Atlético
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UM MOMENTO NA HISTÓRIA

No campo da política

postado em 02/10/2014 11:00

Eugênio Moreira /Estado de Minas

Arquivo/EM/D.A Press
A ligação futebol-política é antiga. Não é de hoje que personalidades do esporte tentam aproveitar o prestígio com o torcedor para se eleger. Em 19 de setembro de 1976, o Estado de Minas publicou reportagem mostrando três personagens do futebol mineiro que concorriam a vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte: o volante cruzeirense Piazza, que tentava a reeleição; o ex-zagueiro atleticano e americano Wander e o massagista Gregório, do Galo.

Numa quinta-feira, o EM acompanhou o trabalho de Piazza, um dos 10 vereadores do MDB na Câmara. “Na política, ainda sou muito verde”, admitia o jogador, de 33 anos, que desde 1973 conciliava treinos e jogos com a política. Ele contou que em 1972 o MDB procurava um candidato da área esportiva e, como o goleiro Raul não pôde concorrer por ter domicílio eleitoral em Curitiba, ele foi chamado. “No princípio, eu relutei. Mas eles conseguiram me convencer. E fui eleito sem nem fazer campanha”, relembrou o então capitão celeste.

Ele era acusado de integrar a “bancada do silêncio”, vereadores que iam à Câmara apenas para marcar presença. “Com pouco tempo e muita boa vontade, eu consigo corresponder à minha função”, respondeu Piazza. “O que eu posso fazer, eu faço. Mas é difícil, isso é.” O vereador era muito procurado para conseguir calçamento de ruas, instalação de energia elétrica, entre outros serviços públicos, além de pedidos de dinheiro e até de autógrafos.

Piazza também ouvia pedidos incomuns para um vereador: “De vez em quando, vem gente aqui querendo jogar no Cruzeiro. Isso é impossível, o Cruzeiro não faz esse tipo de experiência, mas eles acham que eu posso arrumar”. Depois de um mandato, o jogador já estava acostumado ao dia a dia parlamentar: “Antes, eu tinha pavor de política, verdadeira aversão, mas hoje estou contagiado”.

ESTREANTES Aos 31 anos, Wander Martins havia encerrado a carreira em agosto, com o término do contrato com o Esab, de Contagem, depois de defender Atlético, América e Flamengo. Convidado pelo MDB a se candidatar, o ex-zagueiro passava os dias à caça de votos, das 6h às 22h. “Para falar de futebol, eu fico mais à vontade. De política, ainda não entendo nada”, admitia o Xerife, que prometia frequentar palestras e cursos promovidos pelo partido.

O massagista Gregório da Silva Santos, aos 48 anos, 30 deles dedicados ao Atlético, também admitia o pouco conhecimento sobre o assunto. “Não entendo muito de política, mas vamos ver o que é que eu vou fazer”, dizia o candidato. “Quero ouvir o povo, saber das suas necessidades mais urgentes.”

Em 15 de novembro, Piazza foi o segundo mais votado, com 15.107 votos. Também foram eleitos o locutor Vilibaldo Alves (7.603), o ex-goleiro Kafunga (7.095) e o radialista Aldair Pinto (7.214). Wander (4.837) e Gregório (2.979) não chegaram lá.

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