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SELEÇÃO NO MINEIRÃO

Se valer a última impressão...

Em 24 jogos no estádio, a Seleção, que já foi representada por Palmeiras e Atlético, ganhou bem mais do que perdeu. Mas o mais recente é o desastre diante da Alemanha, na semifinal da Copa'2014

postado em 03/09/2015 11:02 / atualizado em 03/09/2015 14:18

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Da goleada sobre o Uruguai por 3 a 0 em 1965 ao trágico massacre por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo do ano passado, a passagem da Seleção Brasileira pelo Mineirão nos 50 anos do estádio foi marcada tanto por momentos positivos quanto por negativos. Apesar disso, nas 24 vezes em que time verde-amarelo esteve no campo belo-horizontino, o desempenho em geral foi favorável: 73,6% de aproveitamento, com 16 vitórias, cinco empates e três derrotas.

A história da Seleção no Gigante da Pampulha começou dois dias depois de sua inauguração, em 7 de setembro de 1965, contra o Uruguai. Com um aspecto curioso: a convite da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), a equipe canarinho foi representada pela Academia do Palmeiras, um grande time com nomes consagrados como Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Ademir da Guia, Julinho e Germano. Foi a única partida em que o Brasil teve no banco um treinador estrangeiro: o argentino Filpo Núñez, o comandante alviverde. E a vitória veio sem dificuldades: 3 a 0, gols de Rinaldo e Tupãzinho no primeiro tempo e Germano no segundo.

A Seleção voltaria ao Mineirão menos de um ano depois e de novo saiu vitoriosa: 1 a 0 sobre País de Gales e 4 a 1 contra a Polônia – o cruzeirense Tostão marcou nesta goleada seus dois únicos gols com a camisa amarela no palco em que se consagrou. A exemplo do Palmeiras no ano de inauguração, o Brasil foi representado pela Seleção Mineira contra a Argentina em 1968. Foi um Cruzeiro reforçado pelos atleticanos Djalma Dias e Oldair e, no segundo tempo, pelo americano Dirceu Alves. O placar naquele 11 de agosto foi 3 a 2, com gols de Evaldo, Rodrigues e Dirceu Lopes.

GALO A FAVOR E CONTRA No mesmo ano, o Brasil voltou ao local. Na verdade, o Atlético, com o uniforme da Seleção. Dias antes, a Iugoslávia havia empatado por 3 a 3 com o Brasil, no Maracanã, no jogo que provocou a queda da comissão técnica, encabeçada por Aymoré Moreira – João Saldanha seria contratado para o seu lugar. Diante do Galo, os europeus fizeram 2 a 0, mas o Galo virou, com Vaguinho, Amauri e Ronaldo. Depois do gol de empate, o técnico Yustrich invadiu o gramado para dar um beijo na testa de Amauri. A Massa saudou a virada com gritos de “vingador!”.

Maior artilheiro da Seleção, Pelé marcou duas vezes por ela no Mineirão. A primeira, na vitória sobre o México por 2 a 1, foi de falta, com a bola entrando no ângulo direito de Ignácio Calderón. Quase um ano depois, o Rei esteve em campo na primeira derrota do time no estádio, sob a direção de João Saldanha. Impedido, ele fez o de honra no revés para o Atlético, de Yustrich, por 2 a 1. Amauri e Dario marcaram para o Galo, que vestiu a camisa vermelha da Seleção Mineira. O lateral Carlos Alberto foi expulso. O impacto dessa derrota, três dias depois da classificação brasileira para a Copa do Mundo do México'1970, foi grande: a CBD proibiu outros amistosos contra clubes do país.

O resultado mais elástico do Brasil no Mineirão foi em 1975: 6 a 0 sobre a Venezuela, pela primeira fase da Copa América, com jogadores predominantemente de Cruzeiro e Atlético. Os celestes Roberto Batata (dois gols), Nelinho e Palinha foram destaques, assim como os atleticanos Campos e Danival, os outros artilheiros da noite. Na mesma competição, a Seleção perdeu pela segunda vez na Pampulha, diante de 25 mil pagantes: 3 a 1 para o Peru, com grande atuação de Casaretto e Cubillas, autor de dois gols. Roberto Batata descontou.

Quase 20 anos depois, mais uma goleada sobre os venezuelanos: 4 a 0, pelas Eliminatórias para a Copa de 1994. O Brasil de Carlos Alberto Parreira marcou com Ricardo Gomes (2), Palhinha e Evair. Em 1995, o Mineirão registrou seu pior público em jogos da Seleção. Apenas 8.705 pagantes presenciaram o empate por 2 a 2 com a Romênia, com gols de Marques e Sávio para os donos da casa, que usou um time pré-olímpico.

A partir dos anos 2000, o Mineirão recebeu grandes jogos da Seleção, a maioria em competições oficiais. Ronaldo foi o único a fazer três gols, todos de pênalti, pela equipe no estádio, na vitória sobre a Argentina por 3 a 1 em 2004, pelas Eliminatórias da Copa de 2006 – o técnico era de novo Parreira, e outro antigo ídolo celeste, Sorín, marcou para os hermanos. Em 2008, de novo contra os argentinos, o resultado foi recebido com vaias: 0 a 0, no primeiro jogo de Messi no local.

DRAMA E VERGONHA Depois disso, o Mineirão recebeu partidas dramáticas contra Uruguai, pelas semifinais da Copa das Confederações de 2013, e Chile, pelas oitavas de final do Mundial de 2014. Diante da Celeste Olímpica, a vitória por 2 a 1, gols de Fred e Paulinho, garantiu a vaga na final da competição. Já diante de La Roja, David Luiz marcou para o Brasil e Alex Sánchez, para os chilenos. No último minuto da prorrogação, Pinilla chutou uma bola no travessão de Júlio César. Por pouco a Seleção anfitriã não foi eliminada. Ela acabou avançando nos pênaltis.

O Brasil acabou voltando à Pampulha na Copa, mas para protagonizar o episódio mais lamentável de sua centenária história. O massacre de 7 a 1 para a Alemanha foi a maior goleada sofrida pela equipe em 84 anos de Copa, cujo abalo superou a queda para o Uruguai por 2 a 1 na decisão de 1950, no Maracanã. O desastre deixou marcas profundas e permanentes. Nessa partida, o polonês naturalizado alemão Miroslav Klose chegou a 16 gols em Mundiais, superando o recorde do brasileiro Ronaldo. Uma tarde que os mineiros jamais esquecerão.



Jogos inesquecíveis


BRASIL 3 X 1 ARGENTINA

2/6/2004

Ronaldo reivindicou à CBF que marcasse para o Mineirão um grande jogo do Brasil pelas Eliminatórias da Copa de 2006. Amigo do atacante, o governador Aécio Neves agiu nos bastidores para convencer a entidade a programar o clássico com a Argentina. Com grande atuação e três gols, todos de pênalti, o ídolo voltou a alegrar o mesmo palco em que explodira para o futebol 11 anos antes, com a camisa do Cruzeiro. Curiosamente, nos 3 a 1, o gol de honra dos hermanos também foi de um jogador de forte ligação com o estádio e com os celestes: Sorín.

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