Em 1965, quando foi inaugurado, o Mineirão foi apontado pelos profissionais da época como um dos responsáveis pelo crescimento do futebol mineiro, que conquistou títulos de expressão nacional e internacional nos anos seguintes. Agora, depois de ficar dois anos e meio fechado por causa das obras da Copa do Mundo’2014, o Gigante da Pampulha começa novo capítulo nesta sexta-feira, 21 de dezembro, com a esperança de elevar ainda mais o esporte em BH. O primeiro grande teste será a Copa das Confederações'2013, quando haverá três partidas na arena. Mas a grande atração será a Copa do Mundo'2014. No Mundial, o estádio receberá seis partidas, inclusive a semifinal. Se terminar na primeira posição do seu grupo, a Seleção jogará as oitavas de final e pode lutar por uma vaga na decisão na capital mineira.
A solenidade de reinauguração contará com a presença de autoridades como a presidente Dilma Rousseff, o governador Antonio Anastasia, o prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda e o secretário extraordinário de Copa do Mundo em Minas, Tiago Lacerda. Para o governador de Minas Gerais, o estádio proporcionará o retorno das famílias aos jogos de futebol.
“Após cumprir o cronograma de obras, o Mineirão está sendo entregue à população com formato moderno, segundo os altos padrões aplicados nas principais arenas do mundo. Viveremos um momento histórico com a volta das famílias ao estádio. Chegou a hora de matar a saudade”, afirmou Anastasia.
O torcedor terá três dias para conhecer a nova casa (20 mil pessoas por dia poderão visitar o anel superior) e ainda poderá assistir ao show da banda Jota Quest, nesta sexta, a partir de 20h, no Setor Norte. A cerimônia de reabertura do Mineirão terá transmissão do Superesportes/Portal Uai, em vídeo, a partir das 16h.
Investimento no estádio
Os primeiros passos para a Copa do Mundo de 2014 no Mineirão se iniciaram no dia 25 de janeiro de 2010, quando o estádio sofreu as primeiras intervenções para o Mundial e a Copa das Confederações. Ainda com a presença de jogos, o campo continuou ativo para as partidas até o dia 6 de junho do mesmo ano, e teve como despedida o duelo entre Atlético e Ceará, com vitória dos nordestinos por 1 a 0.
Com custo total de R$ 666, 3 milhões, o Mineirão recebeu investimentos em três fases. A primeira e a segunda foram com dinheiro público, no total de R$ 11,8 milhões aplicados pelo estado. A terceira e mais onerosa foi por meio de uma parceria público-privada (PPP), em que a concessionária Minas Arena injetou R$ 654,5 milhões para a reforma. O investimento dará à empresa o direito de explorar o espaço por 25 anos em gestão compartilhada com o estado.
De acordo com o presidente do consórcio Minas Arena, Ricardo Barra, para ser "autossustentável", o estádio precisa gerar ganhos na faixa de R$ 4,2 milhões por mês. Porém, o mandatário projeta valores acima desses montantes devido à variedade de eventos que a arena pode receber.
Quando a bola rola
O duelo inaugural do estádio terá os arquirrivais Atlético e Cruzeiro. As equipes se enfrentam no dia 3 de fevereiro. Chegou a ser especulada uma reedição da partida de abertura de 1965, entre Seleção Mineira e River Plate, no dia 27 de janeiro, mas a equipe argentina não tinha data disponível.
Em relação aos jogos da Seleção Brasileira, o Mineirão receberá um amistoso no dia 9 de junho. O Brasil encara a França, seis dias antes do início da Copa das Confederações. Pela competição de seleções que precede a Copa do Mundo’2014, o estádio terá três partidas, entre elas a semifinal do torneio. Existe a possibilidade de ocorrer um confronto histórico nessa fase, com Brasil diante de Uruguai ou Espanha e outra chance seria um embate entre a Fúria e a Seleção Italiana.
Por enquanto, o Mineirão tem duas partidas confirmadas na fase inicial da Copa das Confederações. A primeira será entre Tahiti e o vencedor da Liga dos Campeões da Confederação Africana de Futebol, no dia 17 de junho, às 16h. O outro jogo será entre México e Japão. Já pelo Mundial, o "Gigante" receberá seis partidas em 2014. O secretário Tiago Lacerda comemora a presença do palco na festa.
“Será um dia histórico. Além disso, o estádio se consolida como um dos grandes legados tangíveis desse grande evento esportivo”, afirma Tiago Lacerda, secretário de estado extraordinário da Copa do Mundo.
