Quem tem Victor tem tudo. Não, essa frase é do groove – “quem tem groove tem tudo”. Quem tem Victor tem muito mais: quem tem Victor tem Deus.
A Copa do Brasil 2014 foi a nossa desforra contra os gigantes. Sobretudo contra Corinthians e Flamengo, os times da Globo e da CBF, do poder e da máfia, de Lula e Eduardo Cunha.
A Copa do Brasil 2016 é a vingança contra os pequenos. Ao eliminar Ponte e Juventude, tiramos da reta os criciúmas da vida, os goiases que tanto nos atormentaram nos tempos das vacas anoréxicas. Vade retro, seus projetos de Satanás!
No pasto em que se disputou a peleja de ontem, o Galo não foi bem. E o atleticano calejado, carcomido por dentro pelas tragédias de outrora, desconfiou que essa linda Juventude talvez não fosse a página de um livro bom.
Houve até um gol dos caras, ao meu ver legítimo, anulado pelo bandeira. Quando isso ocorre – fenômeno raro como um Cometa Halley – é sempre bom frisar que o Galo não rouba ninguém: é a vida que devolve aquilo que surrupiaram da gente.
Justamente ontem fui submetido a um exame do coração e obrigado a passar 24 horas ligado a um holter, aparelho que registra a frequência cardíaca. Fiquei com medo de chegar hoje ao hospital e me levarem direto para a mesa de cirurgia. “Não é infarto”, teria de me explicar, “é Atlético Mineiro”.
Coração de atleticano é máquina resistente – só uma atleticana é capaz de amolecê-lo. Resiste ao Carioca e ao Clayton em noite de Emerson Conceição. Mas se enche de esperança com Gabriel, esse Jemerson melhorado, e com a estrela de Cazares. Coração de atleticano perdoa tudo quando o Galo ganha.
E a vitória começou a se desenhar mesmo foi quando o torcedor do Juventude gritou “Eu acredito” antes dos pênaltis (meu holter já explodindo igual celular da Samsung). Não aprendem: ao evocarem nosso mantra mais sagrado, acordaram o homem lá em cima. Aquele que de Fiel não tem nada – é 100% Galoucura.
Quem tem São Victor tem tudo. Quem tem São Victor tem Deus.