Atlético
None

CARLOS ALBERTO TORRES

Visita ao Vaticano e "inimigos mortais": Dadá, Evaldo e Procópio contam histórias do 'Capita'

Carlos Alberto Torres, capitão da Seleção Brasileira na campanha vitoriosa da Copa do Mundo de 1970, morreu nesta terça-feira, vítima de um infarto fulminante

NELSON ALMEIDA
A morte de Carlos Alberto Torres nesta terça-feira trouxe à tona histórias marcantes sobre a vitoriosa carreira do ex-jogador. O ‘Capita’, como ficou conhecido por ter sido o responsável por levantar a Taça Jules Rimet após o título brasileiro na Copa do Mundo de 1970, foi tema de entrevistas realizadas pelo Superesportes com ex-jogadores que tiveram passagens importantes pelo futebol mineiro.

Conhecido pela tranquilidade e felicidade fora dos gramados, Carlos Alberto Torres também protagonizou entreveros históricos dentro deles. No duelo entre Seleção Brasileira e Atlético, em 1969, o eterno capitão se envolveu em confusão com Dadá, ídolo alvinegro.

"Ouvi uma gravação do João Saldanha (então técnico da Seleção Brasileira) me criticando. Respondi pela imprensa e mandei o Saldanha praquele lugar. Respondi à altura. O Saldanha, covardemente, mostrou minha resposta aos jogadores. E o Carlos Alberto comprou a briga. No jogo, o Carlos Alberto me deu uma entrada violenta. Nós discutimos e brigamos. E passamos o jogo discutindo. E ficamos brigados", conta Dadá, que explica como ocorreu a reconciliação.

"Acabei indo para a Copa de 70, com o Zagallo. Na Seleção, durante a Copa, eu e o Carlos Alberto não conversávamos. Anos depois, ocorreu um evento para que os jogadores da Seleção conversassem com algumas pessoas e os escolhidos foram justamente eu e o Carlos Alberto. Lá nos abraçamos e voltamos a conversar. Ficamos muito amigos. (A morte) foi um abalo muito grande. Fomos inimigos mortais. Mas depois viramos amigos leais", diz.

As confusões, no entanto, eram momentos raros para Carlos Alberto. Conhecido pelo jeito “leve” de viver, o ex-lateral direito colecionou amizades no futebol - tanto quando jogador, quanto quando treinador. Nas quatro linhas, revolucionou a maneira de jogar de um lateral.

"Joguei com ele no juvenil, começamos juntos. Foi um jogador espetacular. Foi o cara que começou essa leva de laterais que apoiam o time no ataque. Ele foi um dos que começou, pois tinha muita categoria. Eu achava que podia jogar no meio do campo, mas ele era muito alto, desengonçado", conta Evaldo, ídolo do Cruzeiro e ex-companheiro de Carlos Alberto no Fluminense.

Entretanto, antes do reconhecimento, chegou a ser duramente questionado nas categorias de base - por conta do comportamento.

"Carlos Alberto era um brincalhão, só tinha tamanho. Aos 17, 18 anos só vivia de brincadeira, sacanagem, não levava nada a sério. Por conta disso, Nilton Cardoso, treinador na época, falou que ele não jogava nada. Se Carlos Alberto não jogava nada, estamos perdidos", conta Evaldo.

Nos tempos de categorias de base, a principal crítica ao ‘Capita’ eram as dificuldades por ele enfrentadas na marcação.

"Quando ele subiu do juvenil, naquela época os técnicos falavam que tinha que marcar. Eu falava que ele tinha que ir pra frente", relembra Procópio, ex-jogador de Atlético e Cruzeiro e parceiro de Carlos Alberto no Fluminense.

Anos depois, foram justamente as habilidades defensivas do ex-lateral que ajudaram o time carioca a conquistar um prêmio curioso durante excursão pela Europa.

"Tive a felicidade de conviver e vê-lo subir para ser o maior lateral de todos os tempos. Os que ficam, ficam triste e saudosos. Mas é pelas coisas boas que vamos lembrar dele, das concentrações, das viagens. Na Rússia, durante o jogo entre Fluminense e Seleção Russa, ele marcou o melhor jogador russo e deu um show. Foi um jogo que terminou 0 a 0. Assim, o Fluminense ficou invicto na Europa. Por isso, ganhamos um prêmio para ver o Papa Paulo VI ser eleito", contra Procópio.

Tags: carlos alberto torres cruzeiroec atleticomg interiormg futnacional seriea selefut futinternacional copadomundo