Raio-x do Mineirão
Dentre as modernidades apresentadas, o estádio terá 47 lojas, espaço para eventos e passeios em uma esplanada com 80 mil m2, que permite a acomodação de até 65 mil pessoas, 58 bares e lanchonetes internos, um museu (obra que terá quatro fases e terá a primeira entregue junto com o estádio), quatro fraldários, dois telões de alta resolução, 54 sanitários e até escritórios. O pregão eletrônico para uma pleitear uma vaga nos camarotes será realizada em janeiro.
Sem atrasos no cronograma previsto para entrega, o Gigante da Pampulha teve três mil operários no pico da obra, sendo 103 mulheres e 46 detentos. Ao todo, o estádio contará com 2.925 vagas de estacionamento, com 1.884 cobertas e 1.041 ao ar livre. Dentre os espaços disponíveis, 255 estão reservados para deficientes, motos, bicicletas, bombeiros, carga e descarga e viaturas.
As dimensões do gramado do Mineirão seguem o padrão da Fifa, com 105m x 68m, e o campo foi rebaixado em 3,4 metros para facilitar a visibilidade dos presentes. Para entrar nos jogos, os torcedores poderão passar por 106 catracas de acesso, divididas em seis setores.
Para a imprensa, o estádio implantou uma tribuna com 388 vagas para jornalistas, ainda há a presença de uma ampla sala de entrevistas, sala de conferência e estúdios de transmissão. O acesso aos vestiários se dá por meio do túnel central, onde os clubes entrarão juntos. Nos bancos de reservas há vagas para todos os suplentes e quatro membros da comissão técnica.
Primeiro imbróglio
“Lindo e bonito é pagar salário em dia, montar time, fazer 72 pontos no Brasileiro, ser campeão do Mineiro invicto. Ou senta com o Atlético ou não tem Mineirão. Não adianta pressão. Não cedo, não interessa. Se alguém tem interesse que o Atlético jogue no Mineirão, que venha com uma conversa de gente grande. O Atlético não vai enriquecer ninguém”, disse Kalil.
Na outra via da história, o Cruzeiro assinou um contrato de exclusividade para atuar no Gigante da Pampulha pelos próximos 25 anos. Pelo compromisso, o time celeste ganhará um espaço no museu e um bar temático no Mineirão. O presidente Gilvan de Pinho Tavares declarou que conta com a arrecadação no estádio para alavancar as receitas da Raposa. O Cruzeiro terá direito a explorar 54 mil ingressos dos 62.160 disponíveis e a Minas Arena ficará com os bilhetes comercializados nas áreas de hospitalidade, definidas pela concessionária.
Depois de adiantar que o ingresso mais barato para os jogos do time celeste será R$ 50 e o mais caro R$ 150, além dos programas de sócio-torcedor, o Cruzeiro faz contas para faturar mais com a nova casa. "Se fizermos uma conta rápida, chegaremos em números interessantes. No Independência lotado, como foi no último jogo contra o Atlético, a renda chega a R$ 700 mil. O Mineirão suporta um público três vezes maior e nosso preço de ingresso vai saltar. Você passa pura e simplesmente a receber R$ 2 milhões por jogo. Em jogos com preços mais altos, as rendas serão da ordem de R$ 3 milhões”, vislumbrou Gilvan.
Caso transfira o mando de algum confronto para o Mineirão, o Atlético terá que pagar uma multa à BWA. O valor é mantido em sigilo por ambos.
Estádio Liberado
Mesmo com o contrato com a Arena Independência, o Galo pode jogar no Mineirão quando desejar, pois o edital público prevê que qualquer clube tem direito de atuar no estádio mediante o repasse das vagas de hospitalidade para a Minas Arena. Os outros 54 mil lugares e o estacionamento seriam de posse do mandante.
Segundo Alexandre Kalil, o impasse não impedirá a partida de estreia e apenas resta saber como será a divisão das torcidas. Mediante o temor do Cruzeiro, mandante do primeiro jogo, não receber o mesmo tratamento na vez do Alvinegro, o dirigente atleticano adiantou que já está acordado entre os clubes que os clássicos da primeira fase do Campeonato Mineiro de 2013 e 2014 terão moldes semelhantes. No ano que vem, o Cruzeiro é o mandante. Caso opte por torcida única, o Galo deverá fazer o mesmo em 2014. Se houver divisão de torcida no ano que vem, acontecerá o mesmo em 2014.
Em relação aos clássicos de um possível encontro na semifinal ou final do Mineiro e do Campeonato Brasileiro, Kalil disse que vai se reunir com o Cruzeiro para definir a configuração dos jogos.
