Em 50 anos, além dos craques, o torcedor do Atlético viu um desfile de emoções no Mineirão. O drama e o êxtase dividiram espaço no coração preto e branco. Foram momentos gloriosos, todos testemunhados pelo Gingante da Pampulha.
Em setembro de 1969, a honra alvinegra falou mais alto que o patriotismo. Mais de 70 mil pessoas foram ao estádio para ver Pelé. Mas aplaudiram Dario, no amistoso contra a Seleção Brasileira ou as “Feras do Saldanha”, como o time, treinador por João Saldanha, ficou conhecido após brilhante classificação à Copa do Mundo de 1970. Dadá Maravilha fez o gol da vitória por 2 a 1. O Atlético jogou de camisa vermelha, da Federação Mineira de Futebol, exigência da Confederação Brasileira de Desportos. A Seleção se tornaria campeã do mundo no ano seguinte e o Galo entrou para a história por aquele feito.
Um novo capítulo seria escrito pelo Atlético em 1971: o Mineirão era palco da primeira decisão de um Campeonato Brasileiro (somente em 2010, a CBF reconheceria a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa). O triunfo por 1 a 0 sobre o São Paulo foi o grande passo para a equipe erguer a taça na partida seguinte - vitória também por 1 a 0 sobre o Botafogo, no Maracanã. O gol do capitão Odair, cobrando falta da entrada da área, deixou o clube a um empate do título.
Após 1971, as conquistas nacionais escaparam do Atlético diversas vezes. Mas regionalmente, o clube manteve sua força. A ‘era Mineirão’ viu o Galo levar o troféu estadual 21 vezes - destaque para o hexacampeonato, entre 1978 e 1983. Anos depois, outro momento inesquecível: o título de 2007. Na decisão contra o rival Cruzeiro, o Atlético abriu vantagem de 4 a 0. O quarto gol, marcado por Vanderlei, está na memória atleticana: de costas, o goleiro Fábio não viu o lance que entraria para a história.
Internacionalmente, o Galo festejou duas Copas Conmebol no Mineirão: 1992 e 1997. Na primeira, contra o Olimpia-PAR, vitória por 2 a 0 na Pampulha. O bicampeonato foi conquistado com um empate por 1 a 1 com o Lanús-ARG.
A partir de 2012, o clube adotou o novo Independência como casa, um caldeirão que fez vítimas em série. Mas coube ao Mineirão servir de cenário para as glorias que viriam. Foi a Libertadores de 2013 que selou definitivamente o nome do Atlético no cenário esportivo mundial. Um roteiro de filme que teve o capítulo final recheado de drama. No Mineirão, o Galo deu o troco nos paraguaios do Olímpia, que haviam vencido o jogo de ida por 2 a 0. Empurrados pela torcida, que transformaria o grito “Eu acredito” em mantra, Victor, Leonardo Silva, Ronaldinho, Tardelli, Bernard, Jô e companhia tiveram a certeza do épico momento depois que Gimenez carimbou a trave na decisão por pênaltis.
Foi o reencontro do Atlético com as grandes conquistas. Foi o exorcismo dos fantasmas do Mineirão. E não pararia por aí. Em 2014, o estádio reviveu emoções na Recopa (contra o Lanús-ARG) e na Copa do Brasil. Viradas históricas sobre Corinthians e Flamengo levaram o time à inédita final do torneio nacional. Quis o destino colocar o Galo frente a frente com o Cruzeiro. No mar azul - mandante, a Raposa contou com 90% dos torcedores -, o Atlético comemorou a vitória por 1 a 0, se orgulhou da conquista sobre o arquirrival. Para os torcedores, o Mineirão ganharia o apelido de “salão de festas” do clube.