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COLUNA DO JAECI

Olimpíada comprada?

Quem veio ao Rio, em 2016, para os Jogos, viu uma cidade limpa, sem mendigos, sem greve, com transporte público eficiente e sem violência. Não é isso que o carioca vive no dia a dia

postado em 05/03/2017 12:00

FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
A Olimpíada do Rio de Janeiro foi um sucesso de público, com instalações modernas e um bom papel dos atletas brasileiros. Quase tudo funcionou a contento e, ao fim do evento, sentimos orgulho de ser brasileiros. Exceto pela roubalheira, com obras superfaturadas, e pelas arenas estarem abandonadas, demos um show nas cerimônias de abertura e encerramento (foto) e fomos aplaudidos mundo afora. Porém, chega a notícia de que o evento só foi no Brasil porque houve corrupção. Segundo consta, foi distribuído dinheiro para ex-dirigentes de federações, que votaram favoravelmente à realização aqui no país. Segundo denúncias, Arthur Filho, conhecido como “Rei Arthur”, teria pago US$ 1,5 milhão na conta do filho do presidente da federação de atletismo e integrante do comitê olímpico, Lamine Diack, para que votasse a nosso favor. Os organizadores da Rio’2016 negam.

Senhoras e senhores, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, que vibrou ao lado do ex-presidente Lula quando o Rio foi anunciado como sede, está preso. Lula, indiciado em vários inquéritos por corrupção, deverá ser preso também. Eike Batista está em Bangu, numa das celas do complexo. Alguém, em sã consciência, duvidaria de que esses bandidos compraram o evento e se enriqueceram ainda mais com ele? Como diria Robin ao seu parceiro, Batman: “Santa ingenuidade”.

Sempre fui contra a Copa do Mundo e a Olimpíada no Brasil. País pobre, de quinto mundo, com gente morrendo na fila dos hospitais, sem saber o tipo de doença que tem. E cabe aqui um adendo: a mulher de Lula, Marisa Letícia, morreu no Sírio-Libanês, um dos melhores hospitais do mundo. Entenderam? Ela não morreu na fila do SUS.

Fui contra porque sabia que a conta estouraria no lombo do povo, como está estourando. Funcionários públicos sem receber salário no Rio de Janeiro, estado quebrado e falido. Por sorte, Cabral, Eike e o resto da quadrilha não estão mais se deliciando com viagens, champanhes e caviares em Paris. Estão comendo mesmo é a quentinha de Bangu. As joalherias que atendiam Cabral devem estar em apuros, pois o ex-governador era um dos clientes mais assíduos e importantes. Será que Eike Batista também mandou fazer uma coleira de ouro para algum companheiro de cela, como fez com a ex-mulher Luma de Oliveira, num desfile de carnaval? Tudo é possível.

Nesse angu tem caroço. Mais cedo ou mais tarde teremos a confirmação de que a Olimpíada foi mesmo comprada. Com a gangue que estava em Copenhague, na Dinamarca, não duvido mais de nada. Veja que vencemos Madri, Tóquio e Chicago. Tirando a capital espanhola, as outras cidades pertencem a países gigantes e, mesmo assim, conseguimos derrotá-las. Só podia mesmo ter havido algo errado. Vale lembrar que algumas cidades cogitadas como sedes não participaram da escolha, pois o povo decidiu que não queria Olimpíada. Em países e cidades sérias a coisa funciona assim. Faz-se um plebiscito e o povo decide o que é bom e o que é ruim.

Barcelona, cantada em verso e prosa, paga a conta da Olimpíada de 1992 até hoje. E o Rio vai pagar a conta de 2016 por séculos, não tenho dúvida. O povo, oprimido, morrendo nas filas dos hospitais ou por bala perdida. Ah, mas teve o carnaval. Tudo é esquecido em quatro dias. Não pedi Copa do Mundo, nem Olimpíada. Sei que são eventos caríssimos, que deixam o país quebrado e mascaram a realidade. Quem veio ao Rio, em 2016, para os Jogos Olímpicos, viu uma cidade limpa, sem mendigos, sem greve, com transporte público eficiente e sem violência. Não é isso que o carioca vive no dia a dia. O que vemos é um filme de terror dirigido por políticos corruptos, alguns deles personagens principais, como Sérgio Cabral. O Brasil não é um país sério.

Já passou da hora de fazermos uma limpeza nesses vermes, para que apodreçam na cadeia, e que tenhamos um país mais sério dentro de sua realidade de país pobre, que precisa de educação, saúde, segurança e outras necessidades básicas. Com o dinheiro que Sérgio Cabral e sua gangue roubaram, tenho certeza de que daria para construir e aparelhar escolas, hospitais, melhorar a segurança, o transporte público e por aí afora. O consolo de saber que ele está preso em Bangu não nos dá a certeza de que ele não voltará. Nestse Brasil, tudo é possível. Renan Calheiros voltou e presidiu o Senado. Collor voltou e tantos outros voltaram. Espero que o fantasma não volte em 2018, pois se isso ocorrer é para fechar a porta do nosso país, devolver aos portugueses e pedir desculpas pelos prejuízos causados. Pobre, Brasil!

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O anunciante aqui presente não possui relação com os Jogos Rio 2016 e é patrocinador exclusivo da cobertura editorial dos Diários Associados MG para o evento.