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COLUNA DO JAECI

Hora de juntar os cacos

Se a fase é ruim, a bola não entra, jogadores rendem menos. Não são máquinas, são seres humanos

postado em 13/08/2017 12:00

Pedro Martins / MoWA Press
Atlético e Flamengo jogam nesta tarde, no Independência, abrindo o returno do Brasileirão. Distantes do líder e provável campeão, Corinthians, resta aos dois buscar um lugar ao sol, e lugar ao sol significa vaga no G-6, para disputar a Libertadores do ano que vem. O Flamengo foi eliminado na primeira fase, uma vergonha para um time tão caro e com tantos jogadores de qualidade. O Galo caiu na quarta-feira, nas oitavas de final, diante do fraquíssimo Jorge Wilstermann. Isso me lembrou uma frase de Zagallo depois copiada por muitos técnicos brasileiros, de que “não há mais bobo no futebol”. Eu diria que a falta de qualidade dos nossos jogadores faz com que um time de terceira linha do futebol venha jogar aqui, se feche na defesa e saia com a classificação. A falta de pontas, de jogadores velozes, e de camisas 10 de verdade, nivelam os grandes clubes com equipes inexpressivas.

Não adianta mais chorar o leite derramado. Nas eliminações, os presidentes dos clubes são os primeiros perseguidos pela torcida. Bandeira de Melo organizou o Flamengo, pagou mais de R$ 350 milhões em dívidas e ainda formou um time forte. Mas os torcedores só têm olhos para títulos. Uma campanha boa não tem muito valor. É a nossa cultura equivocada. O mesmo ocorre com Daniel Nepomuceno, que faz excelente gestão no Atlético, em vias de construir o estádio que será a redenção do clube, que contratou o que de melhor havia no mercado a pedido do ex-técnico Roger Machado, mas que agora é crucificado como se entrasse em campo. O futebol é assim.

A distância do Atlético para o Flamengo é de apenas seis pontos. O rubro-negro pintou como favorito ao título, mas oscilou muito para baixo e não há mais tempo de recuperação para chegar à taça. O Galo, que também gerou expectativa em sua torcida e na imprensa, ficou apenas no imaginário. No papel, um timaço. Em campo, um time comum, sem inspiração, com pouca qualidade. Quem imaginaria que Fred, Robinho e Elias só renderiam esse pouquinho?

A verdade nua e crua é que Flamengo e Atlético precisam juntar os cacos das eliminações na Libertadores, da campanha ruim no turno do Brasileiro e buscar vitórias neste returno. Não será fácil, mas a tradição, a camisa e o investimento terão de dar resultado. Até gostei do Galo na quarta-feira, não jogou mal. Faltou o gol, faltaram um velocista e um artilheiro para pôr a bola para dentro. Mas vi evolução no esquema de Rogério Micale em relação ao time de Roger. A postura foi outra.

Vi a entrevista de Rafael Carioca, dizendo que os jogadores choraram no vestiário. Não duvido. São homens, pais de família, profissionais. Ninguém perde porque quer. Se a fase é ruim, a bola não entra, jogadores rendem menos. Não são máquinas, são seres humanos, e, como todos nós, cometem erros. O Galo não foi eliminado na quarta-feira, ele já entrou na Libertadores atuando mal. Mesmo quando goleava e iludia sua torcida. Avisei isso durante o Campeonato Mineiro. Agora está cheio de “engenheiro de obra pronta” apontando os erros. Onde estão os que enchiam a bola de Cazares, quando fazia uma partida boa e 10 ruins?

Ainda há tempo de recuperação, mesmo porque o Atlético está a seis pontos do G-6, mas a quatro do Z-4. É complicado. Não acredito no fantasma do rebaixamento. Com jogos somente nos fins de semana, Micale poderá implantar sua filosofia e os jogadores recuperarem a condição física e técnica. Com Fred, Elias e Robinho em forma, o Atlético será outro. É bom, entretanto, Daniel Nepomuceno olhar o mercado para a próxima temporada. Os grandes jogadores não existem mais, mas há alguns bons jogadores, que poderão fazer parte do grupo em 2018.

E a ele vai um conselho de quem está no futebol há mais de cinco décadas: não se frustre pelas derrotas. Seus três primeiros anos, que se completarão em dezembro, foram muito bons. Tenho certeza de que será reeleito e conquistará os títulos no segundo mandato. Como me disse certa vez o maior presidente da história do Atlético, o prefeito de BH, Alexandre Kalil, “quando o trabalho é sério e honesto, a bola bate na trave num ano, no travessão no outro, e no terceiro ano entra e os títulos vêm”. O Galo chegou a um patamar de conquistas, e essa fase ruim vai passar. Que Galo e Flamengo façam um grande jogo, e que o torcedor veja um novo Atlético, mais encorpado, mais bem treinado e disposto a recuperar o tempo e os pontos perdidos. Dia dos Pais Que o domingo seja de paz e harmonia para todos os pais no dia deles. Que possam estar ao lado da família, recebendo o carinho e o reconhecimento que tanto merecem.