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FRED MELO PAIVA

Um de Conceição, dois de Jô

"Desde que o campo do Mineirão foi rebaixado na reforma para a Copa, retirou-se de lá, em meio a toneladas de terra, a cabeça de burro enterrada"

postado em 20/09/2014 12:00

Fred Melo Paiva /Estado de Minas

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press


Amanhã é dia de clássico – uma boa hora para lembrar algumas verdades inconvenientes à minoria que estará em maioria no Mineirão, nosso salão de festas, graças às autoridades que inventam jogo de uma torcida só e contribuem burramente para a cultura da divisão e do ódio. Vamos aos números.

O Atlético venceu o Cruzeiro em 194 oportunidades; o Cruzeiro ganhou do Galo em 161. O Atlético fez 688 gols no Cruzeiro; levou 613. Foram 16 goleadas do Galo, contra cinco da freguesia – a maior delas, o 9 a 2 eterno (houve dois 6 a 1 ao nosso favor). Quando algum título esteve em jogo, levantamos a taça 74 vezes; eles, 63. Em suma, nem o cruzeirense recém-nascido, mesmo que venha a ser mais longevo que um jabuti da Amazônia, jamais cantará de galo nas Minas Gerais. Não nesta vida.

Desde que o campo do Mineirão foi rebaixado na reforma para a Copa, retirou-se de lá, em meio a toneladas de terra, a cabeça de burro enterrada. E o nosso azar, naquele maldito endereço, acabou. De lá pra cá, ganhamos a Libertadores, a Recopa e um Mineiro. Que só não foram dois porque o adversário atuou com um ponta avançado, também conhecido como bandeirinha.

Ao contrário de nós, o Cruzeiro sofre no Mineirão desde o Sonho de Uma Noite de Verón. Talvez por isso, seu torcedor reluta em comparecer ao estádio. Sobrando no campeonato, dando sempre a sorte daquele que não apenas nasceu com o fiofó virado pra lua como parece mesmo ter a mesma dentro do dito cujo, o Cruzeiro levou apenas cerca de 20 mil testemunhas ao último jogo. É o público médio de Atlético e Uberaba quando jogávamos naquelas plagas.

De modo que se há um favorito, a despeito de não haver um nos clássicos mundo afora, este favorito é o Galo. A despeito de Levir Culpi, que entende de fazer substituições como japonês entende de samba. A despeito também do nosso infalível Emerson Conceição, aquele que nunca falha em sua capacidade de errar. O Atlético não pode ter comprado o Conceição – foi o Conceição que comprou a vaga na lateral. E fincou pé como se fosse membro do MTST em prédio do Centro de São Paulo. Para retirá-lo, só chamando a Polícia do Alckmin, com suas bombas de alvejar idosos, crianças e gestantes.

O Cruzeiro no caminho do Atlético sempre foi uma dádiva, um presente que às vezes parecia caído do céu. E tanto pior estava o Galo em relação ao time do Barro Preto, tanto melhor nos dávamos. Foi assim quando Dinho, espécie de Conceição da lateral direita (desculpe, Dinho, pela comparação), partiu com a bola como se fosse um Messi. E marcou ao estilo Cristiano Ronaldo.

Foi assim nos 4 a 0 em que Vanderlei viu o Fábio pelas costas, não sem antes Danilinho ter-lhe aplicado o melhor dos chapéus, um verdadeiro Panamá. Na saída do campo, Fábio concedeu a mais hilária entrevista de um jogador de futebol a respeito de sua atuação. Teria sido convidado de Marília Gabriela caso o seu programa fosse De Costas com Gabi.

E nem vamos falar daquele 4 a 3 em Uberlândia, quando o mando de campo era da freguesia mas quem pediu o hino do Galo no Fantástico foi o Obina. Deixa o Obina quieto – quem já perdeu 21 pontos, mesmo que na carteira de motorista, sabe a dor que é.

Arrisco o placar: um de Conceição, dois de Jô. Aí o Levir faz as substituições, a gente toma dois – 3 a 2 pra nós. Tá de bom tamanho.

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