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MINEIRÃO 50 ANOS

América enriqueceu sua galeria de troféus no Mineirão com times que marcaram época

Conquistas da Copa Sul-Minas de 2000 e dos Campeonatos Mineiros de 1971 e 2001 marcaram história do clube no Gigante cinquentão

postado em 24/08/2015 13:10 / atualizado em 24/08/2015 13:16

Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press

Embora tenha o Independência como principal casa, o América conquistou no Mineirão algumas das suas mais importantes glórias. Personalidades do clube apontam três troféus de grande relevância no Gigante da Pampulha: Estaduais de 1971 e 2001 e Copa Sul-Minas de 2000. “Em 1971 fomos campeões invictos e ainda tivemos o Jair Bala como artilheiro. Ele fazia muitos gols de bicicleta”, lembra Afonso Celso Raso, que, entre idas e voltas, dedicou mais de 50 anos de sua vida à direção do Coelho e hoje ocupa o cargo de presidente de honra.

O ex-presidente José Flávio Lanna Drumond coloca a Sul-Minas como mais marcante. “Pelo nível de dificuldade da competição, com os adversários que enfrentamos, considero a Sul-Minas como título mais importante”. Já para o atual integrante do conselho de administração Francisco Santiago, que prefere comentar na condição de torcedor, o título do Campeonato Mineiro de 2001 não sairá da memória. “Sobretudo pelo primeiro jogo, em que ganhamos por 4 a 1 com um time recheado de jovens, foi muito especial”.

Osmar de Paula-04/03/2000
Se considerado o nível de disputa, José Flávio Lanna Drumond tem razão ao classificar a Copa Sul-Minas de 2000 como o título de maior expressão do América no Mineirão. Técnico da equipe há 15 anos, Flávio Lopes reforça as palavras do ex-mandatário. “Concordo com o José Flávio. Tenho para mim que a Sul-Minas foi mais importante que a própria Série B conquistada pelo América no Independência em 1997. Tínhamos um time formado por muitos garotos. Até eu era novo. Estava com 34 anos, começando a carreira de técnico ainda. Enfrentamos Internacional, Atlético-PR, Figueirense e Cruzeiro. Grandes equipes como Atlético, Grêmio, Coritiba e outras participaram da competição”, recorda Flávio, que também foi ídolo do Coelho como jogador na década de 1990 e hoje ocupa o cargo de gerente de futebol.

Disputada entre janeiro e março de 2000, a Copa Sul-Minas foi dividida em três chaves com quatro clubes – Grupo 1: América, Atlético-PR, Avaí e Internacional; Grupo 2: Atlético, Grêmio, Figueirense e Paraná; e Grupo 3: Cruzeiro, Coritiba, Grêmio Maringá e Juventude. O Coelho, que terminou a primeira fase na liderança de seu grupo com 11 pontos (levou vantagem no saldo de gols sobre o Atlético-PR), mandou todas as partidas da primeira fase no Independência. Contra o Furacão, na semifinal, o jogo de volta também ocorreu no Horto. As equipes empataram por 2 a 2 e o América acabou vencendo nos pênaltis por 4 a 2.

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Depois de mostrar força no Independência, o América encarou o desafio de jogar no Mineirão, onde o Cruzeiro era muito forte. Além de ter eliminado o Paraná na semifinal (vitória por 2 a 1 em Curitiba e empate por 1 a 1 no Mineirão), a Raposa liderou o Grupo 3 com folga: 13 pontos, 11 gols marcados e quatro sofridos. Mas logo no primeiro confronto, em 26/02, os comandados de Flávio Lopes quebraram o favoritismo da equipe de Paulo Autuori e venceram por 1 a 0, com gol de Pintado.

A vantagem americana era magra. Ainda restava o segundo jogo. O Cruzeiro teria 90 minutos para marcar dois gols e sair com o troféu. No dia 1º de março, a Raposa se lançou ao ataque desde o início e conseguiu abrir o placar aos 40min do segundo tempo, com o lateral-direito Zé Maria: 1 a 0. O América, por sua vez, foi valente e se defendeu como pôde. Milagres, hoje técnico da equipe sub-20, fez defesas memoráveis. E viu os colegas levarem perigo ao gol celeste em contra-ataques.

Jorge Gontijo/EM/D. A Press 04/03/2000


O Coelho chegou ao empate aos 8min da etapa final: Palhinha tocou para Zé Afonso, que chutou na saída do goleiro André: 1 a 1. Pouco depois, o volante Pintado, jogador mais experiente da equipe alviverde, desperdiçou uma cobrança de pênalti. Quando a partida parecia se encaminhar para uma igualdade, o que já garantiria o título ao América, o atacante Álvaro, na época com apenas 20 anos de idade, puxou um rápido contragolpe, deixou o volante Ricardinho no chão e bateu firme no canto, assegurando a virada e o troféu da Sul-Minas para o CT Lanna Drumond.

