O técnico Roger Machado caiu, principalmente, pelos péssimos resultados no Horto, onde o Galo era soberano até bem pouco tempo. Eu diria mais: caiu porque em sete meses no comando da equipe, participando diretamente de sua montagem, contratou mal, não deu padrão de jogo, nem tampouco qualidade. Mostrou-se um aprendiz. E olha que eu acreditava que esse jovem pudesse fazer um bom trabalho aqui pelas Gerais. Não sei se o demitiria agora, pois o Galo tem dois compromissos decisivos para o ano: o Botafogo, na semana que vem, pela Copa do Brasil, e o Jorge Wilstermann, dia 9, pela Copa Libertadores. Se não se classificar pelo menos em uma delas, o ano estará perdido, jogado no lixo. Porém, gostei da frase do presidente Daniel Nepomuceno, muito usada por mim: “Prefiro pecar por excesso do que por omissão”. E ele está certíssimo. Sabe onde o calo aperta e estava vendo a vaca indo para o brejo. O problema é que não há técnico de ponta desempregado, e isso é um complicador. Se ele tentou Abel Braga, fez muito bem, pois Abel consertaria esse time.
Mas a culpa não é só de Roger. Há jogadores contratados a peso de ouro que não resolvem nada. O Atlético está sem zagueiros. Exceto Leonardo Silva, os demais são fraquíssimos. O meio-campo tem sido inoperante. Tomara Deus que Rafael Carioca acerte com os mexicanos e vá embora, sem deixar saudades. Pelo lado dele havia um buraco imenso, pois nunca marcou na vida. Elias, que apontei como o melhor volante do país, até aqui deixa a desejar. Não é, nem de longe, aquele Elias do Corinthians e do Flamengo.
Fred tem 20 gols na temporada. A maioria contra adversários de terceira linha do nosso futebol. Não que ele não seja um artilheiro, pois no Fluminense era ídolo. Porém, é preciso fazer gols contra adversários do tamanho do Galo, não apenas em raras partidas. Ele foi contratado para fazer gols e ajudar o Galo a ganhar taças. Não estou falando de Campeonato Mineiro, pois isso eu não conto. Estou falando de Copa do Brasil, Brasileiro e Libertadores.
Robinho é outro que tem decepcionado. Joga muito pouco, produz pouco em relação ao que dele se espera. Cazares, elogiado por alguns babões por ter feito jogo brilhante diante de um desses adversários de quinta categoria, é essa incógnita. Exceto na decisão contra o Cruzeiro, pelo Mineiro, e no jogo contra o rival, no Brasileiro, quando realmente comeu a bola, o resto é só aquele foguete molhado. Vejam quantos jogadores não correspondem, e isso, com certeza, ajudou a derrubar Roger. Não acredito em panela, pois estamos falando de homens de caráter, mas o fraco futebol jogou o técnico para os leões.
A diretoria acertou com Micale, campeão olímpico. É uma tentativa válida, já que Zé Ricardo, no Flamengo, e Carille, no Corinthians, desconhecidos e sem currículo nos profissionais, estão dando resultados. Melhor apostar nele do que em técnicos renomados, que nada ganham. Apoio a decisão de Nepomuceno e vou torcer muito para que o trabalho desse rapaz dê certo. É bem verdade que o time olímpico jogou muito mal nas três primeiras rodadas, mas acabou campeão, embora nas penalidades e na sorte, pois os alemães vieram para o Brasil sem nenhum jogador com idade superior a 23 anos. É preciso dar crédito a quem é honesto, sério e trabalhador. Micale tem esses ingredientes e os torcedores devem apoiá-lo. Tem uma história no Galo e merece sim esta chance. Tenho certeza de que ele será muito bem aceito pelo grupo e que vai dar resultado.
O Atlético tomou uma decisão difícil, mas no fim, acho que foi acertada. Cortar o “mal” pela raiz é sempre a melhor solução. E quando o técnico não dá liga com time e torcida, não há outra solução a não ser a de mandá-lo embora. O Atlético agiu rápido e contratou Rogério Micale. Não há tempo para lamentações. É arregaçar as mangas, entrar em campo e fazer esse time jogar. E aos que dizem que o grupo é velho, lembro que na era Kalil o time atleticano tinha média de idade altíssima, e nem por isso deixou de ganhar taças. Prefiro chamar o grupo de experiente.
Ainda há tempo de salvar o ano na Copa do Brasil e Libertadores. O Brasileiro já era, já foi. Então, que Daniel Nepomuceno, que é um cara sério, muito correto e visionário, chame os jogadores e mostre a eles a importância da camisa alvinegra. Os tempos em que o Galo apenas participava das competições acabou. De 2013 para cá, ele aprendeu a disputar e ganhar taças, e tem de reencontrar seu momento. E que repense o Mineirão como a casa do Galo também, pois a mística do Horto se foi. Time bom ganha em qualquer lugar, que o diga o próprio Galo, campeão da Libertadores, Copa do Brasil e Recopa no Mineirão. Boa sorte a Micale. Que ele consiga, em pouco tempo, o que Roger não conseguiu em sete meses de trabalho. E que os jogadores mudem a postura e deem toda a força do mundo para ele, pois o sucesso de Micale será o deles também.