Atlético
None

DA ARQUIBANCADA

Que assim seja

'O Campeonato Brasileiro é a obsessão do atleticano. Sonhamos uma vida inteira com ele e acordamos como o Kalil, abraçados na taça da Libertadores'

postado em 23/05/2015 08:00

Ed Alves/CB/D.A. Press


Acordo na sexta-feira com a notícia de que supostamente teria havido um jogo do Crüzeiro na noite anterior e que, aparentemente, o time do dia seguinte das minhas tigelas de açaí – também conhecido por time do Barro Preto – teria vencido a suposta peleja.

A vítima seria, por suposto, o River Plate. Bem feito. Porque faz coisa de quatro ou cinco dias, mandei mensagem aos argentinos, na linguagem universal dos adesivos de carro da Amway: “Querem ganhar? Pergunte-me como”. Não tiveram sequer a educação de responder à generosa oferta deste atleticano conhecedor da freguesia. Que se danem.

Nos dias atuais, qualquer campeonato de futebol que não tenha Galo se resume a duas possibilidades: ou vai dar calo no olho ou é Champions League. Sem os nossos roteiros de Hollywood, vira tudo cinema iraniano, tudo filme brasileiro com Lei Rouanet e patrocínio captado pela metade. Aquele lenga-lenga, aquela pobreza... E muito antes do apito final, já estamos dormindo o sono dos justos, mesmo que injustiçados.

É por isso que, sem clubismo algum, eu afirmo: não há mais Libertadores, tudo o que importa é o Campeonato Brasileiro. Sem Atlético, o embate sul-americano converteu-se literalmente numa merda, haja vista o confronto que se avizinha, entre Barro Preto e Santa Fezes.

Da minha parte, fico achando que tá tudo escrito nas estrelas. Eu e a Tetê Espíndola. Ano passado, saímos da Libertadores pra ganhar a Copa de Todas As Copas, daquele jeito que nem o Alzheimer nos fará esquecer. Em 2015, bobeia com nóis e levantamos a tríplice coroa: um mineiro, um The Voice e um Brasileiro.

O Campeonato Brasileiro é a obsessão do atleticano. Sonhamos uma vida inteira com ele e acordamos como o Kalil, abraçados na taça da Libertadores. Essa obsessão nada tem a ver com as conquistas recentes do cliente preferencial, VIP Gold Mega Blaster. Ela é fruto de anos e anos de sofrimento, azares monumentais e sacanagens de todo tipo. Tá na hora de Deus acertar essa conta com a gente, ou seremos obrigados a enviar seu santo nome para o SPC.

Em duas rodadas, ainda que o nosso Galo tenha estreado com o time reserva, fizemos os dois melhores jogos do campeonato. No domingo passado lamentei pelo meu cunhado, torcedor do Fluminense e morador de Brasília – ou seja, testemunha ocular (é oftalmologista) de um passeio que até ficou de bom tamanho. Porque, com um pouco mais de sorte, esse passeio poderia facilmente ter se transformado numa excursão.

Campeonato Brasileiro é exercício de paciência. Para o deleite da clientela, diria que é como catar milho – devagar e sempre, você vai escrevendo a história no modus operandi daquele sujeito que só digita com os indicadores, sem saber ao certo onde se encontram as benditas letras do teclado (e, portanto, “cata milho”, no jargão das extintas escolas de datilografia). Não pode desanimar nem perder o foco.

Amanhã é apenas o terceiro embate de uma luta que só termina em dezembro. Contra o Atlético do Paraguai, o verdadeiro Atlético tem a chance de ganhar fora de casa e engrenar uma sequência que será fundamental lá na frente – quando Deus, então, terá a chance de quitar duas duplicatas de uma vez, entregando a taça ao Galo e a lanterna a quem, desde já, tem iluminado nossos caminhos. Que assim seja!

Tags: atleticomg coluna galo brasileiro seriea libertadores da arquibancada fred melo paiva Que assim seja