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DA ARQUIBANCADA

Tá na hora de chover

Para a Série B, precisamos de mais um lateral-direito, dois laterais-esquerdos, um bom atacante de lado e um centroavante calejado, com faro e fome de gol

postado em 24/03/2017 12:00 / atualizado em 24/03/2017 13:50

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História recente. O América estava na Série B e o treinador era Givanildo Oliveira, que descobriu na base o centroavante Richarlison, 18 anos (foto), e o lançou na equipe titular aos 31min do segundo tempo de um jogo contra o Mogi Mirim, em 4 de julho de 2015. Dez minutos depois, o garoto deixou sua marca nas redes adversárias e contribuiu para a vitória do Coelho por 3 a 1. A torcida vibrou e teve a certeza de ver, como já vira com Palhinha, Euler, Éder Aleixo e Fred, entre outros, o surgimento de mais um grande jogador de categoria internacional revelado aqui.

Até o final da competição, Richarlison fez nove gols. E, se a memória não me engana, deu nove passes para gols de companheiros, entre eles, Marcelo Toscano, que também brilhou e terminou o campeonato com 13 tentos e um número grande de passes para gols de outros jogadores. Esses 22 gols da dupla, mais o seu bom serviço de “garçons”, foram decisivos para o América marcar 55 gols em 38 jogos e conquistar uma vaga na Primeirona de 2016. Infelizmente, em dezembro de 2015, Toscano se mandou para a Ásia, e Richarlison foi vendido para o Fluminense.

Desde que saíram do América, a torcida passou a vivenciar o futebol do time como se estivesse no deserto do Saara. Seca brava, com um golzinho aqui e outro ali, como pingos esparsos de uma chuva que não chega nunca para encharcar a alma do torcedor. Em 2016, o Coelhão foi campeão mineiro (viva!); porém, na Série A, com Toscano e Richarlison substituídos por Michael e Nixon, atacantes que não sabiam fazer gols, o vexame vestiu o uniforme alaranjado: em 38 jogos, foram pífias 23 balançadas de rede, menos da metade do total do ano anterior. Ataque bola murcha.

Em 2017, o América tem feito poucos gols. Pelo que mostrou até agora, Hugo Almeida é tão somente um batalhador; mas, mesmo que fosse um cracaço de bola – o que não é –, ainda assim seria difícil para ele se tornar goleador, pois o esquema tático do treinador Enderson Moreira não apenas deixa o centroavante isolado lá na frente, como também o obriga a voltar até o meio do campo para marcar a saída de jogo dos adversários. Dado a ele esse desconto, Rubens e Pilar merecem ter suas chances.

Pode ser que daqui pra frente a vida do centroavante melhore, pois a entrada de Christian no time trouxe a luz e a criatividade que apenas Gustavo Blanco mostrava no meio-campo. Ambos são jovens, bons de bola e sabem fazer o que o futebol exige nesse setor: marcar e criar. Não é coincidência que os dois tenham participado dos gols da vitória sobre o América-TO. Quanto aos meio-campistas “adultos”, Juninho e Ernandes são mais problema que solução; Tony tem potencial para a criação, mas nunca mais foi o mesmo depois da contusão que o deixou fora de combate; Gérson Magrão tem sido eficiente em alguns jogos; Renan Oliveira é vaga-lume, acende e apaga.

Vou insistir: para a Série B, precisamos de mais um lateral-direito, dois laterais-esquerdos, um bom atacante de lado e um centroavante calejado, com faro e fome de gol.

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