O dirigente Joel Malucelli, que representa o clube paranaense J. Malucelli, mobiliza as equipes de seu estado para tentar organizar a volta da Copa Sul-Minas. O mandatário se reunirá com dirigentes de Atlético-PR, Coritiba e Paraná e, depois do encontro, futuramente, pretende procurar os clubes de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para propor a volta da competição em 2015.
O Superesportes conversou com Joel, que explicou como está o andamento das tratativas. “Nós vamos fazer um almoço com os presidentes dos clubes na sexta-feira. Depois, num segundo estágio, procuraremos os quatro principais clubes de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. É um projeto que está começando agora”, disse.
Porém, enquanto a chance de voltar com a Sul-Minas é discutida, o técnico do Atlético, Cuca, teme que os campeonatos estaduais fiquem prejudicados. Para o treinador, os times do interior teriam dificuldades em sobreviver sem as receitas dos regionais.
“A gente tem que ter cuidado quando opina essas situações porque estamos mexendo com o coração. Quando você fala em acabar com os estaduais, eu pergunto: o quê os times do interior vão fazer? É lógico que o calendário tem que ser melhor ajustado. Sul-Minas, Rio-São Paulo são atrativos, mas uma equipe não pode ser penalizada”, afirmou Cuca.
Clubes mineiros
Um dos gestores do América, Marcus Salum, disse que ajudou a organizar a primeira edição da Sul-Minas e que dará apoio total ao projeto dos clubes paranaenses.
“Quem idealizou o projeto da Copa Sul-Minas fui eu, juntamente com o Maluf. Antes de 2000, os clubes mineiros disputavam a Copa Centro-Oeste. Nós queríamos algumas mudanças e mandamos a requisição à CBF. Conseguimos convencê-los e foi desta forma que o torneio foi criado. Eu sou um dos maiores entusiastas da Copa Sul-Minas. Não estou acompanhando o que os clubes lá do Paraná planejam, mas caso o projeto se conclua, pode ter certeza que terá total apoio do América”, disse à reportagem.
O gerente de futebol do Cruzeiro, Valdir Barbosa, ressalta que a interação de todos os envolvidos, clubes, CBF e televisão, é essencial para o sucesso do projeto.
“O Cruzeiro vê com bons olhos um possível retorno da Sul-Minas. As edições que aconteceram foram com sucesso, principalmente para o futebol mineiro, com Cruzeiro e América ganhando. É um torneio muito interessante no primeiro semestre, você qualifica tecnicamente melhor o seu time para as competições nacionais e internacionais. É um acordo que tem que ser feito com participação de clubes, CBF, televisão. Se uma das partes ficar fora, a competição não terá êxito”, revela Valdir.
Como o representante do América citou anteriormente, Eduardo Maluf, diretor de futebol do Atlético, é um dos idealizadores da competição. O mandatário acha que os direitos de transmissão da Sul-Minas são comercializados de forma mais vantajosa que o dos regionais.
Clubes do interior
“A ideia é pegar os quatro maiores de cada estado, conforme o ranking da CBF, e deixar os estaduais com os times do interior. O campeão do interior poderia disputar a Sul-Minas do ano seguinte. Sobre dinheiro, posso dizer que eles sempre sobreviveram com pouco, e podemos negociar as competições casadas ou vender para outra emissora, não precisa ser a de sempre”, comentou Joel.
Outro ponto abordado foi a possibilidade da competição se chamar Copa Sul, excluindo os clubes mineiros para evitar gastos de deslocamento. Porém, Joel não vê a disputa forte sem os clubes de Minas Gerais.“ Não existe isso. Queremos a Sul-Minas tradicional e para isso contamos com os times de Minas Gerais”, revelou.
Se a competição fosse disputada nesta temporada, os representantes mineiros, baseado no ranking da CBF, seriam América, Atlético, Boa Esporte e Cruzeiro.
Sul-Minas
A copa foi criada no ano 2000 para alavancar as rendas dos clubes com jogos mais atrativos. Nas três edições que teve, a Sul-Minas só foi conquistada por clubes mineiros. O América foi o primeiro campeão, e o Cruzeiro venceu duas vezes. Antes do torneio, os mineiros chegaram a jogar a Copa Centro-Oeste.
Questões políticas sobre domínio da CBF sobre as ligas, variação nos preços de publicidade (aumento do dólar) e queda na arrecadação da emissora detentora dos direitos fez com que a competição fosse extinta. No ano de 2002, os grandes de Minas Gerais disputaram apenas o Supercampeonato Mineiro, no qual entravam no hexagonal final. A Caldense foi campeã do interior nesse ano.
No início de 2013, os clubes nordestinos disputaram a Copa do Nordeste e os estaduais simultaneamente. A competição teve a melhor média de público entre todas do país. O Campinense-PB foi o campeão.
(Colaboraram Gilmar Laignier e Rafael Arruda)