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O Maior de Minas Desde 1908

Já somos o sexto time mais popular do Brasil, à frente de Fluminense, Santos, Grêmio, Inter e do fictício Pirangi

postado em 30/08/2014 14:00

Fred Melo Paiva /Estado de Minas

Assim como Gilvan de Pinho Tavares, venho a público repudiar os métodos da última pesquisa Ibope sobre torcidas de futebol no Brasil, em que o nosso Galo aparece à frente do Cruzeiro. Segundo o instituto, o time do Barro Preto tem 6,2 milhões de torcedores. Desafio o Ibope a me dizer onde se escondem. Saddam Hussein foi localizado em um buraco; Roger Abdelmassih estava no Paraguai. Mas, como Wally, seguimos nos perguntando: onde está o cruzeirense?

Segundo Gilvan, encontra-se no interior de Minas. Talvez no interior de minas de carvão, como os chilenos soterrados. Se há 6 milhões de cruzeirenses, então somos 60 milhões de atleticanos. A proporção foi aferida pelo jornalista Rodrigo Vessoni, responsável pela cobertura do Corinthians para o diário Lance!: “Surpresa zero com a torcida do Galo sendo a maior de Minas. Fiquei um mês em BH na Copa e devo ter visto umas 100 camisas contra 10 da Raposa”. Não sei onde ele viu esses 10 exemplares da espécie, mas não questionarei a credibilidade de Vessoni.

Quando o cruzeirense quebrou o recorde de público do Mineirão, liberando a roleta e girando a bagaça de acordo com o número de pernas do sujeito que entrava, registrou 130 mil torcedores. Imagens do jogo mostram grandes clarões na arquibancada. Reconheço que poderia haver pelos menos 50 mil nos banheiros, afinal era jogo do time do barro preto. Mas, hoje em dia, quando vejo um estádio repleto de cruzeirenses, lembro da época em que trabalhei na redação de Playboy: o photoshop faz milagres que até São Victor duvida.

Circula na internet a insuspeita gravação em que uma autoridade do Procon questiona os proprietários de um estabelecimento comercial chamado “O Maior de Minas”, especializado na venda de produtos do Cruzeiro. Claro que se trata de propaganda enganosa, visto e comprovado que o maior de Minas é o Galão da Massa. O responsável pela loja defende-se: “É um nome fantasia”. E passa recibo daquilo que digo faz tempo – o cruzeirense é uma ficção, coisa da nossa cabeça. Fantasia.

Fato concreto é que o Maior de Minas Desde 1908 renegociou suas dívidas, meteu o ferro no Internacional, e teria atropelado o Palmeiras no Pacembu não fosse o goleiro deles em noite de São Victor. Aliás, o santo parece ter renegociado sua dívida com Deus, voltando à velha forma e defendendo com o olho o pênalti inexistente. Todo batedor que tem Victor pela frente é um pouco Riascos.

Foi uma semaninha realmente gloriosa. O Galinho bateu o Inter em virada espetacular, passou o rolo sobre o Figueirense, e vai aprendendo a rezar na cartilha: “In Horto incidit, mortus est”. Joga hoje a final da Copa BH contra o América, às 21h30. O Galo é a versão futebolística do MTST, o aguerrido movimento dos sem-teto: embora não seja de papel passado, é dono do Independência desde Ubaldo. Pra reaver o imóvel, pelo menos por esta noite, o Mequinha terá de dobrar Carlos, Eduardo e Dodô, nossas joias raras. É ruim.

Amanhã o Galão pega o Coxa, pra colar no G4. Quarta tem o Palmeiras no jogo de volta da Copa do Brasil. Enquanto os grandes entregam o ouro, nesse 7 a 1 que não tem fim, o Galo afia as esporas. Dentro de campo, só o Pirangi do Sul tem jogado mais bola. Fora dele, já somos o sexto time mais popular do Brasil, à frente de Fluminense, Santos, Grêmio, Internacional e do próprio e fictício Pirangi. E tem mais: eu tô achando que o Vascão num vai aguentá!

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