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COLUNA DO JAECI

Covardia com Nepomuceno

"Nas horas boas, tapinhas nas costas e os "amigos" de ocasião. Na hora ruim, poucos vão te apoiar"

postado em 31/07/2017 12:38 / atualizado em 31/07/2017 12:57

Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
O Atlético vive um momento de crise. Flamengo e Palmeiras também vivem. O Corinthians viveu no ano passado. O Fluminense também viveu. O Santos teve problemas recentemente. Nesses momentos, os torcedores ficam furiosos e descontam no mandatário maior: o presidente. Alguns, bandidos, partem para a agressão a jogadores e ameaçam os dirigentes. Mas aí é caso de polícia, não de paixão pelo clube. O presidente do Galo, Daniel Nepomuceno (foto), vive seu momento turbulento. A equipe não se encontrou desde o começo do ano e o técnico Roger Machado foi demitido. Acho que o presidente deveria tê-lo mandado embora antes. A conquista do Mineiro mascarou muita coisa e o torcedor se iludiu, achando que Roger era um técnico perfeito. Quando Dorival Júnior estava livre, conversando com um dirigente alvinegro, sugeri que ele substituísse Roger. Porém, o Atlético manteve o ex-técnico um pouco mais e aí o São Paulo foi lá e buscou Dorival. Quando mandou Roger embora, não havia mais técnico de ponta desempregado. A opção por Rogério Micale é apenas um paliativo. Porém, pode dar certo, como deram certo Fábio Carille, no Corinthians, e Zé Ricardo, no Flamengo.

Acho, porém, uma covardia o que estão fazendo com Daniel Nepomuceno. Um dirigente ético, correto, apaixonado, que esteve como vice do maior presidente da história do clube, Alexandre Kalil, e participou das conquistas recentes. Claro que ele erra. Quem não erra? Acho que deveria ouvir um pouco mais seus colaboradores, e se aconselhar com Kalil. Quando contratou Robinho – disputando com Santos e outros clubes –, Fred e Elias, foi aplaudido por todos. Errou quando buscou o fracassado Marlone – eu avisei que ele não jogou no Vasco, Fluminense, Cruzeiro e Corinthians, e que não jogaria também no Galo –, Rafael Moura, que não diz a que veio, e quando manteve ex-jogadores em atividade.  O Atlético, repito, não é instituição de caridade. Jogador e clube têm um compromisso. O cara ficar 10 partidas de fora e jogar uma é prejuízo na certa. O Atlético era apontado por todos como um dos grupos mais fortes do país e hoje caiu em descrédito.

Vários jogadores não rendem o esperado, isso é fato. O trabalho, então, fica comprometido. Restou a Libertadores, e dia 9 o Atlético joga a sua vida no ano, contra o Jorge Wilstermann. Com todos os problemas, acredito em goleada do alvinegro, tamanha a fragilidade do time boliviano. E que essa possível goleada não iluda o torcedor, pois, na hora em que encarar um adversário mais qualificado, terá problemas. A não ser que Fred, Elias, Robinho, Marcos Rocha e Fábio Santos joguem mais do que estão jogando. Recuperem o futebol que todos conhecemos. Com esse futebol pobre, sem imaginação, não irão a lugar algum. E estou cobrando desses três, Robinho, Fred e Elias, porque foram eles as cerejas do bolo de uma companhia. Claro que o futebol é conjunto, é um todo, mas os que ganham mais são considerados acima da média, têm que comandar a companhia e, até aqui, os três não comandaram nada.

Claro que em toda crise existem os aproveitadores, e não há hora melhor para eles colocarem a cabeça de fora e tentar tumultuar o ambiente. Nepomuceno sabe disso. E olha que ele está em vias de conseguir o maior sonho do alvinegro, que é ter seu próprio estádio. Conforme publiquei, com exclusividade na Bomba de sábado, a coisa caminha a passos largos para ser concretizada. Porém, o futebol vai mal, e isso tira o foco do gigantismo da obra alvinegra. Meu caro Daniel, trabalho no futebol há 34 anos e vivo nele há 51. É sempre assim. Nas horas boas, tapinhas nas costas e os “amigos” de ocasião. Na hora ruim, poucos vão te apoiar. Tem gente que fica como abutre na carniça. Essa fase vai passar. Os jogadores precisam colaborar, fazer a parte deles, e tudo se resolverá. O Galo não é pior do que as melhores equipes do país. Tenha meu apoio e minha admiração.  Reveja seus erros para não errar mais. Veja seu acertos e acerte ainda mais. É assim que um grande dirigente e um grande clube saem de uma crise momentânea.

Tragédia

O futebol fica relegado a segundo plano quando o assunto é a perda de um filho. Infelizmente, foi o que aconteceu com o técnico Abel Braga, que perdeu seu filho João Pedro. O jovem, que tomava medicamentos anticonvulsivos, caiu da janela da cobertura em que morava, no Leblon, no sábado, e morreu. Abel é um cara do bem, alegre, pianista, e adorado pelos jogadores e pelos ex-jogadores que atuaram contra ele, casos de Zico e Júnior. Seu filho acabara de entrar para a universidade e, segundo ele, estava em seu melhor momento. Já perdi um sobrinho em acidente de moto, em 1998, e minha irmã nunca mais se recuperou. É desumano quando os filhos vão embora antes dos pais. Se é que existe uma ordem natural na vida, vão os avós, os pais e assim por diante. Só sei que é uma dor profunda, uma cicatriz que ficará aberta pela vida toda. Que Abel e sua família tenham força e que Deus conforte seus corações.

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