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POR ONDE ANDA?

Entre ser treinador ou agente, Fabiano lembra o dia em que sogro Luxemburgo quebrou a perna

Em dividida com genro, técnico se lesionou no CT do Galo em 2010

postado em 30/06/2015 08:00 / atualizado em 29/06/2015 21:28

Beto Magalhaes/EM/D.A Press

Fabiano passou pelo Atlético nas temporadas 2009 e 2010 e vivenciou no clube a chegada de Vanderlei Luxemburgo, hoje treinador do Cruzeiro. A relação entre os dois ia além das quatro linhas, pois se tratava do encontro de sogro e genro na Cidade do Galo. O meia é casado com a filha do técnico, Vanessa, desde 2002. Um acidente de trabalho marcou a relação entre eles. Em uma dividida com o genro durante um rachão, Luxa quebrou a perna. Fabiano sempre se defendeu da fatalidade e, em entrevista para a seção Por Onde Anda?, disse que o treinador foi o principal culpado pela lesão.

“Ele se machucou sozinho. Tínhamos um treinamento físico marcado e a moçada pediu um rachão. Ele falou: 'Que rachão nada, vamos treinar físico'. Subimos para o treinamento físico. Mas aí vimos um monte de chuteira, e todo mundo estranhou. Acabou que ele aceitou dar o rachão e falou que iria participar. Depois que montamos os dois times, ele veio dividir uma bola comigo... ele veio com a perna solta. Quando bateu canela com canela, ele teve uma fratura de tíbia”, destacou ao Superesportes.

Jorge GontijoEM DA PRESS
Acidente de trabalho no passado, o lance é motivo de risadas no presente. Fabiano brinca com o trabalho gerado pelo sogro com os cuidados médicos. “Precisei levar no hospital e ele ainda ficou um mês lá em casa. Mas ele entendeu que não foi culpa minha. Até brincou: 'Melhor eu que não jogo mais do que você'. Sempre falei que foi um lance inusitado e ele tentou me derrubar com uma banda (rasteira), para me sacanear. Mas a minha perna estava firme. Todo mundo acha que eu quebrei a perna dele. A maior culpa foi dele. Sempre tive que explicar que não fui eu”, completou.

Mau rendimento do time de 2010

A maior lamentação do lance com o técnico foi a consequência da lesão. Como o próprio Luxemburgo e o ex-presidente Alexandre Kalil já afirmaram, o fato de o treinador ter quebrado a perna influenciou nos treinamentos de 2010, e o Galo teve rendimento ruim no Brasileiro, salvo da degola por Dorival Júnior, que assumiu na reta final. Fabiano concorda com a gravidade do problema e cita mais um item na lista de obstáculos do Atlético naquela ocasião.

“Duas coisas influenciaram: 'A lesão do Vanderlei e a perda do Mineirão'. O Atlético tinha sua força no Mineirão. Sempre foi forte, como é agora no Independência também. Ficamos sem casa. Tivemos que adaptar a outros estádios, ora em Ipatinga e Sete Lagoas. Era um time em formação. Chegou Diego Souza e outros jogadores. A lesão atrapalhou muito. O Vanderlei é um treinador participativo, e ele ficava impossibilitado. A cobrança é grande, ainda mais em um clube da grandeza do Atlético”.

Fabiano fez questão de frisar que chegou ao Atlético antes de Luxemburgo, por indicação de Emerson Leão, e passou o Brasileiro de 2009 fora por conta da demissão do treinador e chegada de Celso Roth, com quem ele havia discutido em 2002, nos tempos de Internacional.

 Jorge Gontijo/EM/D.A Press
“Sempre vai haver uma desconfiança (trabalhar no futebol no time do sogro). Você sempre tem que provar que tem condição. Mas quem pediu a minha contratação foi o Leão. Ele era o treinador na época. Eu me apresentei e houve uma pendência na Fifa com o meu ex-clube, aí fiquei quase três meses sem poder jogar. Ele (Leão) pediu para eu entrar no segundo jogo da final do Mineiro, quando empatamos por 1 a 1, mas o Cruzeiro foi campeão. Logo em seguida, chega o Celso Roth. Tive um problema com o Celso Roth no Internacional em 2002. Eu falei que havia um problema e que não jogaria com ele. O Kalil falou: 'Calma, Fabiano, vamos esperar'. Eu pedi para ser emprestado ao ter que trabalhar com ele. O Leão acertou com o Sport, e me ligou. O Atlético me emprestou para lá. Joguei o Brasileiro em Recife, fiz muitos gols e no outro ano eu voltei para o Atlético. Isso coincidiu com a vinda do Vanderlei (Luxemburgo)”, concluiu.

