Atlético
None

DA ARQUIBANCADA

Vai, Kalil, traz o Cuca de volta

Foi a gente elogiar o Leo Silva, e ele me mete um gol-contra, toma o terceiro cartão e nos deixa à mercê de Edcarlos

postado em 23/08/2014 14:00

Fred Melo Paiva /Estado de Minas

Eu não estava entre aqueles que viam com maus olhos a candidatura de Alexandre Kalil. Boa parte da torcida do Galo, porém, achou de botar a culpa na política pelo “abandono” do clube. Se Kalil estivesse se preparando pra ser dentista, físico nuclear ou stripper não levaria tanta culpa pelos maus resultados do time. Mas o sujeito querer ser político não pode – no contexto da semana, apenas Roger Abdelmassih seria vocacionado para a atividade.

Antes, dizia-se que o Brasil tinha 200 milhões de técnicos. Hoje temos 200 milhões de Mírians Leitões – ou seriam Rodrigos Constantinos e Reinaldos Azevedos? Pelo pensamento tosco que viceja, ficaria com os últimos. Para a maioria desse contingente, o político encontra-se ao nível do estuprador, bastando cercar o Congresso com muro, guarita e arame farpado, fazendo brotar no Planalto Central um novo Carandiru. De preferência, que seus internos não tenham direito à defesa, que sejam torturados e fuzilados. Para a metade do Facebook, a problemática do Brasil se resolve com essa solucionática.

O presidente de clube que decide ser político é transformado em canalha do dia pra noite, como se tivesse decidido abrir uma boca de fumo em porta de escola. O mesmo acontece com o artista, o jogador de futebol, o ex-BBB, o palhaço profissional. Se queremos renovação, a participação desse pessoal deveria ser celebrada, e não achincalhada como é. Os Constantinos do Twitter querem um país melhor – tornando crime a política, excluindo as caras novas que dela desejam participar, e fechando o Congresso se for possível. Como diria o Milton Leite, que beleza...

Pois bem, seja como for, o Kalil voltou. Foi ali flertar com a canalhice geral da República, mas graças a Deus está de volta, são (há controvérsias) e salvo “dessa merda de política”, como ele próprio disse. Paulo Maluf que decida sobre o aborto das nossas namoradas, a maconha, a saúde e a educação. Ao Kalil cabe agora tarefa muito mais importante: levantar a crista do nosso Galo.

Kalil tem desafios importantes pela frente. Entre eles, lidar com a maldição da selecinha – que se já tinha baixado no Jô desde antes da Copa, no último jogo atingiu Víctor e Tardelli. Por ter se apossado até do santo, suspeita-se que seja encosto poderoso, do qual só é possível se livrar em sessão de exorcismo.

E que coisa: foi a gente elogiar o Leo Silva, e ele me mete um gol-contra, toma o terceiro cartão e nos deixa à mercê de Edcarlos... Réver, Guilherme e Marcos Rocha estão de volta ao DM. Ao contrário de 2013, quando decidíamos a parada aos 45 do segundo tempo, agora passamos a provar do próprio veneno, levando ferro no fim. Já inclui no pacote do exorcista uma benzedeira pra tirar essa inhaca.

Ainda que haja problemas extracampo, como salários atrasados, o bicho só pega de verdade no Galo quando a gente não ganha. E como não fomos nós em Minas Gerais que nascemos com o fiofó virado pra lua, a gente só ganha se jogar muita bola. E é nesse ponto que a batata do Levir tá assando.

Vai, Kalil, traz logo o Cuca de volta – e a gente vota em você pra deputado, senador, Presidente da República, síndico do prédio, o que você quiser.

Tags: coluna galo atlético colunista kalil levir cuca atleticomg Fred Melo Paiva da arquibancada