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JAECI CARVALHO

Pela profissionalização da arbitragem

"O juiz trabalha num banco, por exemplo, viaja na terça-feira à noite, apita na quarta e pega o voo na quinta cedo para trabalhar novamente"

postado em 20/09/2014 12:00 / atualizado em 19/09/2014 19:10

Jaeci Carvalho /Estado de Minas

AFP PHOTO NORBERTO DUARTE .


O Brasil vive uma crise moral: educação, saúde e segurança deteriorados, políticos corruptos aos montes, escândalos e mais escândalos. E o futebol reflete isso. Há tempos alerto sobre a crise na arbitragem mundial, principalmente no Brasil, onde ela chega a ser vergonhosa. O último episódio envolveu Emerson Sheik, que declarou "CBF é uma vergonha" ao ser expulso quarta-feira na derrota do Botafogo para o Bahia. No dia seguinte, em entrevista, justificou que se referia à arbitragem, especificamente à atuação do mineiro Igor Benevenuto, realmente ruim, embora me pareça honesto. Não dá mesmo para manter o atual quadro de árbitros, sob pena de termos mais competições decididas no apito.

Os exemplos são inúmeros. O mais gritante nos últimos tempos é o de Sandro Meira Ricci (foto), que tirou o título brasileiro do Cruzeiro em 2010 ao dar pênalti inexistente de Gil em Ronaldo e deixar de marcar dois para os celestes. A taça acabou ficando com o Fluminense. Como prêmio, o juiz apitou a recente Copa do Mundo. Árbitros ruins ou mal intencionados são premiados assim ou viram comentaristas de TV, como Carlos Eugênio Simon, que não marcou um pênalti claro para o Atlético contra o Botafogo, tirando o time mineiro das quartas de final da Copa do Brasil de 2007. Em seguida, admitiu o equívoco, mas já era tarde.

São muitos os erros crassos, de norte a sul do país, pela incompetência de quem dirige a arbitragem e principalmente porque aqui ela não é profissionalizada. O juiz trabalha num banco, por exemplo, viaja na terça-feira à noite, apita na quarta e pega o voo na quinta cedo para trabalhar novamente. Já na Europa, onde se respeita as pessoas, o árbitro é profissional e vive exclusivamente do apito. É claro que sua preparação será diferente e melhor.

Emerson reivindicou um quadro de árbitros mais qualificado, competente e isento. A maioria deles é ruim mesmo, mal preparada. Mas há mal intencionados, que amarram jogo, são caseiros, mudam o resultado de uma partida. Sempre disse que o homem certo para comandar o setor no Brasil seria Arnaldo Cezar Coelho, o melhor que já tivemos, sério, correto e conhecedor das regras. Mas ele não quer. Vai fechar seu ciclo na Globo como comentarista e curtir mais a vida, conforme me disse recentemente.

Dessa forma, não vejo alternativa a não ser um movimento de clubes, imprensa e o empenho da própria CBF no sentido de profissionalizar e treinar adequadamente os futuros árbitros. E tem de mudar tudo, contratar gente nova. A maioria que está aí usa dois pesos e duas medidas, de acordo com a necessidade. Não há critério. Cotovelada de um jogador em outro tem mais de uma interpretação, com alguns juízes nem mostrando cartão. Talvez por isso, no calor do jogo, Petros tenha dado uma trombada num árbitro. Acabou punido em 180 dias, mas, em segunda instância, a pena foi transformada em três jogos no STJD.

Na Europa, o cara leva cartão, fica fora de uma final da Liga dos Campeões e não tem recurso. Aqui tem até dirigente que assume o volante de carro batido de jogador embriagado para livrá-lo da culpa. É este o péssimo momento de um futebol na lama.

Assalto

Um casal amigo saía de um restaurante em Lourdes na sexta-feira da semana passada, por volta das 23h, quando percebeu que um rapaz em frente observava os clientes e enviava mensagens pelo celular. Desconfiado, o casal entrou no carro e ficou atento ao retrovisor. Ao cruzar a Avenida do Contorno e entrar na Prudente de Morais, viu que era seguido por um motoqueiro. Se o carro acelerava, a moto fazia o mesmo. Quando esta se aproximou do veículo, o condutor pôs a mão na cintura, mas o motorista acelerou novamente e ligou a cirene, pois o carro é blindado. Restou ao perseguidor um gesto obsceno com a mão. Por pouco não era mais um caso para a alta estatística de assaltos em BH, cidade cada vez mais entregue aos marginais. Onde está a polícia? Só aparece em Copa do Mundo ou em grandes eventos, para proteger estrangeiros?

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