“Contra tudo e contra todos! Não é fácil ganhar do América não! Ninguém ganha antes do jogo não! Tem que ganhar é aqui dentro!”, desabafou Wellington Paulo, zagueiro do América, durante a comemoração pela conquista do troféu, ainda sobre o gramado do Mineirão. A Sul-Minas de 2000 foi a única conquista interestadual oficial da história do Coelho. A escalação da equipe na decisão contou com Milagres; Estevam, Dênis, Wellington Paulo e Fabrício; Edgar, Pintado, Ruy (Jean) e Palhinha (Claudinei); Rinaldo (Álvaro) e Zé Afonso.

Estaduais de 1971 e 2001

Apenas três das 15 edições do Campeonato Mineiro que o América ganhou ocorreram depois da inauguração do Mineirão, em 1965. A primeira em 1971, a segunda em 1993 e a terceira – e última – em 2001. Só que o título da década de 1990 foi garantido com vitória em Governador Valadares sobre o Democrata (4 a 1), no dia 27 de junho daquele ano, diferentemente do acontecido nas outras duas conquistas.

Em 1971, o América ganhou o Estadual disputado no sistema turno e returno de maneira invicta. Em 22 jogos, o time alviverde venceu 16, empatou seis e ainda teve Jair Bala como artilheiro, com 14 gols marcados. O vice-campeão foi o Cruzeiro, e o Atlético terminou a competição em terceiro lugar.

Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press


“Eu tinha 16 anos naquela época e já era levado ao Mineirão pelo meu pai. Lembro-me bem daquele time que ganhava de todo mundo. O América tinha naquele ano um de seus melhores times da história”, conta o ex-presidente do América, Marcus Salum.

Curiosamente, o Coelho ganhou o campeonato “sem entrar em campo”. Depois de vencer o Uberlândia no dia 26 de junho de 1971, por 3 a 2, no Mineirão, o América torcia por pelo menos um empate no clássico entre Cruzeiro e Atlético disputado no dia seguinte, também no Gigante da Pampulha. Deu certo. A Raposa, que tinha chances de alcançar o Coelho, foi derrotada pelo time alvinegro por 1 a 0, dando adeus às chances de conquista.
Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press


O time americano campeão de 1971 escalado pelo técnico Henrique Frade tinha Élcio; Misael, Vander, Café e Cláudio; Pedro Omar e Dirceu Alves; Hélio, Amauri Horta, Dario e Jair Bala.

Trinta anos depois, o Mineirão voltou a ser palco de uma conquista estadual do América. Sobretudo pela equipe ser formada por muitos jovens, o Campeonato Mineiro de 2001 é lembrado com carinho por quem acompanhou de perto a decisão contra o Atlético.

“Eram muitos jogadores da base. Tinha os recém-promovidos, como era o meu caso, os de Alessandro, Tucho, Rodrigo, Thiago. E os outros mais experientes também haviam sido formados no clube: Wellington Paulo, Ruy, Claudinei, Fabrício. Conseguimos ganhar do Atlético, que tinha uma grande equipe”, relembra o ex-volante Ricardo Mendes, que hoje, aos 35 anos de idade, trabalha como coordenador nas categorias de base do América.

Há 14 anos, o Coelho chegou à decisão do Campeonato Mineiro contra o Atlético. No jogo de ida, disputado no dia 27 de maio no Mineirão, o time comandado por Lula Pereira venceu por 4 a 1, com gols de Wellington Paulo, Tucho e Rodrigo (duas vezes). Gilberto Silva descontou para o Galo.

Washington Alves/Lightpress


Na volta, o Atlético precisava vencer por quatro gols de diferença para ser campeão. Diante de mais de 46 mil torcedores, o time alvinegro fez 3 a 0 com Guilherme, Gilberto Silva e Lincoln. Mas, aos 33min do segundo tempo, Alessandro, na época com apenas 19 anos, foi o herói alviverde ao chutar da entrada da área e contar com colaboração do goleiro Velloso: 3 a 1.

“Glória a Deus! Tenho que agradecer a Deus e ao professor (Lula Pereira), que confiou no meu trabalho. Esse título é dedicado a todo o grupo”, bradava Alessandro, aos prantos. Mais tarde, o atacante virou ídolo da torcida americana, marcando 56 gols em 169 jogos pelo clube.

A formação do América na partida derradeira do Estadual de 2001 teve Fabiano; Edson, Wellington Paulo, Thiago Gosling e Michael (Telmo); Ricardo, Ruy, Rogério (Adriano França) e Carlos Alberto (Alessandro); Rodrigo e Fabrício.

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