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UM MOMENTO NA HISTÓRIA

'Choque cem por cento'

postado em 21/05/2015 08:23 / atualizado em 21/05/2015 08:52

ARQUIVO / ESTADO DE MINAS
É comum dizerem que o duelo Atlético x Cruzeiro somente se tornou o maior clássico do futebol mineiro a partir da inauguração do Mineirão, em 1965. No entanto, a rivalidade entre as equipes e, consequentemente, a importância do confronto vêm de muito antes. O confronto de 20 de maio de 1945, pelo primeiro turno do Campeonato Mineiro, na Alameda, é um exemplo.

Já na quarta-feira, dia 16, o Estado de Minas dava grande destaque ao jogo do fim de semana. “Reina grande entusiasmo em torno da maior peleja do nosso soccer”, anunciou o jornal, em letras garrafais, em suas páginas de Esporte. “Atleticanos e cruzeirenses reeditarão domingo a sensação do clássico”, completava a manchete. “Toda a cidade aguarda, ansiosamente, o próximo clássico Atlético x Cruzeiro, match cujo desfecho a todos apaixona e empolga. Tamanha soma de interesse justifica-se plenamente, tendo-se em conta a tradicional rivalidade que separa os dois clubes e o valor de seus conjuntos”, destacava o texto.

Outra prova da rivalidade é que os clubes solicitaram à Federação Mineira de Futebol a escalação de árbitro de outro estado. O escolhido foi Carlos Potengy, “um dos mais destacados e competentes juízes de futebol que militam em campos cariocas”, conforme definição do EM. Potengy, que havia apitado Cruzeiro x América no dia 12, aproveitou a permanência na capital mineira para dar uma palestra sobre arbitragem, a convite da FMF.

Até o dia do clássico, este continuou merecendo grande espaço no jornal. Na quinta-feira, 17, ele recebeu apelido curioso: “Nunca o ‘choque cento por cento’ reuniu tanta atração. Nunca o derby do futebol mineiro recebeu tantas atrações como o de domingo próximo”.

PRÊMIOS A partida mexia tanto com a cidade, que foram anunciados prêmios extras aos jogadores. A Camisaria Ramos ofereceu uma “finíssima gravata” ao autor do gol da vitória. O Restaurante Paris prometeu um barril de chope ao time cruzeirense em caso de vitória. Um associado atleticano, que pediu para não ter o nome divulgado, prometia gratificação extra aos atletas para derrotar o rival.

Em busca do tricampeonato, que conquistaria em novembro, o Cruzeiro derrotou o Atlético por 4 a 2, resultado considerado surpreendente pelo EM, por se tratar de um clássico. O Galo começou melhor, mas foi a Raposa que abriu o placar com Niginho. De pênalti, Braga ampliou. O alvinegro, que reclamou de pênalti a seu favor no fim do primeiro tempo, empatou no início do segundo, com dois gols de Lucas. O time celeste voltou a ficar na frente com Selado e fechou o placar com Ismael.

Na época não se divulgava público pagante, mas o EM destacou que “a renda não pareceu corresponder ao número de pessoas que pagaram entradas”. Segundo o jornal, os ingressos não eram inutilizados como deveriam nos portões. “Sabemos, de há muito, que é deficiente a máquina administrativa da entidade e que a arrecadação não se reveste de uma vigilância rigorosa.” Um fato, como se vê, tão antigo quanto o clássico Atlético x Cruzeiro.

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