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DA ARQUIBANCADA

O Coelho se distanciou do brejo

Trabalhar com a base é bom. O Grêmio dá exemplo na Série A e o América pode ser exemplar na Série B

postado em 23/06/2017 12:00 / atualizado em 23/06/2017 10:40

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

O Grêmio apresenta o melhor futebol entre os 40 times que disputam os campeonatos nacionais das Séries A e B. O empate em 3 a 3 com o Cruzeiro foi um jogo sensacional, cujo placar poderia ter sido 4 a 4 (houve pênaltis não marcados), 5 a 5 ou até mesmo 6 a 5 para uma das equipes. Mas, além do espetáculo futebolístico, registre-se e destaque-se aqui este fato admirável: sete dos 11 jogadores do Grêmio que entraram em campo foram formados em suas categorias de base. E jogaram um bolão! Sinal eloquente de inteligência administrativa dos dirigentes gremistas e de sensibilidade do treinador Renato Gaúcho.

Lição dada e ensinada publicamente a torcedores e dirigentes dos demais clubes brasileiros, incluído aí o América, que tem tradição na revelação de bons jogadores e até por isso mesmo acaba de receber da CBF o Certificado de Clube Formador na categoria B (nada a ver com Série B), válido por um ano – quais requisitos não cumpridos impossibilitaram o clube de conquistar o de categoria A, que tem prazo de validade maior? Com a palavra os responsáveis.

Mesmo sendo o América clube historicamente revelador, tem sido penosa a transição dos atletas da base ao profissional. Há a resistência inexplicável de muitos torcedores e nem sempre dirigentes, diretores de futebol e treinadores dão o apoio, o treinamento e as oportunidades necessárias para que os garotos possam crescer e se firmar como profissionais. Neste sentido, o momento no Coelho é favorável a eles, pois nove pratas da casa integram o grupo à disposição de Enderson Moreira: Glauco e Glaycon (goleiros), Messias e Roger (zagueiros), Christian, Zé Ricardo, Renato Bruno e Matheusinho (meio-campistas) e Rubens (atacante). Messias, Zé Ricardo, Christian e Matheusinho estão provando a cada jogo a qualidade do seu futebol e o acerto de suas escalações.

Prova ainda quentíssima na memória foi a vitória do América sobre o Santa Cruz, com um golaço de Matheusinho. Aos 19 anos, o garoto revelado na base finalmente desencantou e fez uma jogada como as tantas que fazia quando atuava no Sub-17 e depois no Sub-20: dominou a bola, acreditou em si, foi para cima dos defensores, driblou dois deles, chutou com força no canto direito baixo da meta adversária e estufou as redes. Sem dúvida, um belo gol, mais ainda diante das circunstâncias do jogo, um 0 a 0 teimoso e no qual os atletas americanos desperdiçavam seguidas chances. Como, aliás, tem ocorrido em várias partidas nessa competição: até agora, a equipe fez apenas sete gols em nove jogos, pouco para quem pretende garantir uma vaga de participante na Primeirona de 2018. Com esse gol salvador, Matheusinho impediu o Coelho de se atolar no brejo (se tivesse empatado, o América ficaria a um ponto do CRB, 17º colocado) e, na direção contrária e ascendente, posicionou o clube a um ponto do Goiás, 4º colocado na zona de classificação.

Trabalhar com a base é bom. O Grêmio dá exemplo na Série A e o América pode ser exemplar na Série B. Tomara que sim.

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