A possível influencia do grupo na queda de Luxemburgo, fato também citado em entrevista recente do ex-presidente Alexandre Kalil, não foi notada por Fabiano nos bastidores do clube.

“Eu não percebi nada. Os resultados acabaram influenciando. O tal do corpo mole, jogando contra, não existiu para mim. Era uma situação desagradável pela equipe que nós tínhamos. Em nenhum momento vi esse tipo de injustiça com o treinador”, avaliou.

Futuro

A aposentadoria de Fabiano ocorreu na temporada passada, depois que ele defendeu as cores do XV de Piracicaba. Hoje, o ex-jogador, aos 37 anos, vive momentos de indecisão entre a carreira de técnico ou de procurador de jogadores.

“Eu fiz curso de treinador. Recentemente, recebi um convite para montar um escritório de representação em São Paulo com um amigo. Mas sempre fica a dúvida em qual carreira investir. A gente para, lembra das decisões tomadas. Tenho vontade de ser treinador. Neste começo como empresário tenho trabalhado com jogadores em formação. Peneiras no interior de São Paulo e em outros estados. Até o final do ano decido em me manter como procurador ou treinador. Cada dia acordo com uma ideia na cabeça”.

Se o futuro é incerto para Fabiano, o passado foi de experiência precoce e anos no exterior. Aos 16 anos, ele integrou o famoso “expressinho” do São Paulo, ao lado de nomes como Rogério Ceni, Denílson e Jamelli. Ele recorda a oportunidade recebida no momento de transição da base para o profissional.

“Aquilo lá foi uma aposta que a diretoria fez junto com o Muricy. Ele conhecia a maioria dos jogadores, vinha uma base da Copa São Paulo. Jamelli, Rogério Ceni também jogavam lá naquela época. Eu e o Denílson nos destacamos num torneio interno no sábado pela manhã e fomos chamados para ir ao principal, tudo muito rápido. Eu lembro que o São Paulo fez três jogos na mesma semana, o expressinho foi montado da mescla entre base e profissional. Terminamos um jogo, e o Dario Pereyra (técnico do Tricolor no período) conversou comigo e o Denílson. Eu tinha 16 anos e ficamos surpresos. O time principal ia jogar a Recopa ou Libertadores, e tínhamos jogo contra o Grêmio pela Conmebol. Alguns do profissional vieram para compor o elenco. O Juninho Paulista veio para completar. O meu primeiro título foi o da Conmebol, mas fiquei no banco a competição inteira”.

Ajuda ao sogro no Cruzeiro?

As declarações do empresário de Lucas Barrios (paraguaio procurado pelo Cruzeiro, mas que foi para o Palmeiras) e do gerente Valdir Barbosa indicam que Fabiano conversou com o atacante em 2015 para convencê-lo a jogar na Toca. Porém, ele nega que tenha auxiliado nas tratativas com o jogador, e que o contato deles é de amizade, sem nenhuma indicação profissional para o Cruzeiro ou outra equipe.

“O Lucas (Barrios ) jogou comigo no México. E aí ficou essa especulação se ele ia para o Palmeiras ou Cruzeiro. Eu não sei de onde tiraram isso (eu ter ligado para ele para falar de proposta). Joguei com ele, tenho amizade. É muita responsabilidade ligar para o cara tomar uma decisão dessa. Imagina? Eu nunca falei nada. Eu conversei com ele há um mês. Somos amigos e sabia que ele estava largado lá no clube (de saída do Spartak). Sempre tive o intuito de ajudá-lo, mas nunca quis influenciar em ida para algum clube. É normal vincular. Já tentaram falar que eu levei jogadores para o São Paulo e outros clubes. Faz parte. Sei que eu não indiquei para o Cruzeiro".

Veja o que Valdir Barbosa disse sobre os contatos entre Fabiano e Barrios

Fabiano ainda soma passagens pelo futebol mexicano, espanhol e jogou a Olimpíada de Sidney, em 2000, na eliminação do Brasil para Camarões, nas oitavas de final.

“Foi um jogo fatídico contra Camarões. Nosso time era muito forte, tínhamos Alex, Ronaldinho e outros grandes jogadores, uma boa Seleção Brasileira. Enfrentamos Camarões nas oitavas e perdemos no “gol de ouro”, que não voltou a ocorrer em outras ocasiões. Foi o fim do sonho olímpico”.

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