"A lamentar o fato de alguns ingratos culparem o goleiro Fábio pelos gols que sofreu"
Cruzeiro e Grêmio fizeram o melhor jogo do Brasileirão, um dos melhores dos últimos tempos. O empate em 3 a 3 traduziu exatamente o que foi a partida, com gols perdidos de ambos os lados, belas jogadas e duas equipes abertas, procurando o gol o tempo todo. A lamentar o fato de alguns ingratos culparem o goleiro Fábio pelos gols que sofreu. Uma covardia. A zaga do Cruzeiro esteve em uma de suas piores noites. Todas as bolas aéreas foram ganhas pelos jogadores do Grêmio, baixos ou altos. Caicedo e Leo estavam horríveis. Ezequiel, péssimo. Aí querem culpar o Fábio. Absurdo. Fábio é o jogador que mais vestiu a camisa azul, que mais defesas milagrosas fez, que já salvou o time em temporadas e mais temporadas. Claro que falha também, é humano e não é perfeito, mas continua sendo o melhor goleiro do Brasil, disparado. A diferença daqui para a Europa é essa. Lá, Buffon, com 39 anos é um mito e, quanto mais velho, mais respeitado e melhor. Aqui, o passado é esquecido rapidamente, mesmo que o presente ainda mostre que o atleta está em forma. Revejam o jogo e percebam que Fábio não teve culpa em nenhum dos três gols que sofreu. Ao contrário, quando ainda toca na bola, é para tirar do gremista que fez o gol, mas a zaga falhava por cima e por baixo. Um horror!
Recentemente, o Flamengo se interessou por Fábio, mas o presidente Gilvan de Pinho Tavares, sábia e reconhecidamente, disse que Fábio é ídolo e inegociável. Uma pena, pois eu gostaria de vê-lo no meu Flamengo, fazendo as defesas que faz no Cruzeiro. Um goleiraço. Acredito, porém, que as manifestações são de um pequeno grupo. A maioria da torcida azul respeita e tem em Fábio um grande ídolo sim. O ser humano prefere achincalhar do que homenagear. Já escrevi aqui que, certa vez, num voo do Kuwait à Londres, Pelé me deu uma entrevista exclusiva. Na época, me disse que o “brasileiro é invejoso por natureza”, e que o único país onde abriam sua mala era justamente aqui. Em qualquer outro lugar do planeta, por ser respeitado e idolatrado, entra até sem passaporte. Pelé está certíssimo. O povo brasileiro não sabe valorizar o que tem. Os torcedores, principalmente essa geração que não sabe o que é futebol – com raras exceções, o que vemos hoje é tudo, menos futebol –, não reconhecem o trabalho de um atleta, não valorizam os treinamentos e só sabem cobrar. Mesmo sofrendo três gols, e por culpa dos zagueiros, que estavam em péssima noite ou são ruins mesmo, salvou pelo menos outros três. Porém, é mais fácil criticar do que elogiar. Gente pobre de alma e de espírito. Fábio, não torço pelo Cruzeiro, mas você tem meu respeito, como jornalista e como torcedor. Está entre os melhores goleiros que o Brasil já teve e tem. Não se abata com essa mesquinharia. Quando você falhar, vou apontar aqui neste espaço sua falha, sempre lembrando que seu crédito é infinito. O que você fez, e faz, pelo Cruzeiro é digno de aplausos. Só mesmo os invejosos não enxergam isso. Meu time, como escrevi outro dia, é Fábio e mais 10.
Brigar pela taça
O presidente Daniel Nepomuceno, em entrevista ao Superesportes, disse que o “Atlético que ele montou é para disputar os títulos e ganhar, e não para figurar na competição”. Domingo, conversando com Sérgio Sette Câmara, um dos vice-presidentes do clube, ele me disse que estão trabalhando, incessantemente, para que o time entre no rumo das vitórias e que possa confirmar aquilo que dele se espera: títulos. A vitória sobre o São Paulo, com bom futebol, deu um alento para que esta noite, contra o Sport, no Horto, o Galo possa faturar mais três pontos, jogar bem e mostrar aquilo que torcedores e cronistas esperam dele. Gostei muito do primeiro tempo no Morumbi, pois houve mudança de postura e mais qualidade. Porém, ainda falta muito para dizer que esse Galo vai brigar por títulos. Não adianta fazer uma partida boa e duas ruins. Isso compromete a campanha, com toda a certeza.
