Libertadores 1997
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LIBERTADORES 1997

Dida: o paredão que pegou pênaltis, fez milagres e garantiu a Libertadores de 97

Goleiro foi preponderante na conquista pelo Cruzeiro há duas décadas

postado em 12/08/2017 08:01 / atualizado em 16/12/2020 23:05

(Foto: TV Alterosa/Reprodução)
Talvez quando pense na conquista da Copa Libertadores de 1997, o torcedor cruzeirense projete na memória a imagem de Elivelton, o autor do gol da vitória sobre o Sporting Cristal (1 a 0), pelo jogo de volta da final, no Mineirão. Mas o grande nome daquela campanha estava distante da possibilidade de balançar as redes. Sua tarefa era exatamente oposta, evitá-los. Com defesas de pênaltis e 'milagres' em muitos jogos, Dida foi o paredão do Cruzeiro e marcou seu nome na história do clube.

A trajetória daquela Libertadores começa um ano antes, em 1996. Para chegar à competição internacional, o Cruzeiro se classificou graças à conquista da Copa do Brasil. E outra vez Dida apareceu em destaque. Ele foi capaz de parar o trio de ataque Rivaldo, Luizão e Djalminha, que marcou mais de 100 gols no Campeonato Paulista daquele ano. Um recorde! Para muitos, o time treinado por Vanderlei Luxemburgo foi um dos maiores formados pelo Verdão. Dida não se intimidou. Pegou quase tudo na final, no estádio Parque Antarctica, em São Paulo. "Acho que foi uma das maiores atuações de um goleiro em jogos decisivos no Brasil”, disse o técnico Levir Culpi, comandante celeste naquele título.

Acha muito brecar o então melhor ataque do Brasil? Mas ele fez mais. No ano seguinte, Dida mostrou por que era um dos melhores goleiros do mundo e então titular da Seleção Brasileira. Ele foi determinante na segunda conquista da Copa Libertadores do Cruzeiro. “O Dida foi regular o campeonato todo, era grande, era frio”, opinou Fabinho, volante titular do time de Paulo Autuori.

Depois de uma primeira fase difícil, o Cruzeiro enfrentou o El Nacional nas oitavas de final. O time equatoriano venceu a primeira partida por 1 a 0. A equipe celeste respondeu no Mineirão (2 a 1), e a decisão foi para os pênaltis. Dida defendeu a cobrança de Chalá e garantiu a classificação, já que a Raposa converteu todas as cobranças e ganhou por 5 a 3.

O goleiro era o porto seguro da Raposa. Dava tranquilidade para a defesa e era um líder técnico, sempre pronto para fazer uma defesa salvadora se necessário. E os jogadores sabiam disso. “O Dida esteve presente nas conquistas que eu tive no Cruzeiro e também na Seleção Brasileira. Um goleiro como o Dida dá total tranquilidade ao time. Você sabe que ele ia decidir se fosse necessário. Quando o goleiro aparece muito, é porque tem alguma coisa errada. Mas ele tem que aparecer naquele momento decisivo, fazer as defesas que vão levar o time ao título. E o Dida era assim. Nós tínhamos total tranquilidade e segurança de saber que quando ele fosse solicitado, daria conta do recado. Aquele goleiro no qual o zagueiro tem a segurança de que, se a bola passasse por você, o Dida ia segurar. A gente tinha essa segurança nele. As grandes equipes começam com um grande goleiro, e nós tínhamos um excelente goleiro”, frisou o zagueiro Gelson Baresi.


Nas quartas de final, o goleiro também foi importante contra o Grêmio, com atuações seguras. O Cruzeiro venceu o jogo de ida por 2 a 0, no Mineirão, e perdeu a volta por 2 a 1, no Olímpico, avançando no saldo de gols. Nas semifinais, a estrela do goleiro luziu ainda mais. O adversário foi o Colo Colo. O Cruzeiro conquistou triunfo em Belo Horizonte por 1 a 0 e acabou derrotado fora por 3 a 2. Dos três gols do time chileno, dois foram de pênalti. Dida esteve longe de defender as duas cobranças de Basay. Nada que preocupasse. Um novo encontro estava marcado para a decisão nas alternadas. E o goleiro levou a melhor. O atacante chileno chutou forte no meio do gol. Dida tirou com a perna. Ele também defendeu a segunda cobrança dos chilenos, de Espina. A Raposa acertou todas (Ricardinho, Donizete, Fabinho e Marcelo Ramos) venceu por 4 a 1 e avançou à final.



O maior milagre 

Cruzeiro e Sporting Cristal disputaram o título em dois jogos. No primeiro, empate fora por 0 a 0 no estádio Nacional, em Lima, no Peru. No Mineirão, o Cruzeiro fez 1 a 0, com Elivélton, um gol inesquecível para os cruzeirenses. Mas o título só veio porque Dida fez uma defesa à queima-roupa. O lance começou em uma cobrança de falta de Solano, que chutou forte aos 20min do segundo tempo. Dida espalmou como deu. A bola sobrou na pequena área para o brasileiro Julinho, que bateu firme, mas o camisa 1 esticou o pé e fez a defesa. “Se o titulo vier, a metade dele já tem dono, o goleiro Dida. A primeira defesa dele foi excelente, a segunda foi monumental”, narrou Galvão Bueno, na TV Globo.

Além do título, Dida conquistou o reconhecimento de todos. “Para você fazer uma grande equipe, você precisa de um grande goleiro. E não tem como falar que o Dida não foi um grande goleiro. Ele está aí na história do Cruzeiro. Foi decisivo. Se não fosse aquela defesa na final, não teríamos conquistado a Libertadores. O Dida era muito humano. Nunca o vi faltar com respeito a ninguém. Quando cobrava, era uma pessoa suave, que todo mundo respeitava”, afirmou o lateral-direito Vitor, um dos integrantes do elenco campeão.

Nos 20 anos do título da Copa Libertadores de 1997, nada mais justo que celebrar o ex-goleiro Dida, o paredão que pegou pênaltis, fez 'milagres' e garantiu a conquista internacional. Um história eternizada nas lembranças dos cruzeirenses.

* Colaboraram Bruno Furtado, Guilherme Macedo, Matheus Adler e Tiago Mattar

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