Para permanecer na Primeira Divisão do futebol brasileiro, o América terá de vencer 10 das próximas 17 partidas que disputará no returno da competição. É difícil, mas não impossível. Ainda assim, há torcedores que desistiram, jogaram a toalha no chão e consideram que a diretoria deveria demitir vários remadores da “barca” e já preparar um time mesclado com meia dúzia de garotos da base para disputar a Série B em 2017. Faz sentido.
No entanto, outros torcedores continuam firmes na crença de que o Coelhão conseguirá superar a péssima fase e deixará de ser o pior ataque e uma das piores defesas do campeonato – a do Cruzeiro é a pior. Em entrevista ao Superesportes, o lateral e meia Danilo, autor dos gols que deram ao América o título de Campeão Mineiro este ano, disse que a equipe não vai entregar a rapadura. “A partir de agora, todo jogo vai ser mais do que uma decisão, temos que encarar assim. Ainda há muita chance de sair dessa situação, e não é pouca. Vamos lutar até o final, (...) tenho certeza que isso vai virar e vamos dar a volta por cima”.
O torcedor é livre para acreditar ou não, ele tem o direito de desistir, de jogar a toalha antes do encerramento da competição. Porém, esta não deve e não pode ser, de maneira alguma, a posição de dirigentes, comissão técnica e jogadores, responsáveis diretos pelos resultados bons ou ruins alcançados pelo América. Quanto aos nove presidentes, não sei, mas diretor de futebol, analistas de desempenho, treinador e atletas são profissionais cujo trabalho é muito bem remunerado se comparado aos salários mixurucas recebidos pela maioria dos trabalhadores brasileiros. Eles têm a obrigação de se esforçar, de lutar a cada jogo para mudar do vinagre para o vinho tinto de qualidade a posição da equipe na tabela.
Presidentes, diretor de futebol e analistas de desempenho dos atletas cometeram erros em doses cavalares desde o final da Série B, em 2015: 1) Venderam Richarlison antes da hora – os poucos gols feitos na Série A provam a falta que sua presença no ataque está fazendo; 2) Superestimaram a capacidade do grupo e demoraram para contratar; 3) Quando contrataram, o fizeram mal – 13 dos ene contratados já foram dispensados...; 4) Não valorizaram a base como deveriam ter valorizado; 5) Apostaram errado na demissão de Givanildo Oliveira e na contratação do inexperiente, embora bem intencionado, Sérgio Vieira; 6) Permitiram que o trabalho do treinador português fosse boicotado por jogadores medíocres, o que resultou na perda de pontos importantes e no consequente descenso na tabela. Ou seja, a campanha desastrosa do América no Brasileirão não é acidental, não é por acaso, não é por azar ou por fatalidade. Não. O fundo do poço foi cavado metro a metro, erro a erro.
Único a não ter culpa no cartório, o torcedor junta os cacos do coração partido, veste a camisa verde, pega a bandeira, chama os amigos e vai ao Independência vibrar pelo América. São poucos, mas merecem respeito. Resistir é preciso.