anos, deixou a desejar, principalmente por ter sido bicampeão brasileiro em 2013/2014. Vai viver um período eleitoral conturbado, no fim do ano, e precisa resgatar sua tradição de ganhar título para fechar com chave de diamante a gestão do presidente Gilvan. Um dos dirigentes mais corretos do país, que comanda com mão de ferro e jamais dá um passo maior que a perna. Cabe, então, ao Mano e aos jogadores justificarem o investimento.

Sport

Não acredito que Vanderlei Luxemburgo volte atrás na ideia de se aposentar para o futebol brasileiro. Ele me disse, há três semanas, que só mudaria de ideia se houvesse uma proposta do exterior, e que, no momento, curte a família como jamais curtiu, pela falta de tempo, quando trabalhava. Luxemburgo está decepcionado com o que tem visto, principalmente com os conchavos envolvendo empresários, diretores de futebol e alguns treinadores.

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