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COLUNA DO JAECI

Jogos contra os fortes

Sou da filosofia de que futebol é momento, o que vale também para os técnicos

postado em 14/09/2014 14:00

Jaeci Carvalho /Estado de Minas

Conforme informei na coluna de sexta-feira, o presidente da CBF, José Maria Marin, cobrou da Pitch, empresa argentina responsável por marcar amistosos da Seleção Brasileira, que programe um contra a Alemanha o mais rápido possível, pois acha que só enfrentando adversários de primeira linha se poderá avaliar o estágio em que o time se encontra. Realmente, vivemos criticando jogos caça-níqueis, que nada acrescentam, mas pegar os alemães agora pode ser uma faca de dois gumes. Corremos o risco de ser goleados novamente, embora muitos digam que aqueles 7 a 1 jamais se repetirão. Tenho dúvidas, partindo da premissa de que a equipe de Dunga é praticamente a mesma daquele desastre no Mineirão. Não imagino outro 7 a 1, mas num 3 a 0 ou 4 a 0 se os germânicos entrarem completos e atuarem em casa.

Já opinei sobre o que penso para a Seleção. Para mim, Dunga deve escolher dois times do país como base e aproveitar ao máximo seus jogadores, em busca de conjunto e qualidade. Hoje, não há como negar, a referência é o Cruzeiro, que tem, pelo menos seis nomes em condições de vestir a amarelinha: Mike, Dedé, Lucas Silva, Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e o injustiçado Fábio. Mas o técnico prefere dar chance a Oscar, que não consegue nem ser titular do Chelsea, e se apega a David Luiz, ótimo no marketing e em cantar o hino. Por essas e outras, muita gente torce contra. Tenho amigos que não estão nem aí e só se importam com Galo e Raposa.

Todos sabem que meu treinador não seria Dunga. Sou fã incondicional de Vanderlei Luxemburgo, não é novidade para ninguém, mas hoje daria o cargo a Marcelo Oliveira, que joga para a frente e valoriza o bom futebol. Sua equipe faz muitos gols e ele mostra evolução muito grande na carreira. Sou da filosofia de que futebol é momento, o que vale também para os técnicos. O cruzeirense se encaminha para ser campeão brasileiro novamente e da Copa do Brasil, com trabalho espetacular. Com o Cruzeiro elogiado em todo o país, não vejo motivo para não ser Marcelo o treinador da Seleção. Se Dunga virou opção agora, por que não foi mantido entre 2010 e 2014? Torçamos para que dê certo. Ver o Brasil jogando bonito é o que interessa.

Saudosista, adoro conversar com Júnior, ex-lateral da Seleção, que conhece futebol como poucos e jogou muito. Não à toa, onde chega, posa para fotos, dá autógrafos e é obrigado a falar da mágica equipe de 1982, que ficou na história como uma das mais importantes. Viram como nem sempre é preciso ser campeão para ter reconhecimento? Já a de 1994 conquistou o primeiro Mundial decidido nos pênaltis e nem por isso é tão lembrada. Tem gente que nem sabe sua escalação. Só se lembra de Taffarel, Bebeto e Romário.

Júnior sabe que o futebol mudou e não é mais um desfile de craques. Mas o que decide ainda é o talento, isso nunca vai mudar. Os técnicos podem deixá-lo feio, repleto de brucutus, com a mediocridade que vemos, mas sempre surgirá um Neymar, um Éverton Ribeiro, um Paulo Henrique Ganso, um Philippe Coutinho para puxar as rédeas e dizer que mais vale a arte, o talento, a jogada diferenciada. Vivemos no Brasil uma mesmice sem tamanho, com treinadores ricos, que jamais venceram um título importante, cheios de filosofia barata. Também, com o nível dos dirigentes, não dá para esperar coisa melhor. São medíocres, com exceções como as de Alexandre Kalil e Gilvan de Pinho Tavares.

Por falar nisso, nada como um dia depois do outro. O presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, disse que “o Cruzeiro não pagava a ninguém e os jogadores não queriam atuar lá”. Mas quem está sendo acusado de não pagar salários em dia e dar o cano na praça é seu próprio clube. Que da próxima vez seja mais prudente e fale menos besteiras. O Cruzeiro, referencia no futebol e em organização, está anos-luz à frente da maioria e caminha a passos largos para novas conquistas, com time para mais três ou quatro anos. A lamentar as possíveis saídas de Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart na janela de janeiro. Com a Seleção, a projeção aumenta e logo haverá interessados batendo na porta da Toca. O clube, porém, é mestre em repor destaques à altura.

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