SELEÇÃO BRASILEIRA

Com a força do coletivo

postado em 03/08/2014 09:30

 (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)

Marcos Paulo Lima e Vítor de Moraes
O mundo de Carlos Caetano Bledorn Verri dá voltas e quase sempre faz uma longa parada na Seleção. Campeão mundial Sub-20 em 1983 e medalha de prata há 30 anos, nas Olimpíadas de Los Angeles’1984, Dunga só retornou dois anos depois, em 1986, depois da era Telê Santana. Marcado pela eliminação diante da Argentina, em 1990, voltou a ser chamado em 1993. Foi o capitão do tetra, em 1994, e do vice, em 1998. Oito anos mais tarde, estreava no cargo de treinador à frente da esquadra canarinho. O cordão umbilical parecia ter sido cortado após a eliminação no Mundial de 2010, diante da Holanda, mas, no último dia 21, ele reassumiu o cargo depois da maior derrota da história da Seleção – 7 a 1 diante da Alemanha.

Na sexta-feira, quando participou em Brasília de um encontro de jogadores que atuaram no Japão com o primeiro-ministro Shinzo Abe, ele falou com exclusividade dos planos e desafios em sua segunda passagem pela Seleção. “Quando você conta só com a individualidade, tanto o coletivo quanto a individualidade não têm o mesmo rendimento. Em 1970, o Brasil tinha o Pelé, mas por trás dele, havia um trabalho coletivo, organizado. Em 1958, 1962, 1994 e 2002, da mesma forma. Para mim, não existe o sistema do treinador. Eu tenho que me adaptar à qualidade dos jogadores que eu escolher. Agora, o que não vai mudar (em relação a 2010), é que seremos uma equipe altamente competitiva, comprometida, com foco”.

O treinador falou ainda da dificuldade para encontrar centroavantes e armadores de talento e como isso pode interferir até mesmo na forma de jogar do Brasil: “Se vou usar o Neymar como um falso 9? A gente vai ter que achar uma solução. Hoje, o futebol é muito versátil, exige muita movimentação. Ter um centroavante fixo pode dar certo em alguns torneios, mas em outros, não. É preciso ter mobilidade para criar espaço. Nós temos dificuldade para encontrar alguns jogadores porque saem muito cedo, com 17, 18 anos, e não são titulares nos seus times. Quando eles chegam lá, não conseguem ter experiência, dinâmica, o condicionamento ideal, a autoestima elevada, e a Seleção sofre. Mas se todos achamos que o Neymar é o nosso melhor, ele tem que jogar na posição dele. Os outros é que têm de se adaptar.”

MOVIMENTAÇÃO

E por que o Brasil não consegue mais trocar passes, abusa da ligação direta? “É muito importante quem está ao redor do jogador que tem a bola dar opção. Às vezes, o cara fica com a bola, é pressionado e não tem uma opção de passe curto. Por isso, o futebol prega, hoje, que precisamos ter movimentação, não dá para ficar estático. O mais importante é aproveitar a qualidade do nosso jogador e fazê-lo entender que, no futebol de hoje, todo mundo tem que participar na hora de roubar a bola, contribuir na hora de atacar, ser compacto e não achar que tudo será resolvido na base do improviso.”

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