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Herói do América, Patrick conta bastidores de campanha na Taça BH e final contra o Atlético

Armador foi o grande destaque da decisão, marcando dois gols no Independência

postado em 02/09/2014 08:00 / atualizado em 02/09/2014 16:49

Rafael Arruda /Superesportes

Carlos Cruz/América FC

No último sábado, o Brasil inteiro tomou conhecimento do futuro promissor da equipe sub-20 do América. A vitória sobre o Atlético, por 3 a 2, pela decisão da Taça BH de Futebol Júnior, garantiu aos jovens do Coelho a esperança de serem observados com muito cuidado pelos integrantes da comissão técnica do profissional. O plantel treinado por Marco Antônio Milagres marcou nada menos que 19 gols na competição, sendo 11 nas fases de mata-mata. Bruno Sávio, com nove tentos, e Rubens, que balançou as redes cinco vezes, lideraram o ranking de artilheiros do clube.

Quem, entretanto, roubou a cena no compromisso mais importante foi o armador Patrick. Aos 19 anos, o baixinho de apenas 1,68m demonstrou confiança, personalidade e superou a pressão de um Estádio Independência praticamente lotado - 16.455 torcedores, a maioria atleticana, trocaram um quilo de alimento não perecível por ingresso.

“Foi uma emoção muito grande. Não sei explicar direito. Só pensei em correr e abraçar meus companheiros. Ver meu pai perto do alambrado, torcendo por mim. Indescritível”, disse Patrick, em entrevista ao Superesportes, sobre os dois gols marcados na final da Taça BH.

Depois de sair em desvantagem e ter um gol não validado pela arbitragem no primeiro tempo - a finalização de Williams ultrapassou a linha da meta antes do corte de Donato -, O Coelhinho tinha que partir para o “tudo ou nada”. Restavam apenas 45 minutos. E coube a Patrick, logo aos quatro, tocar com muita categoria ao receber ótima assistência do colega Rubens. Pouco depois, o América virou em lance característico de Rubens, que cabeceou bola levantada por Xavier.

Mas ainda faltava outro lance genial de Patrick. Aos 33, ele se aproveitou de uma falha defensiva e deu lindo drible para cima do zagueiro Gabriel, do Atlético. O toque rasteiro, entre das pernas do goleiro Uilson, levou os torcedores americanos presentes no estádio à loucura. “Vi que o jogador deles preparou o bote, então resolvi cortar. Contei um pouco com a sorte no lance do gol”, confessa o camisa 19.

Não pense que a trajetória do Coelho na Taça BH foi feita apenas de êxitos. Se a eliminação acontecesse logo na primeira fase, talvez o elenco estivesse hoje fadado ao fracasso. Porém, diferentemente de alguns palpiteiros do futebol, Patrick sempre acreditou. Mesmo depois da derrota para o Vasco (2 a 1) e do empate com o Sport (1 a 1). “Ser eliminado na primeira fase não passou em momento algum pela nossa cabeça. Sempre acreditamos que daria certo”, garantiu. A goleada sobre o Palmeirense, por 6 a 1, possibilitou o avanço por meio do índice técnico. No caminho até a decisão vieram triunfos sobre Londrina (2 a 0), Vitória (4 a 3) e Goiás (2 a 2 no tempo normal e 7 a 6 nos pênaltis).

O bate-papo também abordou o desejo de Patrick em, um dia, fazer sucesso na equipe profissional e crescer na carreira. Natural de Ouro Preto e criado em Congonhas, a 75 quilômetros de Belo Horizonte, o garoto passou por Villa Nova (2009 a 2010), Bragantino (2011 a 2013) e Metalusina (2013). No América, com o qual tem contrato até dezembro de 2016, ele já soma 14 gols nesta temporada: um na Copa São Paulo de Futebol Júnior, nove na primeira fase do Campeonato Mineiro e quatro na Taça BH. Pela frente, ainda haverá o hexagonal final do Estadual e a Copa do Brasil Sub-20.

Assista ao vídeo dos gols do América sobre o Atlético e leia a entrevista com o meia Patrick



Antes da decisão, passava pela sua cabeça marcar dois gols contra o Atlético e ser tão decisivo na conquista da Taça BH?

Olha, vou ser sincero. Não esperava tudo isso. É claro que previa um jogo bom, de muita disputa. Mas do jeito que foi, fazendo dois gols e sendo decisivo dessa forma, não esperava.

Já que você foi peça fundamental, o que pensou depois do apito final do árbitro?

Era uma emoção muito grande. Até agora não sei explicar direito. No momento, pensei em correr e abraçar meus companheiros. Ver meu pai no alambrado, torcendo por mim... sensação indescritível.

No lance do terceiro gol, houve uma comemoração curiosa. Você, Rubens, David e outros colegas correram em frente a uma câmera e cruzaram os braços. Alguma explicação?

Não, não. Havíamos combinado a comemoração de cruzar os braços, fazer uma cara de mau... mas era do momento mesmo. Depois a galera começou a gritar ‘Coelho!’ e alguns soltaram uns palavrões... só que não tinha nenhum recado específico.

