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TIRO LIVRE

Thiago Neves, por enquanto, só virtual

Por mais que fisicamente o armador não esteja em campo, a vaguinha dele na equipe está lá, guardadinha. Alguém ali está apenas esquentando o lugar

postado em 17/02/2017 12:00 / atualizado em 17/02/2017 15:53

Alexandre Guzanshe/EM D.A Press
Ele mal chegou e já é cruzeirense de carteirinha – e isso não é mera força de expressão. Grande contratação do clube celeste para a temporada, Thiago Neves ainda não entrou em campo, não vestiu a camisa de jogo e nem deu sequer um chute em partidas oficiais, mas agita a torcida como se estivesse dando passes milimétricos para gols ou balançando as redes. De tão atuante nas redes sociais, ele se faz presente na vida da Raposa tanto quanto os companheiros que estão correndo atrás da bola e garantindo à equipe uma boa sequência invicta. Falta, no entanto, o principal: sair do gramado virtual e ir para o real.

Desde a confirmação da contratação, em 5 de janeiro, já se passaram 40 dias. Neste período, o armador declarou amor eterno ao azul (cor que também vestia no futebol árabe), despediu-se dos companheiros de Al-Jazira, agradeceu à recepção dos cruzeirenses em Confins, postou foto com a carteirinha de sócio-torcedor do clube e vem mostrando seu dia a dia na Toca ao lado dos novos parceiros. Assim que a temporada começou, passou a atuar como verdadeiro motivador: vibra com os gols, comemora as vitórias, elogia a atuação do time.

Até arriscou um palpite, levando os torcedores à loucura. “Tô avisando que ninguém vai segurar esse time neste ano, e olha que está só começando! Parabéns, Cruzeiro, tá bonito de ver vocês jogando!”, escreveu. Houve gente já pensando numa final de Mundial com o Barcelona; outro avisou que o salário já estava comprometido com as cervejas que vai tomar para comemorar as taças. Mas a maioria dos comentários foi em forma de apelo: eram pedidos para que Thiago Neves estreasse logo. O fato é que está nas mãos da Fifa o dia em que a torcida celeste, finalmente, poderá ver o armador em ação.

Sair de forma litigiosa do futebol árabe não costuma ser boa ideia. É como mexer em vespeiro – a contrapartida costuma ser pesada. Os dirigentes de lá levam a palavra rancor ao pé da letra, fazendo de tudo para empacar a vida do dissidente. Já houve brasileiro que teve até o passaporte confiscado para não poder sair do país. Outros tantos tiveram de acionar a Fifa para poder atuar, e o próprio Cruzeiro viveu esse tipo de experiência quando contratou Diego Souza, em 2013. O argumento era parecido ao de Thiago Neves para a quebra unilateral de vínculo: os salários atrasados. Thiago ainda alega que vinha sendo impedido de exercer sua atividade profissional, pois estava afastado do grupo principal do Al-Jazira e até bancava um preparador físico particular para manter a forma. Com Diego Souza, o veredicto da Fifa, com a liberação para que ele pudesse atuar pela Raposa, demorou mais de dois meses para sair – 76 dias, para ser mais exata.

O processo, no caso de Thiago Neves, está no meio do caminho. O Cruzeiro entrou com o recurso na Fifa, via CBF, no dia 3 deste mês. A expectativa é de que de uma liberação provisória para que ele seja inscrito saia até quinta-feira. Mas nem o clube celeste confirma esse prazo, temeroso de que ele se estenda mais. Fato é que Mano Menezes já falou mais de uma vez que pretende ter o time definido até o fim deste mês. E é sabido que esse time tem Thiago Neves no meio-campo.

Por mais que fisicamente o armador não esteja no gramado, a vaguinha dele na equipe está lá, guardadinha. Alguém ali está apenas esquentando o lugar para o armador, bem naquele trabalho de flanelinha mesmo. Há quem diga que seja o volante Ariel Cabral, e aí Mano partiria para uma estratégia bem ofensiva, com Thiago Neves ajudando na marcação e tendo liberdade de chegar à frente. Outra aposta é a saída de Alisson, com Thiago tendo função mais ofensiva.

Como é um jogador acima da média, ele não deverá ter problema em encontrar seu espaço. Como o Cruzeiro vem atuando bem, está invicto na temporada e não deu chance para a zebra na Copa do Brasil, o próprio cenário está propício para tudo isso. Até para a espera.

Tags: Thiago Neves cruzeiroec