O Cruzeiro foi derrotado pelo Grêmio ontem por 1 a 0, pelo jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil, gol de Barrios. A partida foi muito distinta. No primeiro tempo, só deu Grêmio. Na fase final, o Cruzeiro adiantou suas linhas, marcou melhor e criou um pouco mais. As grandes emoções ficam para a quarta-feira, no Mineirão, onde o Cruzeiro é forte e terá o apoio da China Azul. Confesso que esperava mais do time azul pelo que prometeram técnico e jogadores. Entretanto, o resultado não foi de todo ruim. Se Sobis, Thiago Neves e Alisson jogarem um pouco melhor nos próximos 90 minutos, o Cruzeiro terá chances de chegar à final. O grande drama é não ter um atacante, aquele centroavante com cheiro de gol. Isso pode ser decisivo para uma ida à finalíssima.
Na coluna de ontem eu disse que estava feliz em saber que o Cruzeiro chegara a Porto Alegre com o discurso de que iria para vencer, sem se preocupar com retranca. Fui enganado pelo discurso do treinador e dos jogadores, pelo menos nos 45 minutos iniciais. Foi um primeiro tempo de um time só. E se não fosse o goleiro Fábio, para mim o melhor do Brasil há tempos, o Grêmio teria garantido a classificação antecipadamente. Ele fez uma defesa espetacular, em cabeçada, quando tirou a bola praticamente em cima da linha, e logo depois fez outra do mesmo nível. Só não conseguiu segurar o chute de Pedro Rocha, e a bola sobrou para Barrios fazer 1 a 0 aos 45min. Um castigo para um time que não criou, que não jogou, que não tentou fazer gol. O único chute do time azul foi de Lucas Silva, de fora da área, que Grohe defendeu tranquilamente.
Rafael Sobis e Thiago Neves, cerejas do bolo, não fizeram absolutamente nada. O meio-campo não criou e, sem criatividade no meio-campo, nada feito. Não se chega a lugar algum. Esperava um pouco mais do Cruzeiro. Não jogar aberto, partindo para cima. Porém, pensei que Mano havia preparado algum esquema diferente, para surpreender o adversário e nós, da imprensa. O que vimos, contudo, foi um Cruzeiro amedrontado, sem iniciativa, tomando um nó tático do técnico, Renato Gaúcho. Para quem prometera atacar e não ficar na retranca, pelos menos no primeiro tempo o Cruzeiro nos enganou.
Mudança de atitude
Achei um erro o técnico Mano Menezes optar por Lucas Silva. Imaginei que ele iria tirá-lo e colocar Hudson em seu lugar. Esse garoto perdeu seu futebol quando foi para o Real Madrid. Avisei que ele não jogaria lá. Voltou e não tem a menor condição de ser titular do time azul. Mas, no segundo tempo, em três minutos, o Cruzeiro fez muito mais do que havia feito no primeiro. Um chute de Diogo Barbosa, de fora da área, defendido por Grohe, quase resultou em gol. Em seguida, Sobis mandou para fora. Aí eu pergunto: por que o Cruzeiro não começou o jogo assim? Aos 15min, Luan foi derrubado. O árbitro marcou pênalti. O auxiliar disse que foi fora da área, e o juiz voltou atrás. O próprio Luan bateu, mas a bola foi na barreira. Imaginem se o auxiliar não pudesse se comunicar com o árbitro? O Cruzeiro seria prejudicado.
O segundo tempo foi completamente diferente. O Cruzeiro tomou a iniciativa, mas a falta de um centroavante acabou comprometendo. Vocês viram um lance em que Lucas Silva recebeu na entrada da área do Grêmio? Pois é, se fosse um volante de qualidade soltaria a bomba. Ele preferiu tentar Elber, e a bola foi desperdiçada. Lamentável também a atuação de Thiago Neves. Completamente fora de jogo, apagado, sem a menor iniciativa. A entrada de Raniel nada acrescentou, exceto por uma boa jogada no fim da partida. É muito jovem e imaturo.
O resultado acabou não sendo de todo ruim, mas sem um homem de área o Cruzeiro vai ter de se virar para vencer o Grêmio por dois gols de diferença, no Mineirão. Não gostei do que vi ontem. Pensei que o Cruzeiro seria bem diferente do que mostrou. Porém, não tem nada perdido. Se a Raposa entender que vai jogar em sua casa, diante da China Azul, é possível reverter a vantagem gremista e chegar à final da Copa do Brasil. Meu único medo é a falta de um homem que empurre a bola para as redes. Esse jogador o Cruzeiro não tem.
Empate
No Engenhão, Botafogo e Flamengo ficaram no 0 a 0 e vão decidir a vaga na final na quarta-feira, no Maracanã. O jogo marcou a estreia do técnico Reinaldo Rueda no comando do Flamengo. O vencedor deste confronto vai enfrentar Cruzeiro ou Grêmio na grande decisão.