Descreva os lances dos gols...

No primeiro, o Rubens ajeitou a bola e deu um belo passe. Foi muito rápido. Só tinha o tempo de olhar para bola, para o goleiro e bater a gol. Consegui acertar bem no cantinho. Em relação ao segundo gol foi curioso. Primeiro a gente contou com uma falha do zagueiro do Atlético. Depois, quando peguei a bola e fui à linha de fundo, percebi que não tinha ângulo. O goleiro fechou e o zagueiro vinha de carrinho. Logo, pensei rápido: ‘Vou dar o corte’. Percebi que ele (Gabriel) armou o bote, então consegui cortar com o pé esquerdo. Quando bati com o pé direito, que não é o forte, lembrei das instruções do Milagres (técnico). Ele sempre fala comigo nos treinos: ‘Chuta com a direita!’. Acho que contei um pouco com a sorte, já que a bola passou por entre as pernas do goleiro.

O Independência com maioria atleticana parece não ter intimidado vocês. Foi assim antes do jogo também?

No começo, quando chegamos ao estádio, deu aquele baque. ‘Poxa, que isso! Que coisa de louco!’. Dava aquela bambeada na perna. Na equipe sub-20, nenhum clube é acostumado a jogar em estádio cheio. Mas a partir do momento em que fomos para o vestiário, fizemos um aquecimento e conversamos, a tranquilidade veio para nosso time. Daí quando a bola rolou foi só alegria.

O que determinou o sucesso do Coelho antes da decisão com o Atlético? A goleada sobre o Palmeirense, o triunfo diante do Vitória, os pênaltis contra o Goiás ou um pouco de cada?

Um pouco de cada. A goleada sobre o Palmeirense, por exemplo, nos possibilitou a arrancada. Sabíamos que estávamos classificados e vivos na competição. Contra o Vitória também foi um jogo difícil. Eles saíram na frente, perderam pênalti que poderia abrir 2 a 0 e nós conseguimos a virada graças a um dia muito inspirado do Sávio. E contra o Goiás, por tudo que passamos nos pênaltis, fomos mais amadurecidos para a decisão.

Chegou a pensar que o sonho acabaria?

A vantagem desse grupo é que em momento algum pensamos isso. Perdemos para o Vasco, mas acreditávamos que dava para ganhar do Sport. Empatamos e fomos empenhados para golear o Palmeirense. Avançamos e seguimos até o fim e conseguimos.

Carlos Cruz/América FC


Nem nos pênaltis contra o Goiás você ficou com medo? O Coelho esteve para ser eliminado duas vezes e o goleiro Hugo evitou o pior...

Bem... (pausa) ali não teve jeito. Até eu mesmo, quando vi o número 18 deles (Pither) correndo para a bola, achei que não dava. Mas o Renato Bruno (volante), nosso amigo, não desacreditou. Estava com muita fé e ficou falando que o Hugo defenderia. E ele conseguiu. Todos correram para cima, o abraçaram e o agradeceram por salvar o time. Confesso que ali fiquei com medo (risos).

Como foi receber a notícia de que o Bruno Sávio não jogaria a final contra o Atlético?

Deu um baque em todos. 'Poxa, e agora? O que faremos?' O Sávio era o cara, a válvula de escape do time! Ele fez três gols contra o Vitória em uma partida muito difícil. Além dos cinco contra o Palmeirense. Foi importantíssimo. Mas a todo o momento acreditávamos no grupo. Se não tinha o Sávio, tinha eu, tinha o Rubens, o Renato Silva. Também somos fortes no ataque. É claro que sentimos a ausência do Sávio, mas conseguimos suprir bem na decisão.

O título da Taça BH traz um olhar diferente do departamento profissional a vocês?

Com certeza. O título fará o pessoal olhar de uma forma diferente. A conquista marca muito. É que nem o Milagres falou: serão três campeonatos que a gente tentará buscar. Conseguimos a Taça BH. Ainda faltam Campeonato Mineiro e Copa do Brasil. Vamos fazendo nosso trabalho, tentando mais conquistas, que continuaremos sendo observados pelo pessoal da equipe profissional.

E em relação a uma eventual subida ao profissional? O troféu faz aumentar a credibilidade?

Sim, sem dúvidas. O trabalho da Taça BH foi muito bom. A gente que nasceu em 1994 sonha em fazer parte do time principal. Se não for neste ano, que seja no ano que vem. Continuaremos trabalhando para isso, com muita força. Estamos à disposição caso sejamos solicitados pelo clube.

Ficha do jogador

Nome: Patrick Allan da Silva Mol Gonçalves
Data de nascimento: 24/12/1994
Altura: 1,68m
Posição: armador
Clubes: Villa Nova (2009 a 2010), Bragantino (2011 a 2013), Metalusina (2013), América (2013 a 2014)
Títulos: Taça BH de Futebol Júnior (2014)
Gols em 2014
Campeonato Mineiro Sub-20: 9 gols em 11 partidas*
Copa São Paulo de Futebol Júnior: 1 gol em 5 partidas
Taça BH de Futebol Júnior: 4 gols em 7 partidas

* competição em andamento

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