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MINEIRÃO 50 ANOS

Dezesseis anos entre o sonho e a realidade

A ideia de se construir o Mineirão surgiu em 1949

postado em 30/08/2015 11:00 / atualizado em 27/08/2015 21:25

(Foto: Arquivo EM)


O sonho de ter um grande estádio, para abrigar a torcida mineira vem muito antes de o Mineirão tornar-se realidade. Na verdade, toda essa história começou em 1949, quando começou a movimentação de políticos, dirigentes da Federação Mineira de Futebol, dos clubes, da Diretoria de Esportes e também da imprensa do estado. No mesmo ano, anunciou-se que o estádio seria construído na Lagoa Seca, onde havia um campo de futebol, em frenteao terreno do atual BH Shopping.

Segundo Afonso Celso Raso, jornalista e advogado, houve uma grande euforia, a ponto de Francisco Corte, empresário e político de Belo Horizonte, anunciar a venda das primeiras cadeiras cativas. Mas a ideia não vingou, embora tudo tivesse sido vendido. O local passara a ser o problema. Além da Lagoa Seca, surgiram como hipóteses um terreno junto ao Aeroporto da Pampulha, sugestão do Atlético, o Matadouro e o Prado. O problema é que o estado não dispunha de um local apropriado.

O tempo foi passando, até que o projeto se tornou realidade. Virou a Lei 1.947, de 12 de agosto de 1959. Surgiu então, nessa época, a hipótese de construção na Lagoa Seca e um banqueiro da cidade, Antônio Mourão Guimarães, embargou a tentativa na Justiça, pois o terreno era seu e bastou apresentar a escritura. Mas e as cadeiras cativas já vendidas? Viraram assunto para o futuro.

O governo do estado, por meio de seu mandatário, Magalhães Pinto, fez então um acordo com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para a cessão, sob o regime de comodato, de uma área junto ao Campus da Pampulha. Fora dado o primeiro passo. O problema seria a legalidade desse acordo. Por isso, o documento tem a participação do Ministério da Educação, da UFMG, da Diretoria de Esportes de Minas Gerais e do Conselho de Administração do estado de Minas Gerais.

Mas de onde viria a verba para a construção do estádio? Em princípio, um acordo entre a Diretoria de Esportes, que tinha sido designada como responsável pela obra, e a Loteria Mineira, resolveria o problema. As duas entidades seriam responsáveis pelo empréstimo financeiro. A primeira já havia pago 40% do total. O restante cabia à Loteria Mineira.

Começam as nomeações. O engenheiro-chefe seria um profissional integrante do quadro da Diretoria de Esportes: Gil César Moreira de Abreu. O arquiteto escolhido, Luiz Pinto Coelho. E havia ainda, para compor o conselho de construção, um agrônomo, Camilo de Assis Fonseca.

Mãos à obra

Assim, em 1960, tem início a obra. Primeiro, a contratação de pessoal. Depois, a terraplanagem. Em seguida, a fundação. Mas existiam os problemas de verba. O projeto se arrasta. Primeiro, pensava-se em sua inauguração em 1962. Mas o estádio mal começara a sair do chão. Vem o ano de 1963 e a obra continua. Apesar do grande número de funcionários, média de 3 mil, apesar da rotatividade, a obra caminha a passos lentos, muito em função de problemas financeiros.

Em 1963, Pelé vem conhecer a obra. Quer ver a novidade e a aprova. Percorre o canteiro de obras ao lado do governador Magalhães Pinto e de Gil César, que vai explicando cada detalhe.

Chega o ano de 1964 e ´percebe-se que ela vai atrasar. No segundo semestre, o engenheiro Gil César toma a decisão que daria certo e que seria a salvação para que o estádio fosse erguido. Ele criou três turnos de trabalho, cada um de oito horas. Os 3 mil operários foram divididos. A obra não parava. Eram 24 horas por dia. O estádio começa a ganhar forma.

Mas surge um problema: era preciso testar as estruturas, principalmente os amortecedores, uma novidade nos estádios brasileiros. Eis que Gil César tem a ideia genial. Convoca os 3 mil funcionários para estarem no local num mesmo horário. Colocou todos juntos, em cada um dos setores, e manda que pulem juntos. A estrutura resistiu e estava aprovada.

Chega a hora de escolher a grama. Era início de 1965. Vieram mostras do mundo inteiro. Todas foram plantadas. Por três meses, regadas e testadas. No final, uma surpresa. A que melhor se adequou ao terreno era uma grama daqui mesmo, de BH, a esmeralda.

Surgiram novos ´problemas financeiros. Era preciso terminar o estádio. A solução veio das cadeiras cativas. O jeito era pegar o dinheiro nos bancos. As cadeiras viraram garantias. Cerca de 930 foram repassadas à Caixa Econômica Estadual, que as negociaria – foram vendidas em contratos anuais para os torcedores. Da mesma forma agiu o Banco de Crédito Real, que, para liberar o dinheiro necessário, ficou com 607.

Mas e as cadeiras vendidas na época da Lagoa Seca? O jeito foi chamar cada um dos compradores e seus herdeiros, que foram indenizados pela aquisição. O estádio ficou pronto. Mas e o nome? A escolha recaiu sobre aquele que ficou marcado como responsável pela construção, o governador Magalhães Pinto, que tinha a obra como meta de seu governo. Mas vingou a tradição popular, que consagrou o Mineirão como nome.

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