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Do Japão, ex-promessa do Galo relembra duelo contra Messi, gol no Cruzeiro e frustrações

Quirino defendeu o Brasil no Mundial Sub-20 de 2005 e, depois, deixou o Atlético

postado em 29/06/2016 08:00 / atualizado em 28/06/2016 18:18

Emmanuel Pinheiro
Holanda, 28 de junho de 2005. Com um belo gol do já conhecido Lionel Messi, a Argentina vencia o Brasil por 1 a 0, em jogo válido pela semifinal da Copa do Mundo sub-20. Aos 11 do segundo tempo, saía do banco uma das principais promessas do Atlético e da Seleção para tentar mudar o cenário da partida: o atacante Thiago Quirino.

Nos 37 minutos que ficou em campo, o jovem jogador, com apenas 20 anos na época, tentou de tudo. O Brasil até chegou a empatar o jogo, com o meia Renato. Aos 48, no entanto, Zabaleta definiu o placar para a Argentina: 2 a 1.

“O mundial foi uma grande vitrine. Perdemos para o time de Messi, que, apesar de ser mais novo que todos da categoria, já era um fenômeno. Era o Messi do Barcelona, um dos mais famosos do campeonato. Já era acima do normal. Hoje, pessoas se questionam se ele é o maior da história ou não”, conta Quirino, que, aos 31 anos, joga atualmente no futebol japonês.

MICHAEL KOOREN

De volta do Mundial, o atacante seguiu carreira no Atlético - mas já de olho em uma eventual transferência para o futebol europeu. Afinal, já eram mais de dois anos desde a estreia na categoria profissional do clube alvinegro.

O primeiro jogo do atacante no Galo foi em 2003, no empate por 1 a 1 contra a Caldense. Após um primeiro ano de adaptação, Quirino deslanchou em 2004 - temporada em que, segundo ele, marcou os gols mais importantes de sua passagem pelo clube.

O atacante fez o segundo da vitória sobre o Cruzeiro por 2 a 0, pelo Campeonato Brasileiro, num Mineirão encharcado devido a fortes chuvas que atingiam Belo Horizonte.

“O gol no clássico, em 2004, foi marcante. Quando eu era mais novo, eu sempre ia como torcedor aos jogos contra o Cruzeiro. E aí tive a oportunidade de fazer um gol desses, importante, já no segundo tempo”, conta.

Apesar da marcante vitória, a luta do Atlético contra o rebaixamento seguiu até a fase final do Brasileirão. Foi aí que apareceu Thiago Quirino.

“Fiz o gol da vitória contra o Grêmio, fora de casa, na penúltima rodada do campeonato. Junto com o do clássico, foi o mais marcante, porque ajudou a salvar o Atlético do rebaixamento”, lembra.

O descenso, no entanto, foi inevitável em 2005 - ano cheio de altos e baixos para Quirino. “Para mim e para o clube, foi o pior momento que teve na história do Atlético. Mas eu vejo também que, depois do rebaixamento, muitas coisas mudaram e foram consertadas internamente. Há males que vêm para o bem. O time se reestruturou e voltou forte”, diz.

Antes da queda, no entanto, outro “trauma” assolaria a carreira do atacante no meio de 2005. A boa campanha no Mundial sub-20 fez surgir propostas de Real Sociedad, da Espanha, e do Sporting Braga, de Portugal. O sonho de jogar no futebol europeu finalmente se tornaria realidade. Mas…

“Logo após um jogo do Brasileirão, anunciei que estava deixando o Atlético. O presidente (Ricardo Guimarães) me liberou. Assinei minha rescisão e viajei para a Espanha para acertar com a Real Sociedad. Lá em San Sebastián, perto de assinar contrato, recebi a notícia de que o Ricardo não estava me liberando mais”, relembra.

O então dirigente do Atlético havia mudado de ideia. Para o Galo, era mais vantajoso financeiramente que Quirino se transferisse para Portugal.

“Para mim era melhor ir para a Espanha, que é uma vitrine bem maior. Foi muito triste e difícil. Tive que voltar para o Atlético e alguns torcedores ficaram me chamando de mercenário”, lamenta Quirino.

A transferência foi postergada até o início de 2006. O destino? Nem Espanha, nem Portugal - a Suécia.

“Fui para o Djurgarden, que era o atual campeão e é um grande do futebol de lá. Era um time com visibilidade muito boa, já tinha saído jogador para o Bayern e para o Schalke (ambos da Alemanha)”, conta.

Na gélida Suécia, a adaptação do jovem de apenas 21 anos levou tempo. “Vivi dias com até -20ºC, era muito frio. Eu era sozinho, muito novo. O primeiro ano foi de amadurecimento. Aí tive um 2007 muito bom, fiz vários gols e perdemos o título na última rodada. O ano seguinte poderia ter sido melhor, mas aprendi muito”.

Da Suécia, Thiago Quirino começou suas aventuras pela Ásia, em 2009. O destino: Sapporo, uma das cidades mais frias de todo o Japão.

“Eu já estava adaptado ao frio, por conta dos tempos de Suécia. Culturalmente, no Japão, tem uma diferença grande. Mas foi tranquilo. Tenho jogado bem, o pessoal tem carinho por mim aqui. Na minha época de moicano, por exemplo, muitas crianças me imitavam (risos)”, conta.

Do Consadole Sapporo, Quirino foi emprestado ao Daegu, da Coreia do Sul, em 2011. Após rápida passagem por lá, retornou ao Japão, onde, em 2013, começou a atuar pelo Shonan Bellmare.

Foi emprestado para o Al-Shaab, dos Emirados Árabes, e voltou mais uma vez para o Japão - onde quer ficar até o final da carreira.

“Penso em jogar até aos 34 anos, mais ou menos. De preferência, quero ficar aqui no Japão. Gosto muito daqui, meus filhos e esposa estão adaptados. É uma cultura diferente, um país onde tudo funciona perfeitamente”, diz o atacante.

Reprodução/Arquivo pessoal

Apesar do apego ao Japão, Quirino volta com frequência a Belo Horizonte. Além de visitar antigos conhecidos de Atlético, o jogador cuida de negócios na capital mineira.

“Ano passado, abri uma academia. Este ano, vou inaugurar um complexo esportivo. São ramos que não saem do que vivi na minha vida inteira, o esporte é o que sei fazer”, conta.

E, enquanto o final da carreira não chega, Quirino nutre, do outro lado do mundo, uma paixão que o acompanha desde quando era criança: acompanhar os jogos do Atlético.

“O Galo é minha segunda casa. Vivi mais de dez anos por lá e sempre volto. Tenho saudades demais. Vejo jogos, sou torcedor, acordo de madrugada para assistir. E o que é mais legal é que, da minha época para cá, muita coisa mudou. O time evoluiu, a estrutura também. Agora está no lugar que sempre mereceu: brigando por títulos em todos os campeonatos que disputa”, conclui.

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